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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Neste dia… em 1963, o Sporting venceu o Apoel por 16-1 e estabeleceu um recorde difícil de igualar

O onze que alinhou de início: Em cima, da esquerda para a direita: Fernando Mendes, Pérides, Pedro Gomes, Mário Lino, Alfredo e Carvalho. Em baixo pela mesma ordem: Figueiredo, Ferreira Pinto, Mascarenhas, Augusto e Louro.

Houve oportunidades para um resultado ainda mais sensacional

Os «leões» estabeleceram um «record» difícil de igualar e qualificaram-se já para a fase imediata da Taça dos Vencedores de Taças

Por NUNO MOTA

Seguramente contra a pior equipa que nós visitou, o Sporting conseguiu ontem, à noite, no seu belo estádio, um resultado que constitui «record» e que resolveu já a sua passagem à 3.º eliminatória da Taça dos Vencedores de Taças. Uma vitória, por 16-1, não deixa, não pode deixar, margem para grandes apontamentos.

Durante noventa minutos, só houve, praticamente, uma equipa em campo a manobrar à sua vontade, mas com muito acerto, acrescente-se, contra um grupo de onze jogadores de marca bastante incipiente.

Calharam 16 como poderiam ter acontecido vinte ou vinte e dois. Houve oportunidades para tanto. Em relação ao Sporting, claro.

Para além da história do encontro, um pormenor há, que particularmente deve ser registado, tendo em vista às ultimas exibições da equipa «leonina».

Desta vez, o Sporting por razões que não cabe à crítica apreciar, apenas enunciar, optou por uma formação portuguesa (Augusto poderá ser apontado coma uma excepção, embora seja luso-brasileiro).

Ora esta equipa, independentemente do valor do adversário (já se salientou, de resto, que era diminuto), logrou realizar uma exibição agradável e mostrar-se, além de muito objectiva, extremamente ambiciosa. Lutou de princípio a fim com uma ânsia, uma vontade que lhe não era frequente. Parecia que o resultado lhe era desfavorável e que se tornava necessário dar tudo para conquistar a vitória…

É bem sabido que uma equipa só joga o que a outra permite (e o Apoel deixou jogar muito…), mas também não é menos verdade que ás vezes esse consentimento não possibilita uma exibição sequer razoável. E não há duvida de que apesar de todos esses condicionalismos o Sporting impressionou bem.

Restará a duvida sobre o rendimento desta equipa em frente de um adversário mais categorizado. Em opinião muito pessoal ficamos realmente com curiosidade de poder assistir a um confronto dessa natureza. Aliás, o «onze» mereceu-o inteiramente.

Temos a certeza de que muitas opiniões divergentes irão surgir a partir de ontem. Aliás, como simples exemplo, bastará referir o facto do «onze» sportinguista ter sido assobiado na sua entrada em campo e largamente aplaudido no regresso aos balneários.

Enfim, um problema que muito interessará os adeptos «leoninos» nos próximos dias. Ainda em relação ao jogo de ontem, duas citações há a fazer no campo individual e que dizem respeito à objectividade de Mascarenhas e Figueiredo, bem expressa na marcação de seis e quatro tentos, respectivamente.

Do Apoel, não há praticamente nomes a salientar. Apenas a registar o conformismo geral e o desportivismo ante o volume progressivo do resultado.

Arbitragem sem quaisquer problemas.

Três opiniões

Mascarenhas

O único elemento do Sporting, autorizado a falar para os jornais, disse:

– O espírito de entreajuda foi a nossa força e impulsionou-nos para o triunfo. O resto foi a diferença de classe entre uma equipa trabalhada sobre um «onze» animoso, viril e de espírito desportivo inalterável.

Franklin

O treinador do Apoel (Organização Atlética de Futebol dos Gregos de Nicósia), é o cidadão inglês Neil Franklin, antigo médio-centro da selecção do seu país.

Eis a sua declaração:

– Só tenho oito palavras a proferir… O Sporting tem classe de mais para nós!… E fechou a porta do vestiário. Furibundo.

O árbitro

Amavelmente, James Finney, o árbitro afirmou:

– Não tive nenhum problema. Apesar do estado do terreno, o jogo decorreu em nível técnico aceitável, com o Apoel sempre correcto. Gostei da actuação do n.º 7 do Sporting (Figueiredo). Foi o melhor jogador. O resultado espelha a diferença de classe que existe entre os dois «teams».

As equipas:

SPORTING – Carvalho; Lino e Pedro Gomes; Perides, Alfredo e F. Mendes; Figueiredo, Ferreira Pinto, Mascarenhas, Augusto e Louro.

APOEL – Antonis Mavroudis; Dimitris Chiotis, Savvas Partakis, Antros Antoniadis, Assiotis Nathanael, Nikos Kantzilieris, Solis Andreou, Stelios Charitakis, Nikos Agathokleous, Andreas Tassouris e Andreas Stylianou.

Árbitro: James Finney

Marcadores dos golos: Mascarenhas (8, 18, 26, 56, 82 e 87 m.), Figueiredo (8, 66, 70 e 75 m.), Agathokleous (24 m.), Lino (34 m.), Louro (35 m), Perides (47 m), Augusto (62 e 80 m) e F. Pinto (65 m).

Fonte: Jornal Diário de Lisboa


Resumo do jogo.

Data: 13/11/1963
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (16-1) Apoel Nicósia, Taça das Taças 1/8 Final

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