RUGIDO VERDE

Excelente exibição do Sporting que venceu o Flamengo (2-1) no início do Torneio Ibérico de Badajoz

BADAJOZ, (Serviço especial para o «Diário de Lisboa») – Começou o « I Troféu Ibérico», de futebol, participando as equipas do Sporting, Flamengo e Barcelona.

O desafio inaugural teve por intervenientes o Sporting e o Flamengo, disputou-se à noite, no Estádio «El Vivero», que não esgotou a lotação. Talvez por ser um dia demasiadamente quente, de sol tórrido, e assoberbado com outras manifestações, o publico não acorreu com a afluência desejada mas, mesmo assim, a assistência ocupou mais de «meia-casa».

Aliás, o futebol parece não ter aqui, em Badajoz, a enorme popularidade que se verifica noutras cidades, talvez porque o clube local não conseguiu ainda a evidência que faz arrastar multidões. Contudo, agora com a subida do C. D. Badajoz – o organizador do «Troféu» – à 2.º Divisão de Espanha, parece que o entusiasmo tende a subir.

Enfim, um torneio que de futuro pode revestir-se de muito interesse.

Sporting e Flamengo jogaram o primeiro desafio. Renhido, bem disputado e de resultado indeciso até final. Logo, a assistência vibrou com as peripécias do jogo, entusiasmando-se com as fases mais ardorosas e verificadas em largos períodos.

Após os primeiros 20 minutos do encontro, que decorreu com certa lentidão, resultante da observação mutua dos processos de movimentação, o Sporting forçou o andamento, subiu e lançou-se positivamente ao ataque, criando inúmeras dificuldades à defesa do Flamengo.

Os lisboetas confirmaram essa superioridade com um golo, escassa vantagem para o bom jogo desenvolvido. Foi como que um prémio para à melhor exibição global e que teve o condão de galvanizar a equipa, fazendo-a acreditar nos seus recursos.

A segunda parte começou mal para os lisboetas. Os brasileiros entraram de rompante, obtendo um golo logo aos 3 minutos com certas culpas do guarda-redes Damas, que deixou escapar a bola para dentro da baliza, na marcação de um «livre». Contudo, o jovem guarda-redes compensaria mais tarde, e largamente, este lapso.

A equipa sentiu a igualdade no marcador, oscilou um pouco, parecendo desorientada. Com enorme força de vontade, porém, o conjunto sportinguista foi recuperando o domínio do jogo, conquistando vários «cantos», teve lances de golo à vista, mas só o conseguiu já no ultimo quarto de hora.

Depois do segundo golo dos portugueses, os brasileiros mostraram mau perder. Jogadas à margem das leis e agressões autênticas (como a de Rodrigues a Morais, com um pontapé nas pernas) iam estragando o resto do jogo. Felizmente que retrocederam a tempo, não só porque o publico se manifestou desagradavelmente, como ainda o árbitro conseguiu pôr cobro aos desmandos e evitar um autêntico «sururu» em que os sul-americanos são hábeis.

Vitória absolutamente justa e certa do Sporting, feita de indómita vontade de triunfar. O publico rendeu-se ao bom futebol praticado pela equipa, tributando-lhe entusiásticos aplausos no final.

O Sporting conseguiu, uma vez mais, dignificar o futebol português, através de um comportamento altamente elogioso, quer no êxito alcançado, quer na correcção manifestada em campo, não respondendo às provocações de jogo feio, evidenciadas pelos brasileiros. Não seria justo fazer referências individuais na equipa do Sporting. Valeu pelo conjunto, lutando obstinadamente pela vitória, num desdobramento de esforços agradável de presenciar.

Descontado o lance do golo dos brasileiros, Damas esteve um guarda-redes à altura, efectuando exibição de relevo. A coesão da defesa foi manifesta em todo o encontro, embora Morais tivesse sentido maiores dificuldades, mercê da boa categoria da asa esquerda do Flamengo, constituída por Ademar e Rodrigues.

O sector do meio-campo, Gonçalves e Peres, aguentou bem o peso da responsabilidade na transposição do jogo, especialmente Gonçalves, marcando até um magnífico golo. Peres caiu um pouco de rendimento, mostrando-se cansado.

Ao ataque faltou sentido de penetração, mas lutou sem desfalecimentos, procurando o golo. José Morais deu mais nas vistas e Sitoe marcou o golo da vitória, com um portentoso remate de fora da área, na sequência de um livre, como aliás, foram todos os golos do desafio.

No Flamengo, notarem-se mais as exibições individuais, pois os brasileiros são tecnicistas por excelência. Ademar e Rodrigues mostraram saber jogar futebol, Jardas, Leon e Reis bateram-se também com aplicação. A defesa teve imenso trabalho e a sorte protegeu-a, nalguns momentos.

A arbitragem teve algumas falhas. Especialmente no primeiro tempo, com benefícios ao infractor, embora se deva admitir a ideia da pretensão de segurar o jogo disciplinarmente.

Um lance deixou grandes duvidas: José Morais, logo a seguir ao primeiro golo do Sporting, foi derrubado dentro da área do Flamengo, optando o árbitro por um «livre» sobre o risco. «Penalty» autêntico.

Arbitro: Sanchez Ibañez

SPORTING – Damas; João Morais, Alexandre Baptista, José Carlos e Hilário; Gonçalves e Peres; Carlitos (Sitoe), José Morais, Manuel Duarte e Sitoe (Carlitos).

FLAMENGO – Marco Aurélio; Jardas, Ditão, Jaime e Leon; Carlinhos (Tamar) e Reis; Pedrinho (Osvaldo), Américo, Ademar e Rodrigues.

Golos: aos 37 minutos, na sequência de um «livre» e após um remate de José Carlos contra a barreira do Flamengo, Gonçalves rematou em arco, fazendo entrar a bola na baliza de Marco Aurélio; aos 48 m, Osvaldo marcou um «livre» contra o Sporting, Damas defendeu mas deixou escapar a bola para dentro da baliza; aos 73 m, Sitoe marcou o golo da vitória do Sporting, com um formidável remate de fora da área, após um «livre» marcado por José Carlos que Ditão interceptara.

Resultado final: Sporting, 2- Flamengo, 1.

Fonte: Diário de Lisboa