RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sábado, Abril 27, 2024

Sintonizando na Rádio Kandahar

Vamos falar dos dias 10, 11 e 12 do Julgamento.

“Não nos era permitido falar das feridas internas da guerra. Não era permitido preparar-mo-nos para as enfrentar.” 

General Loree Sutton

Começo com a citação acima para saudar que tal prática repressiva nunca tenha sido impingida aos envolvidos, sendo que pelos vistos a abordagem oposta também falhou, pelos traumas profundos e verdadeiros manifestados, os quais poderiam e deveriam ter sido acompanhados em consultas de especialidade e medidas de segurança duradouras. Infelizmente, tal não se verificou.

O facto mais relevante nos dias de julgamento desta semana foi, finalmente, a entrada em cenário de guerra – o próprio já assim o definira – de Frederico Varandas. Finalmente foi avistado no epicentro da acção por alguém, nomeadamente pelo amigo, colega de profissão e de clínica privada (ComCorpus Clinic) Virgílio Abreu. Ainda, também por alguém cuja palavra é mais diminuta que a estatura, como iremos ver.

Os avistamentos, daqui em diante, serão previsivelmente mais frequentes, pois é notório existirem directrizes que são concertadas com algum advogado, as quais são seguidas dentro do possível: acabam sempre desmascaradas no detalhe, comparação, pelas declarações anteriores (depoimentos GNR, declarações públicas), e na inquirição dos restantes advogados, que não o do clube.

A análise ao que foi dito pelos jogadores, será tão breve quanto possível. Todos apontam à existência de um pequeno grupo de jogadores que despertava mais ira, o que não pode ser dissociado de: relações pessoais (jogadores conheciam pessoalmente alguns “invasores”, o que é comprovado com contactos telefónicos /mensagens, e ainda o cumprimento a Rafael Leão); atitudes e insultos mútuos no aeroporto da Madeira.

As versões sobre a porta do balneário são uma confusão e existem para todos os gostos. Ora estavam abertas, ora quase fechadas, ora estavam com dois indivíduos a guardar, ora com três, ora estava lá Ricardo Gonçalves à conversa, ora não estava, ora ninguém podia sair, ora ninguém tentou, ora entrava staff entretanto, ora é porque pareciam invisíveis (Virgílio) e por isso atravessaram… portas bloqueadas (?).

Todas estas discrepâncias espectaculares apontam involuntariamente para a resposta certa: a que, a todo o custo, se evita assumir, sendo essa a directriz pedida.

Vamos prosseguir. É bom notar que agora toda a gente viu o cinto em Misic (Max, Wendel, Mathieu… ). Se recuarmos aos depoimentos iniciais na GNR, verificamos que o próprio e apenas mais um, nenhum dos supracitados, o refere. Sobre o que isso indicia já foi falado: concertação. No entanto, até em relação a esse possível toque com o cinto, havendo apenas um indivíduo referido que deu uso a tal arma, existem várias versões sobre a suposta agressão: cabeça, cara, costas. Qualquer prova é ainda inexistente (relatório médico, fotografia, ferida).

Destaco relativamente a Max, que só viu boas intenções em Bruno de Carvalho nas reuniões que envolviam a preparação de futuro, face aos objectivos já falhados pela equipa e aos problemas que se verificaram com adeptos na Madeira. Por exemplo, Podence que rescindiu a reboque de Jorge Mendes e em concertação com alguns colegas, retirando um enorme benefício financeiro com tal acção vencedora, face ao afastamento do então Presidente, e só não apelidou Bruno de Belzebu porque o tribunal não tinha um crucifixo.

Max refere que a tocha “atingiu” (as aspas serão explicadas noutra altura) Mário Monteiro, aparentemente de forma acidental, tal como Nélson descreveu. No entanto, até aqui, volta a não ser referido o homem (Frederico Varandas) que a evadiu num acto tão heróico quanto cinematográfico. Recordo que na saga Predator, os caçadores alienígenas tinham a habilidade de se tornarem invisíveis.

Perguntado especificamente a Max se vira Frederico Varandas nesse dia, afirmou que sim, mas se dentro do “vestiário” respondeu “não me recordo…”

Wendel repetiu o novo uníssono (os alvos dos “invasores”), mas sofreu diversas falhas de memória quando especificidade era pedida, algo que a própria juíza assinalou. Sobre as discussões acesas na Madeira, reuniões, também não se recordava. Segundo ele, a invasão durou apenas 5 minutos.

Convém, no entanto, referir o seguinte, após intervenção da juíza e mais questões, prestem atenção: “Ao Battaglia não vi nada, ao Rui Patrício não vi também. Não me lembro de como estava vestido o indivíduo que me bateu, nada. Depois de saírem fiquei sempre dentro do balneário. O Bas Dost ficou com o corte na cabeça, mas não me recordo de outras marcas em jogadores.” (Observador)

Vou repetir a última frase, porque existem outros testemunhos neste sentido: “O Bas Dost ficou com o corte na cabeça, mas não me recordo de outras marcas em jogadores.”

Mathieu seguiu novamente as linhas gerais, sendo que o destaque foi para o trauma e o receio de que tudo se repita, algo que tem sido cada vez mais vincado. No entanto, verificamos que até agora nenhum dos elementos que reclamam tal trauma, procederam a um reforço equivalente à ameaça sentida na sua segurança, nem, até agora, a qualquer tipo de acompanhamento psicológico/psiquiátrico, para assegurar uma vida saudável e risonha dentro e fora do campo. Tal foi o caso também de Mathieu, cujos hábitos permaneceram iguais. 

Bruno de Carvalho pareceu calmo nas reuniões, segundo ele, não tendo também sentido nada de diferente na relação com os adeptos no pós-Madrid.

De assinalar ainda que, apesar de ter visto Frederico Varandas “depois da confusão”, não o viu a tratar ninguém nem qualquer feito digno de menção. Não teria ainda sintonizado na Rádio Kandahar.

No dia seguinte, foi a vez de Vasco Fernandes (secretário técnico), Ristovski e Bruno Fernandes. 

Vou começar pelo macedónio.

Aviso desde já que a frase (mais de uma mediática subentendida, mas o foco será na mais destacada) que vou abordar de seguida poderá ter sido deturpada na alegada afirmação pela CS. Pelos inúmeros artigos que dizem “Risto ouviu esta frase: vamo-vos matar!”, irei fazer de conta que assim foi dito em tribunal, por agora. Caso não tenha sido assim, e dependendo das transcrições existentes do julgamento, seria mais uma acção mediática pré-programada. Aviso feito, com fonte para tal, vamos à(s) frase(s) do dia.

Tendo chegado há menos de um ano a Alvalade, congratulo-me por Risto ter percebido tão bem as frases ditas em português pelos “invasores”, no meio de confusão e com um alarme a soar, onde outros houve que quase nada conseguiram discernir, tal como já foi afirmado em tribunal. A frase “Vamo-vos matar! (…) ” voltou assim a ganhar ênfase, após fazer parte da tese inicial do Ministério Público e consequentes manchetes em 2018. Pergunto-me se tais frases bombásticas constam do depoimento que Ristovski fez à GNR na altura, para aferir se foi a pedido, e o mesmo se aplica a outros.

Apesar disso, gostava de referir que os “invasores” foram absolutamente incompetentes em tal propósito pela falta de armas mortíferas, fazendo lembrar a incompetência dos talibãs no deserto de Kandahar, os quais sucumbiram à Antena 1.

Além do trauma que persiste, sem ser dada uma sequência natural (segurança, consultas), lançou ainda mais uma versão sobre a porta do balneário, desta vez protagonizada por jogadores que a tentavam fechar, apesar de jurar posteriormente, de forma hilariante, que estes ficaram de braços cruzados e sentados à espera de serem agredidos.

Por último, Risto viu ainda feridas não numa, mas em três cabeças: Misic, Bas Dost e Montero. Uma novidade que, ano e meio depois, ficámos a saber. Aguardamos por imagens ou relatórios médico-forenses, pois se estava tanta gente a usar telemóvel, como Virgílio Abreu (e Varandas publicamente) mais tarde veio à dizer, pelo menos imagens devem existir. Digo eu, pois censura na divulgação é que não houve, a não ser que não houvesse mais nada para mostrar.

Vasco Fernandes confirmou algo que já era sabido, apesar de ignorado mediaticamente: a somar aos conhecimentos pessoais de outros jogadores, Rafael Leão foi saudado e cumprimentado. Claro que, após essa pausa de cortesia, prosseguiram a violenta entrada a passo em território  aberto, acompanhados na frente por um interiormente desesperado chefe de segurança e outros elementos do staff.

Sobre a porta, tentou, mas foi incentivado a não a fechar por Petrovic e Raúl José. É uma pena que não existisse ninguém disposto a fazê-lo, tal era a vontade que vários já manifestaram verbalmente. Relembro existirem outras portas pelo caminho que também toda a gente queria fechar, mas tal não foi feito, sendo até abertas, mas Ricardo Gonçalves à frente do pelotão e restante staff (ver CCTV) seguramente queriam o contrário. Refiro ainda que Raúl José, se olhasse para o exterior, teria visto Jorge Jesus em convivência a apontar o caminho, em lugar de temer pela vida do colega. 

Partilhou uma história reveladora de como Jesus Jorge estava sempre a marcar tudo à última da hora e trocava de ideias, sendo informado da hora de treino pelo treinador. Entendeu que o contexto das reuniões e das frases se prendia com o iminente abandono de Jorge Jesus do comando.

Viu ainda Jorge Jesus ensanguentado no nariz, sendo que a única pessoa que até agora tal referiu foi Nuno Torres numa entrevista, mas… no lábio. Exactamente na mesma cena, Paulo Cintrão nada viu no então treinador.

Por essa razão, as descrições dele de potenciais agressões no balneário e incongruências das mil versões, vão ser aqui ignoradas. Não se recorda também do autor do vídeo viral.

Por último nesse dia, Bruno Fernandes. 

Neste caso, confirma que Vasco Fernandes tentou fechar a porta. Defendeu Ricardo Gonçalves na sua actuação no balneário. Falou de agressão nas costas de William Carvalho, quando o próprio referiu à GNR somente  “socos no peito” (só um exemplo, pois posso colocar um número impressionante de discrepâncias, que incluem face e baile de pancada. Apenas sei que na selfie um par de dias depois, estava sem uma única marca, inflamação ou pisadura).

Referiu como segurou a máquina do gelo, cujo garrafão, em vez de cair e por exemplo “embater num braço”, já foi narrado como tendo sido olímpica mente projectado para: as costas de Battaglia; as costas e cintura de Battaglia; Battaglia e Montero; e, finalmente, para a “zona dos braços” de Battaglia (Bruno Fernandes). No dia seguinte, Rui Patrício viria a somar-se às versões, pela boca de Podence. Existe especulação de que os “invasores” terão levado um conjunto de garrafões de 25L para o interior da Academia, não fossem ter sede pelo caminho.

Repetiu as frases bombásticas do dia. Disse que viu Bas Dost a levar pontos sem concretizar (mais se saberá sobre isto, se é verdade ou não um aspecto crucial, mas vou ser amigo e aconselhar cepticismo). Viu sangue na boca de JJ, algo do que já mencionei e que não tem corroboração excepto por… Nuno Torres. E referiu por último: “ninguém me tocou.”

No restante, seguiu o guião: terror ainda hoje, não tomou medidas equivalentes, os colegas nada fizeram excepto serem receptores passivos de fúria, a frase maligna “aconteça o que (…)”, e amnésia sobre a autoria do vídeo em que aparece a olhar pasmado para o autor, enquanto cobria as cuecas.

Vamos ao último dia de julgamento (12), que acabou por ser o mais relevante. Peço a todos para pegarem num rádio portátil e sintonizarem na Rádio Kandahar.

O pequeno Podence afirmou que viu Frederico Varandas a suturar Bas Dost. No entanto, num áudio no programa Sporting160, o próprio Varandas afirma “nem fui eu que suturei Bas Dost.”

Referiu que William Carvalho foi directo à porta, o que é surpreendente visto todos terem “ficado sentados à espera das agressões “, não foi assim? Só consigo conceber uma projecção espiritual. 

O garrafão de água entrou em cena para atingir uma única e nova vítima, desta vez Rui Patrício, somando às versões anteriores. 

Ao amigo William Carvalho descreveu um baile de pancada que costumava ser dado pelo duo Bud Spencer e Terence Hill, nem William se atreveu a ir tão longe. 

Um detalhe chamou-me a atenção, pois de vez em quando uma informação útil passa inadvertidamente, sobre os que não têm de ter alguma confirmação incongruente de violência: “O Gélson Martins ficou sentado e não lhe tocaram.”

Recordam que na carta de rescisão de Rui Patrício, este refere que Gélson foi avisado, mas que não viu a mensagem até depois? 

Juntem as duas peças agora. Demasiados elementos apontam para conhecimento prévio.

Entre exageros, mentiras e algumas fantasias, Podence menciona que as portas ficaram todas partidas, algo já desmentido em tribunal por elementos da GNR.

Refere ainda uma coisa muito grave: “não estávamos com ele/do lado dele” (Bruno de Carvalho), antes dos eventos de 15 de Maio. Sendo funcionários e profissionais, estavam com quem? Quem estava a liderar o lado oposto a quem defendia o clube naquele momento? O que fizeram por não estarem com a liderança do clube?

Chegamos finalmente a Virgílio Abreu, o médico que aparece do lado direito da fotografia mais popular de 3 difundidas, colega de profissão e na ComCorpus Clinic de Frederico Varandas. Pelas declarações percebe-se que na Clínica, a presidência não era nada popular, o que levanta o véu sobre diversas acções que poderão ter ocorrido antes do poder mudar de mãos.

Não sabe quem tirou as tais fotografias, apesar de posar para as mesmas e autorizar (o paciente é dele), mas sabe que não foi Frederico Varandas, e que ele nem tirou qualquer foto nesse dia, mesmo interagindo com ele apenas por um período curtíssimo. Estranha afirmação. 

Sobre Gonçalo Álvaro, a nossa amiga amnésia entrou novamente em acção.

Ao contrário da maioria, não percebeu o teor das reuniões em Alvalade, apenas vincou de variadas formas que não gostou nada, cobras e lagartos, e que ficou com suspeitas. Suspeitas essas que o levaram a avisar Frederico Varandas para cancelar consultas e estar presente no dia seguinte na academia pela tarde.

Tudo muito, muito estranho, a funcionar quase que como um álibi para a presença de Frederico Varandas no local de acção, onde tantas falhas e fugas se perpetraram. A este respeito, aconselho a leitura do artigo no Rugido Verde, “Medico Desaparecido em Combate”, que explora com mais afinco toda esta inusitada temática.

Foi igualmente pela boca de Virgílio Abreu que Frederico Varandas voltou a brilhar, esquivando-se a uma tocha a si dirigida, a qual acabou por “embater” em Mário Monteiro. Recordo que em várias descrições desse momento, até agora, o nosso herói não fora avistado. Prevê-se que a partir deste momento os avistamentos de tal façanha sejam mais frequentes.

No entanto, Virgílio Abreu referiu ainda ter sido ele mesmo a acompanhar, sozinho, Bas Dost até à “sala de pequena cirurgia“. Recordo que no áudio do programa Sporting160, Frederico Varandas afirma ter sido ele a levar Bas Dost com outro elemento (R. Duarte). Esse programa deve ter escapado a Virgílio Abreu e a Frederico Varandas, mas nada se esquece na Internet.

Assim chegou ao final outra semana do julgamento. Sintonizados na Rádio Kandahar, após tantas frequências diversas de má qualidade, seguir-se-ão novos ajustes na história. Com a ajuda de depoimentos anteriores, inconsistências, contradições, mentiras detectadas, e invenções criativas, cada vez se ouve melhor o som do que realmente se passou – e do que não se passou. 

Por mais que se gritem frases bombásticas e se encham notícias com as mesmas. 

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Comments

  1. GreenMarquis

    Apenas um detalhe que parece estar a escapar a muita gente. Um garrafão de 25 litros é muito pesado.
    Se for alguma besta até posso aceitar que tenham atirado aquilo pelo ar, mas uma pessoa normal não consegue fazer muito mais do que levantar aquilo do chão e enviar na máquina. Atirar pelo ar está completamente fora de questão…. a não ser que esteja vazio. E nesse caso não doi.
    Se por acaso os 25 litros fossem atirados contra alguem, essa pessoa iria parar ao hospital.

  2. Henrique Morais

    Deixem o julgamento à justiça e apoiemos todos o Sporting.

    1. Luís Custódio

      Grande texto a desmascarar os mentirosos ! Mas creio que isto não irá ficar por aqui a missa ainda nem vai a meio e não se deslumbra nada de bom para o herói de Kandahar!

    2. Rissol do Avental

      Continue a pregar, pode ser que algum dia lá chegue