Neste dia… em 1967, o Sporting vence o Guimarães (3-0) e continua sua recuperação na tabela após início de época desastroso
Boas melhoras do conjunto sportinguista
Por Francisco Camilo
Há tempo que não víamos o Sporting. Da ultima vez, tinha-mo-lo achado com mau aspecto, apático e desconfiado das suas possibilidades. O grupo sportinguista passava por um período de depressão daqueles em que sai mal tudo quanto se empreende.
Ontem, porém, encontrámos, em Alvalade, um «onze» diferente. Sem o brilhantismo de outras épocas, e outras eras, mas bem disposto, calmo, seguro de si e do que tinha a fazer.
Saído agora da convalescença, o conjunto «leonino» não deu, ainda, a sensação de poder e a autoridade próprias de um campeão; contudo manifestou já sinais de saúde bastante visíveis. Tanto que o Vitória de Guimarães – um adversário a ter em conta – não conseguiu contrariar eficazmente os visitados. Raros foram os momentos de alarme para os lisboetas.
O Sporting, que – ensaiava novo «figurino» na equipa – Mendes regressara à linha média, Lourenço estava de volta, a Manaca era oferecida outra oportunidade como ponta de lança e Manuel Duarte descaía para a esquerda – principiou o jogo à procura de vantagem no marcador. Partida que decorra sem golos cria, por vezes, complexos que convém eliminar quanto antes. O primeiro quarto de hora não terminara de completar-se quando os «leões» conseguiram os seus intentos. Manaca abriu largo, num cruzamento rasgado a que M. Duarte deu seguimento com uma «cabeça» para baixo. Bola a tabelar no terreno e a trair Roldão e o Sporting a vencer.
O lance animou os locais, que tentaram a repetição. Armando cortava tudo na retaguarda e representava a origem de grande número de avançados sportinguistas continuadas por Gonçalves e recebidas na frente por Lourenço, dado a particularidades dignas de realce. O Vitória, todavia, cerrou fileiras com a-propósito, reparando-se que Joaquim Jorge, em particular, actuava com desembaraço, eficiência e classe.
Certo platonismo dos atacantes «verdes» e o acerto dos defensores nortenhos mantiveram o 1-0 até ao intervalo.
O recomeço foi assinalado pelo segundo tento dos «leões». Sitoe fabricou a jogada, que Lourenço concluiu com a sua serenidade peculiar.
Um «livre» de Lourenço levou a bola a Roldão, mas a força do pontapé obrigou o segundo a soltar o couro. Gonçalves, o único elemento que se aproximara, aproveitou para uma recarga certeira.
Dai até final, viu-se o Sporting a manobrar com desenvoltura e o Vitória replicar através de um futebol delineado com cabeça. Achamos que menos um golo de diferença equivaleria com maior exactidão ao que decorreu durante a hora e meia.
Louvores para Armando, Gonçalves, José Carlos e Lourenço, no Sporting, e para Joaquim Jorge, Castro e Pinto, no Guimarães. O sr. Caetano Nogueira, com excepção da jogada referida, não cometeu deslizes de vulto. Pior que ele esteve o auxiliar do lado do peão.
Fonte: Jornal Diário de Lisboa
No Estádio José Alvalade, com arbitragem de Caetano Nogueira (Porto), o Sporting alinhou com: Vítor Damas; Morais, Armando Manhiça, José Carlos (Capitão) e Hilário; Fernando Mendes e Gonçalves; Sitoe, Manaca, João Lourenço e Manuel Duarte.
Golos: Manuel Duarte (44′), Lourenço (46′) e Gonçalves (64′) (Sporting)
Data: 02/04/1967
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (3-0) V. Guimarães, CN - 21Jornada
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