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Quarta-feira, Novembro 06, 2024

Neste dia… em 1967 – Sporting vence Torneio Ibérico após empate com o Barcelona (1-1)

BADAJOZ, (Serviço especial para «Diário de Lisboa»)

Terminou, esta madrugada, o torneio Ibérico de Badajoz no qual participaram três equipas: Sporting (Portugal), Flamengo (Brasil) e Barcelona (Espanha). No derradeiro jogo, o conjunto brasileiro, a exibir-se bem, chamou a si o triunfo por 1-0. O resultado proporcionou, assim, a fixação do Sporting no 1.º lugar, mercê da vitória sobre o Flamengo (2-1) e empate com o Barcelona (1-1).

Relativamente ao jogo de sábado, contra o Flamengo, o técnico Armando Ferreira procedeu a alterações na equipa «leonina» diante do Barcelona, fazendo sair Alexandre Baptista, Manuel Duarte e Carlitos (embora este jogasse também ontem, na 2.º parte), para fazer entrar, respectivamente, Armando, João Carlos e Morais Alves, estes últimos regressados ao clube, depois de uma época ao serviço do Leixões, por empréstimo.

Medida acertada, pois nesta altura da época nem todos os jogadores estão em condições de suportar dois jogos consecutivos.

Portanto, no campo «El Vivero», praticamente cheio de público, o Sporting defrontou o Barcelona, assumindo o jogo aspecto de decisivo quanto às suas aspirações ao primeiro lugar.

Os «leões» assim o deram a entender, apresentando o conjunto a actuar em 4-3-3, com Gonçalves, João Carlos e Peres no meio-campo, ainda com a colaboração dos extremos José Morais e Morais Alves num vaivém de apoio e transposição de Jogo.

Se a táctica não deu ao Sporting um sentido declaradamente atacante, deu-lhe pelo menos notória consistência, embora à custa de um esforço físico, com dúvidas de manutenção até final.

E, na verdade, abstraindo os primeiros 10 minutos, em que o Barcelona se mostrou mais dominador, o Sporting exibiu durante toda a primeira parte maior capacidade de manobra, com toda a equipa a coordenar os seus movimentos sob o «controle» de um jogador em plano excepcional: Gonçalves.

O golo conseguido aos 23 m. não foi mais que o acerto do domínio global exercido pelos lisboetas, cujas evoluções chegaram a dar a sensação de carácter defensivo, mas que não passaram de naturais cautelas quanto ao esperado sentido atacante do «team» catalão.

Na segunda parte, sim, o Sporting pensou defender a magra vantagem conquistada. Houve também um «forcing» do Barcelona nos minutos iniciais, em que marcou até um golo, muito bem anulado por deslocação de Jorge Mendonça e Silva.

As preocupações defensivas foram tão manifestas e reflectiram-se ainda nas tradicionais manobras de «queimar tempo», o que levou o árbitro a repreender Damas.

Temos para nós que o Sporting errou em proceder assim. O golo do Barcelona esteve várias vezes à vista, até que surgiu, efectivamente.

Foi nítida a quebra dos sportinguistas a partir do empate, mas os catalães não tiveram talento para aproveitá-la. Comprometeram-se, por sinal, quando mais tarde Benitez foi expulso por agressão a Figueiredo (caído). Reduzido a dez unidades, o Barcelona perdeu capacidade colectiva e o Sporting pôde equilibrar a discussão, subindo ainda de rendimento, mas também sem lucro em golos. Contudo, os momentos de «frisson» que provocou na grande área adversária, especialmente entre os 70 e os 80 minutos, eram bem dignos de melhor sorte, além dos remates à figura de Sadurni e para fora.

Sejamos justos em afirmar que o Barcelona não merecia a derrota. Portanto, o empate parece resultado mais certo.

A equipa do Sporting mostrou as mesmas qualidades que evidenciara contra o Flamengo. Defesa generosa, coesa, eficiente e com espírito de sacrifício. Damas confirmou em absoluto as suas extraordinárias faculdades, efectuando defesas de grande valor.

Na linha média, Gonçalves durou até aos 15 minutos da segunda parte. No ritmo em que até então se exibiu, era impossível durar os 90 minutos. Pagou assim toda a sua generosidade e devia ter trocado com José Morais. Peres também desceu de rendimento e João Carlos foi extremamente útil no auxílio à defesa.

O ataque voltou a não ser capaz de ganhar os lances no último instante. A entrada de Figueiredo deu-lhe mais agressividade e a substituição de Morais Alves por Carlitos foi bem observada. O Barcelona apresentou, em estreia, o «internacional» brasileiro Silva. Mostrou-se, naturalmente, pouco adaptado ao ritmo do futebol ibérico, mas deu preciosas indicações da classe que na realidade possui.

A defesa catalã foi dura, sem ser violenta, excepção feita para Benitez, cujo procedimento já referimos.

No meio-campo, o francês Muller foi o grande homem da equipa, devendo-se-lhe a responsabilidade da maioria do perigo sentido pela defesa do Sporting. Zaldua acompanhou-o bem e, no ataque, Silva e Rexach foram os que melhor se exibiram. Jorge Mendonça, Seminário e o seu substituto, Padilla, não acompanharam os restantes, pelo menos em capacidade rematadora.

Da arbitragem podemos dizer que consentiu certas larguezas de atitudes de indisciplina por parte dos espanhóis, o que culminou com a expulsão de Benitez.

De resto, comportamento à altura do seu prestígio.

Arbitro – Medina Iglésias.

SPORTING – Damas; José Morais, Armando, José Carlos («cap») e Hilário; Gonçalves e João Carlos; João Morais, Figueiredo, Peres e Morais Alves (Carlitos).

BARCELONA – Sadurni; Benitez, Olivella, Gallego e Eládio; Muller («cap.») e Zaldua; Silva, Rexach, Jorge Mendonça e Seminário (Padilla).

Golos: Aos 23 m., na sequência de um «canto», marcado por Gonçalves, Sadurni não Segurou o remate de Peres e FIGUEIREDO, oportuno, recargou com êxito; aos 62 m., num «livre» indirecto a castigar falta de Hilário, Muller tocou para SILVA, que desferiu remate potente e colocado.

Resultado final: Sporting, 1 – Barcelona. 1.

Fonte: Diário de Lisboa

Data: 26/06/1967
Local: Badajoz
Evento: Barcelona (1-1) Sporting, Torneio Ibérico

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