RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Abril 19, 2024

Neste dia… Em 1987, o Sporting conquistava a Supertaça ao vencer o Benfica por (1-0) (4-0 no total dos dois jogos)

“LEÕES” DEPENARAM ÁGUIA SEM GARRAS

Por Neves de Sousa

Pois: a RTP (tal como o «DL» informara em 1ª «mão») transmitiu directamente o espectáculo, a noite estava friorenta e convidava a ficar à lareira (entre a família, bebendo o seu copito) e, para cúmulo, havia «Festa no Parque», o Zé Viana voltava à nossa Broadway e, por aí fora havia outros espectáculos a dar com um pau. Para mais, o Benfica entrava em cena com uma desvantagem de três golos: e, assim, do pé para a mão, não se imaginava que o «leão» deixasse fugir da armadilha esse precioso pássaro arrebanhado em pleno terreno da Luz. Daí (evidentemente) a fraca assistência: pouco mais de metade da arquibancada verde assistiu a um duelo curioso em que o Sporting, com excelente tempo inicial e bem sabendo depois defender a vantagem na fase de declínio do relógio, aproveitou sabiamente os contínuos erros de uma defesa onde a ausência de Mozer, Dito e Veloso não foi minimamente colmatada e a falência do ataque confiado ao nórdico Magnusson que (vistas bem as estatísticas) nem um só lance ganhou no directo confronto com Duílio, o patrão da última cortina leonina.

Um simples golo chegou e sobrou: o tirão (com o pé direito de Silvinho) bateu irremediavelmente a águia e, ampliando para quatro tentos sem resposta o predomínio dos donos da casa reduziu imediatamente a mera utopia qualquer esboço de réplica à altura, embora os «encarnados» (especialmente por Álvaro, Elzo e Silvino, aqui e além acompanhados por Tueba e Nunes) tudo tivessem tentado para (no mínimo) conseguirem o denominado «tento de honra». Impossível: o colossal Duílio, o espectacular Morato e o competentíssimo Vital, ajudados por João Luís e Virgílio estabeleceram uma cortina férrea perante a sua baliza e nem um só momento pareceu que a turma de Toni colocasse em mente uma hipótese de solução para o problema, muito embora o brio da rapaziada rubra fosse um facto tão constante como a superioridade verde em todos os terrenos do palco.

Foram muitas as ausências, por isto ou aquilo. Faltas sportinguistas: Fernando Mendes (em Malta), Damas e Venâncio (convalescentes de intervenções cirúrgicas); Vítor Santos e Litos (por opção de Burkinshaw e Fernando Mendes). Entre os alunos de Toni: Carlos Manuel (já de lenço na mão, a caminho dos suíços do Sion), Dito (na selecção de Juca), Diamantino, Veloso, Samuel e Damas (lesionados) e Mozer (lá pelo Brasil, em viagem de núpcias). O certo é que, enquanto nos «leões» as ausências foram perfeitamente preenchidas, nas hostes visitantes a estrada para a baliza de Silvino estava atapetada com flores e sedas. Todavia, o trilho até Vital parecia minado por mil armadilhas: e, desde o eficiente Mário Jorge ao coriáceo Oceano, passando pelas relampejantes fintas de Silvinho (que deixavam enrolados os mais directos opositores) como pelo entusiasmo colocado por Sealy no directo apoio a Paulinho Cascavel ou nos endossos laterais a Carlos Xavier foi um regalo para o olhar ver uma boa hora rubricada por um Sporting que, por um triz; não ampliava a marca até altura mal imaginada.

Veio (como era de prever) a natural reacção benfiquista esboçada inicialmente por Elzo e Shéu, depois amplamente perfilhada pela dupla brasileira Vando-Chiquinho, mas já então com o rei da casa sem paliativos: a cortar para o seu guarda-redes tudo o que era possível de criar eventual susto à hoste leonina. E, como o apelo a Rui Águas ficou no zero e ninguém compreendeu cabalmente a saída de Tueba (que estava sendo o melhor disparador rubro) a história ficou encerrada: o Sporting conseguia, após cinco anos de cruzes na boca, a primeira bonita vitória oficial, em termos de futebol de alto nível. Isto, num momento (pode escrever-se, ninguém nos pediu segredo) em que os prémios da eliminatória com o Kalmar ainda não estão liquidados e o futuro do jovem Litos em Alvalade parece periclitante, pois aos mil contos de actual vencimento mensal o Sporting contrapõe, para a revalidação do contrato, apenas metade daquela verba. E é pegar ou largar…

Enfim: problemas verdes, com os quais nada temos a ver. O que restará dizer desta «Supertaça»? Apenas e só que aquela tremenda fumarada que enquadrou o festival com raios lazer deixou: metade do pagode com inflamação na vista e que a arbitragem de Fernando Alberto foi modelar. A melhor que já lhe vimos: e andávamos com uma certa pedra no sapato…

Com boa arbitragem do portuense Fernando Alberto (que esteve auxiliado por Pedro Alves e Coelho Júnior), alinharam:

SPORTING: Vital; João Luís, Morato, Duílio e Virgílio; Oceano, Carlos Xavier (Marlon aos 80 minutos), Mário Jorge e Silvinho; Sealy (Mário, 73) e Paulinho Cascavel.

BENFICA: Silvino; Carlos Pereira, Shéu, Edmundo e Álvaro; Nunes, Chiquinho, Elzo, Tueba (Rui Águas, 73) e Vando (Pacheco, 81); Magnusson.

Cartão amarelo para Shéu e Morato.

Golo por Silvinho (20 minutos).

Fonte: Jornal Diário de Lisboa

Resumo do jogo.

Data: 20/12/1987
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (1-0) Benfica, 2ª mão da Supertaça

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