RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Março 28, 2024

Neste dia… em 1995, Oceano foi guarda-redes por 8 minutos… ERA EU OU AMUNIKE!

E lá voltou, pela quinta vez, terceira consecutiva, a não se encontrar o vencedor da Supertaça Cândida de Oliveira! Na quarta edição (1983/84) houve dois desempates! Com mais uma «negra» abriu-se, assim, a possibilidade de nova viagem nova corrida por esse mundo fora, numa excursão turístico-sentimental organizada pela Federação Portuguesa de Futebol, peregrina ideia que deu cabo do bestunto a uma França muito ciosa do seu território e que nunca compreendeu (leia-se os comentários da imprensa a propósito do F. C. Porto-Benfica que decorreu o ano passado no Parque dos Príncipes) o porquê de uma prova oficial, portuguesa, se disputar fora do nosso rectangulozinho, no qual se incluem, obrigatoriamente, as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

A «negra» de agora está marcada para o dia 20 deste mês no calendário oficial da FPF. Não é certo, porém, que tal venha a acontecer.

A grande curiosidade (e ansiedade…) do momento não é tanto o saber-se quem vai ganhar a XVII edição de uma prova que faz parte do calendário nacional e tem um patrono ilustre, mestre Cândido de Oliveira, fundador de «A Bola». O que já anda de boca em boca, em jeito de gozo, é a dúvida quanto ao local de reencontro entre «dragões» e «leões». Há quem diga que vai ser de novo em Paris; e também já houve quem sugerisse um qualquer campo da cordilheira dos Himalaias — sugestão que me agrada, desde que o joguinho caia em território tibetano. Era óptimo, pois, assim, sempre se oferecia ao nosso povo (e ao mundo, ao mundo, meus senhores!…) a possibilidade de melhor conhecer a realidade política e geografia de um país silenciado desde a ocupação pela China, em 1951, tarefa insana desde então corajosamente assumida pelo Dalai Lama, líder espiritual do martirizado povo do Tibete.

Confio, porém, na palavra de Pedro Santana Lopes, uma das vozes críticas do desempate parisiense, que uma vez mais, e agora em causa própria, terá oportunidade de contrapor ao regabofe a sua vontade de contribuir para a moralização do futebol português.

Oceano, guarda-redes por 8 minutos… ERA EU OU AMUNIKE!

FALTAVAM oito minutos apenas para o final do encontro. O F.C.Porto procurava afanosamente o golo de viragem que lhe permitisse a conquista da nona edição da Supertaça Cândido de Oliveira. Num lance aparentemente inofensivo e sem gravidade disciplinar que justificasse uma expulsão, o árbitro José Rola mandou Costinha mais cedo para o banho (e colocou a bola na marca de grande penalidade!), por suposta agressão a Domingos. O técnico do Sporting desgrenhou os cabelos. E agora? terá pensado, quem será o herói capaz de aguentar a pressão portista? Tinha de ser um jogador de campo, já que as substituições se haviam esgotado com a troca de Pedro Barbosa por Paulo Alves.

A decisão foi assumida pelo «capitão» Oceano, que se houve a contento e garantiu o grande objectivo: manter o 2-2 até ao apito final. Porquê ele e não outro? Oceano contou-nos como, inesperadamente, se viu guarda-redes em jogo oficial: – Era uma decisão que tinha de ser tomada, e rapidamente. Com ou sem guarda-redes o jogo tinha de chegar do fim, como mandam as regras, Carlos Queirós deu-nos, em alternativa, dois nomes para ocupar a baliza: ou era eu ou era o Amunike…

– E quem tomou a opção?

– Fui eu! Se fosse o Amunike, com certeza que até o Vítor Baía saltava para o nosso meio campo para chutar à baliza! Não que ele não tenha jeito, que até tem, mas eu tenho melhor poder de salto, estou muito mais habituado que ele do futebol aéreo e, por último, tenho uns centímetros de altura a mais…

– Como se viu na pele de guarda-redes e num momento tão crucial de jogo que valia O primeiro título da época?

Oceano divulga a sua estratégia:

– Senti-me bem… Nada atrapalhado. Sabia que os jogadores do FC Porto iam, quem nem loucos, tentar rematar de qualquer sítio. Assim sucedeu e para mim foi bom, pois o que parecia ser uma missão difícil acabou por ser muito facilitada, dada a ânsia em chutar, chutar, chutar, pensando que eu me atemorizava.

– Quando saltou com o Aloísio lesionou-se mesmo ou usou a prerrogativa, que só o guarda-redes tem, de parar o jogo para ser assistido?

Risos e uma confissão pouco convincente:

– O Aloísio carregou-me, senti uma dor no braço… Deu para descansar.

Alegrias e desejos em fim de história:

– Quando acabou o jogo senti-me imensamente satisfeito por o Sporting ter alcançado o seu objectivo. Espero, no entanto, que estas situações não voltem a acontecer, pois o guarda-redes é, sempre, um elemento importante. E nem sempre quem o substitui tem a sorte que eu tive!

Fonte: Revista «Foot» N100 Set/95

No empate 2-2 das Antas, arbitrado por António Rola e com 25mil espectadores nas bancadas, o Sporting alinhou da seguinte forma:

Costinha; Nelson Alves, Naybet, Marco Aurélio e Oceano; Pedro Martins e Vidigal (Domingues 25′); Assis (Afonso Martins 45′), Pedro Barbosa (Paulo Alves 55′) e Amunike; Ouattara.
Treinador: Carlos Queirós

Disciplina: Cartão amarelo para Pedro Barbosa (10′), Pedro Martins (11′) e Oceano aos 52′. Cartão vermelho para Costinha aos 82′.

Golos: Naybet (42′) e Ouattara (74′) (Sporting)

Data: 23/08/1995
Local: Estádio das Antas
Evento: FC Porto (2-2) Sporting CP, Supertaça - 2ª mão

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