Neste dia… em 1976 – Sporting de Hagan obrigou o Benfica a andar de «gatas»…
A 1º Jornada deste «Nacional 76/77», o 43º que se disputa, «Ligas» incluídas, teve o condão de oferecer ao público, o grande «derby» do futebol português.
Com um estádio a rebentar pelas «costuras» (o jogo começou atrasado porque a multidão era tanta que quase entrava pelo relvado), e contra tudo o que seria de esperar, uma equipa bateu por resultado concludente, a sua opositora, cabendo essa honra ao renovado Sporting de Jimmy Hagan.
Não sabendo aproveitar as oportunidades na 1.º parte, a mais flagrante a de Shéu com toda a baliza aberta, os «encarnados» acabaram por dar o flanco no decorrer de toda a segunda metade do encontro, onde o Sporting, com Keita e Manuel Fernandes em bom plano no ataque, desbarataram, totalmente, a defensiva visitante.
Como primeira impressão, o Sporting mostra-se neste início de prova com uma preparação física deveras adiantada, ou não estivesse lá Hagan, a dizer-nos que o título irá ser bastante discutido pelos «leões» contrariamente ao que muitos antes pensavam.
Quanto ao Benfica deu-nos a sensação de mal preparado. As quedas constantes de jogadores seus, na 2.º parte, queixando-se de cambras, diz bem que qualquer coisa está errada na preparação da equipa campeã nacional.
Também a falta de um homem golo foi notória, especialmente durante os primeiros 45 minutos. Jordão foi saudade, bem como Vítor Batista, este a parecer-nos a única solução para o futuro.
Ficha:
Arbitragem de Porém Luís, auxiliado por Domingos Galaio e Aguiar Monteiro (Leiria).
Sporting: Conhé; Inácio, Laranjeira, Mendes e Da Costa; Vitor Gomes (Camilo), Fraguito e Baltasar; Manoel, Manuel Fernandes e keita.
Benfica: Bento; Artur, Barros, Bastos Lopes (Eurico) e Pietra; Toni, Vitor Martins e Sheu; Nené, José Domingos (Diamantino) e Moinhos.
Golos: Manuel Fernandes (60′), Camilo (75′) e Baltasar (85′) (Sporting)
Perante uma magnífica lição de arbitragem (Porém Luis a isso é sempre obrigado) o Sporting recolhia uma trovoada de aplausos: desgastara o adversário e, por fim, prendia-lhe uma caçarola à cauda.
Conhé teve apenas o lapso de esmurrar o vento num corte em branco: tirando isso, foi impecável. Da Costa, Laranjeira e Mendes suplantaram Inácio em estilo, mas ficaram iguais em entusiasmo. Ao nulo de Vitor Gomes e Fraguito correspondeu o brilho de Baltasar e Camilo, para lançar excelentemente um diabólico chapéu de três bicos (Keita, o esteta; Manoel, o sacrificado; Fernandes, a raposa do deserto) que, enfiado como carapuça em toda a santa gente benfiquista, era permanente pesadelo e enxaqueca.
Houve cartões amarelos (Artur, Nené, Baltasar): mas nem uma só vez ardeu o festival. E, quando a noite dizia adeus ao calendário, a malta regressava a penates entre duas situações de ânimo: euforia verde ou cabeça baixa. Uns, nunca imaginaram saborear tão belo petisco ao fim do dia. Outros, os de orelha murcha, marchavam carregados ao peso de uma verdade: com fôlego só para duas voltas ao quarteirão, ninguém pode correr ao lado de amigalhaços do Lopes.
Vitória certíssima, pois, do Sporting que deu aos seus apaniguados uma esperança quanto a uma época bem mais feliz.
Data: 04/09/1976
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting - 3 x Benfica - 0, Jornada 1 Campeonato Nacional
Muito bom.
é sempre um gosto vir visitar este cantinho de memórias.
Magnifica memória. As minhas primeiras memórias remontam a este tempo e torna-se delicioso recordá-las através deste cantinho. Obrigado pelo seu trabalho.