RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Segunda-feira, Abril 29, 2024

Neste dia… em 1987, vitória do Sporting por 3-0 na Luz, em jogo a contar para a Supertaça

Duelo na selva

Por Neves de Sousa

Foi uma semana que deu pausa a muitos sofredores mas (simultaneamente) tocado por incidências, com o toque consistente da infeliz passagem do futebol das quinas por terras transalpinas, o zénite do súbito KO sofrido pelo Benfica, perante o assalto ao seu castelo de «leões» famintos e de garras novamente aduncas.

Não se pode (minimamente) colocar qualquer reticência ao belo êxito sportinguista, mas a razão encontra motivos razoáveis para explicar cabalmente o fracasso rubro. Acontece que as duas turmas se apresentaram muito desfalcadas: Benfica sem Diamantino, Álvaro, Veloso, Samuel (lesionados), mais Dito (que vinha em viagem, de Milão para a Portela de Sacavém), Sporting destituído de três pedras igualmente basilares (Damas, Litos e Oceano) a contas com outras tantas lesões.

Simplesmente, depois do árbitro Sepa Santos (no seu momento de extrema fraqueza) ter deitado para as urtigas uma indiscutível grande penalidade cometida por Duílio sobre Chalana, veio ao de cima a confiança que todos os sportinguistas sentiram inocular-se nas suas veias, face ao belíssimo trabalho do guarda-redes Vital, à aplicação de Carlos Xavier e ao entusiasmo generoso de Virgílio, qualquer deles a bem colmatar as ausências de colegas que (não podendo ser esquecidos ou obliterados) não permitiram que o lamento da recordação voasse sobre o relvado da Luz.

Em contrapartida, o afã de Bento querer rapidamente discutir a camisola um com o parceiro Silvino, especialmente agravado pela completa ruína de uma cortina defensiva que sentiu profundamente não possuir dois laterais com rotina de um «central» capaz de ombrear com Mozar, tudo isto e mais: o ostracismo a que foi votado Shéu (sentado no banco lateral quando se via não existir «patrão» do «onze» ) mais a sacudidela de Nunes para um posto em que perde noventa por cento das suas óptimas qualidades técnicas e tácticas, ajuda a mostrar onde morou o desequilíbrio, mais acentuado quando (em toque de mestre ou golpe “celeste” ) Burkinshaw atirou para a fogueira dois endiabrados: brasileiros (Marlon e Mário) que reduziram a estilhas o já de si desmembrado esqueleto rubro, que não tinha pinga de ar nos pulmões.

Mas é já tradição de muitas páginas: quando um dos maiorais parece mal se poder equilibrar no cavalo, eis que galopa para o prémio mais apetecido. Foi isso que sucedeu em casa da águia. E isso que (renovadamente) restitui ao futebol o sortilégio que o torna ímpar entre todos os jogos. Perdemos uma corrida? Logo outra bate à porta.

Falhou-se perante o mais fogoso dos rivais, venceu-se no próprio castelo do duelista mais temido? Que importa: depois da Supertaça, está o campeonato, vem a Taça, está a Europa, vem o mundo inteiro. Bem vistas as coisas, a história alterna-se em cada instante: lágrimas e risos vivem lado a lado.

Exactamente: já se disse mas não será de mais salientar a influência de Vital no espectacular triunfo «verde», na Luz: Quando o Benfica entrou a todo o gás, logo-viu que tinha pela frente um guarda-redes que inspirava a maior confiança: ao seu bloco e, como os nomes «recapitulados» por Toni para o principal elenco não actuaram em pleno, aconteceu o «placard» insólito: 3-0 a favor da turma de Alvalade.

Sepa Santos foi o juiz: a não-marcação da clara grande penalidade feita por Duílio e mais um estranho fora-de-jogo assinalado aos «leões» antes de chegar o 3.º tento, foram as notas menos certas de uma arbitragem que poderia ter sido exemplar. Para a história:

Benfica: Bento; Carlos Pereira, Edmundo, Mozer e Nunes; Carlos Manuel, Elzo, Tueba (Magnusson, aos 60 minutos) e Chalana (Vando, 73); Chiquinho e Rui Águas.

Sporting: Vital; João Luís, Duílio, Morato e Fernando Mendes; Virgílio (Mário, 68), Carlos Xavier, Mário Jorge e Silvinho; Sealy (Marlon, 68) e Paulinho Cascavel.

Golos: Edmundo (na própria baliza, 20), Silvinho (72) e Cascavel (77).

Cartão amarelo para Carlos Manuel e Mário Jorge.

Fonte: Diário de Lisboa

Data: 06/12/1987
Local: Estádio da Luz
Evento: Benfica (0-3) Sporting, 1ª mão da Supertaça

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