RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Terça-feira, Abril 23, 2024

Neste dia… em 1976: Enchente em Alvalade contra o Benfica

Porém Luis, árbitro do encontro, a verificar as condições para o jogo se poder iniciar.

Quem disse que a vida está cara?

A enchente em Alvalade foi de gritos. Todo mundo quis ver o primeiro grande «derby» da temporada e daí rumar para o Lumiar para ver como aquilo ia ser. Novas pedras no xadrez das equipas e a fé de que todos anima de ser a sua equipa vencedora, levou à volta de setenta mil espectadores ao «solar dos leões». E que a expectativa não foi iludida, até o próprio desenrolar do jogo com bons trechos de futebol, luta viril (alguma maldosa), cartões amarelos e um número extra-programa, número aliás que ficará gravado na história dos «nacionais» pelo seu ineditismo. Referimo-nos ao encontro ter começado 47 minutos depois da hora regulamentar, por o público, hoje muito politizado mas cada vez menos educado, não ter permitido que o espectáculo começasse à hora marcada. Mas não foi só o público o culpado. Também os responsáveis do Sporting têm culpas no cartório. Aquela vedação (?), feita na pista de ciclismo, não lembraria ao diabo. Mas lembrou aos homens do Lumiar e foi o que se viu. Dali partiu a evasão. Felizmente que, após muitos pedidos feitos pelo microfone e pelos jogadores, tudo se acalmou. Aliás, os «Comandos» ajudaram muito a que o público compreendesse… Mas a verdade é só uma, (o que é pena), parece que o «Zé» não percebe de outra maneira. Que tristeza.

LOGO A MIM É QUE HAVIA DE SAIR ISTO

Sim, foram exatamente estas as palavras de Porém Luís, o árbitro do encontro, ao pisar a relva, mesmo junto à baliza onde nos encontrávamos. Olhando para aquela amálgama de gente que pisava a relva, e depois de tomar balanço, lá entrou naquilo que parecia vir a tornar-se no «Inferno Verde». Conferências com a polícia, com os jogadores, até com o público colocado junto às redes, tudo teve Porém Luís. E quando ele estava prestes a «ir naquilo» eis que falta a luz.

A coisa estava mesmo a correr para azar.

Afinal, e felizmente, a montanha pariu um rato, e tudo correu pelo melhor. Dizem os ciganos não gostar de ver bons princípios aos filhos. Porém Luís, poderá ver agora quanta razão eles têm…

Capitães de equipa, árbitros e dirigentes, discutem o caminho a seguir.

TRINTA POLÍCIAS FOI A SEGURANÇA INICIAL

O encontro de Alvalade, que todos previam ser de enchente, teve antes do seu começo, dentro do Estádio, apenas trinta polícias, tantos quantos foram para ali enviados por ordens superiores. Em princípio nem queríamos acreditar, mas depois do que nos foi dito por uma pessoa responsável, tivemos de acreditar. E lembrarmo-nos que para um simples encontro de Juniores ou de Juvenis, o número de guardas é, tantas e tantas vezes, superior ao de expectadores. Coisas…

Às 9 e 45 SURGEM OS «COMANDOS»

Vendo que trinta não chegavam, eis que se pedem reforços. Vieram vários que de nada serviram, até que às 9 e 45 (sabemos que são 21 e 45 mas é para facilitar…) entram em acção os «Comandos». Desta vez a rapaziada gostou, talvez por eles terem surgido sem G-3 nem outras coisas parecidas. Foram aplaudidos e conseguiram o que todos pretendiam, pelo menos a maioria.

E foi com surpresa que ouvimos o público que estava nas bancadas, ansiosos por ver o jogo e já «chateado» com toda aquela palhaçada, a pedir aos rapazes da Amadora, num coro monstruoso, para que dessem Porrada! Porrada! Porrada!.  Mas tudo correu pelo melhor e eles, diplomaticamente, levaram a água ao seu moinho. E ainda bem, quando não, a estas horas ainda lá estávamos o que seria francamente aborrecido…

A LUZ APAGA-SE E O «ZÉ» VEM CONTANDO AS LÂMPADAS QUE SE ACENDEM UMA APÓS OUTRA

Com pouco para ver, pois aquilo do pagode não se instalar onde devia, já nada dizia a ninguém, o público resolveu gozar com a avaria na luz eléctrica das torres. Assim, depois de cerca de quinze minutos em meia luz, até dava para dançar um tanguito, as lâmpadas, uma a uma, foram começando a dar da sua graça. Logo o «ZÉ», sempre pronto para a paródia, começou a contar alto, as que se iam acendendo. Foi um entretimento que não ofendeu e teve graça.

Já agora perguntamos:

– Quando terá o Sporting um electricista qualificado para atender estes casos, evitando que após tanto tempo de espera ainda se tenha de pedir socorro ao piquete das Companhias Reunidas? Cremos que seria um ordenadito bem aplicado. Ou o Zé Pagante já nem essa consideração merece?

In revista «Golo» Nº1 de 1976

Data: 04/09/1976
Local: Estádio de Alvalade
Evento: Sporting (3-0) Benfica, CN - 1ª Jornada

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