RUGIDO VERDE

Atlético, 0 – Sporting, 2

Por Henrique Parreirão

Uma vitória demasiado expressiva

No encontro em atraso, para a «Taça de Portugal», efectuado ontem, no campo da Tapadinha, as equipas alinharam:

ATLÉTICO – Bastos; Fernando Ferreira e Gonzalez; Fonseca, Vítor Lopes e Orlando; Angeja, Vieira Dias, Pinho, Brandão e Tito.

SPORTING – Aníbal; Lino e Hilário; Casaca, Morato e Júlio; Hugo, Fernando, Figueiredo, Aleixo (ex-Montijo) e Geo.

Golos: Figueiredo 24’ e Aleixo 80’ (Sporting)

Arbitro: dr. Décio de Freitas (Lisboa).

Os dois golos do Sporting foram marcados um em cada parte. O primeiro, aos 24 minutos, por Figueiredo, que dentro da grande área dos alcantarenses, parou a bola com um pé e rematou com o outro, em execução primorosa de rapidez, levando assim o esférico ao fundo das redes, na conclusão de uma jogada um pouco confusa. O segundo foi apontado pelo estreante Aleixo, que concluiu muito bem um contra-ataque dos «leões» pelo lado esquerdo.

O jogo decorreu sempre numa toada muito agradável, contribuindo para isso a valorosa réplica oferecida desde os primeiros momentos da partida pelo grupo alcantarense – toada que não foi difícil de manter, porquanto o Sporting, embora servido de melhores valores individuais, actuou muito desligado, sem conjunto nos vários sectores da equipa, principalmente no quinteto dianteiro, que voltou a ter, ontem, uma nova formação com o regresso de Figueiredo e a entrada de Aleixo. . .

Não obstante foram os «leões» os primeiros a desfrutar das melhores oportunidades de golo, mas Fernando e Figueiredo, isolados em frente de Bastos, não as aproveitaram por falta de pontaria nos remates…

Também o Atlético podia ter marcado antes do Sporting, uma vez desperdiçadas aquelas ocasiões, mas Brandão, em frente das balizas, no seguimento de um «livre» bem executado por Angeja, meteu mal a cabeça à bola, saindo o esférico muito por cima da barra…

E só depois disso é que surgiu o tento do Sporting – vantagem que inspirou os «leões» a uma toada de ataque mais insistente sem que, todavia, o Atlético deixasse de responder com muito empenho e aplicação dos seus jogadores; de forma a voltar o equilíbrio como nota dominante do encontro.

Na segunda parte, até sofrer o segundo tento, o Atlético insistiu mais nos lances ofensivos, desenvolvendo bom futebol, só não resultando no sentido prático, muito por virtude da defesa «leonina».

O embate dos dianteiros do Atlético com os defesas do Sporting foi quase sempre favorável a estes por uma única razão: o maior poder atlético dos «leões». Foi nítida a fragilidade dos atacantes de Alcântara no confronto com a defesa «leonina».

Em todo o caso, o empate podia ter surgido, sobretudo em dois momentos de ofensivas mais profundas, mas uma vez a bola bateu no calcanhar de Vieira Dias e fugiu… e noutra, o extremo-esquerdo Tito, infiltrando-se bem pela defesa contrária, não teve sorte para captar o esférico e a oportunidade gorou-se…

Precisamente, quando se acreditava mais no empate do Atlético, verificou-se o contra-ataque que deu ao Sporting o seu 2.º golo.

E, depois disso, os alcantarenses quebraram, crescendo a olhos vistos a equipa do Sporting que ainda desfrutou de uma boa oportunidade para fazer o terceiro golo num remate de Hugo…

Contudo, o Atlético não merecia tão nítida derrota. Numa breve apreciação individual há que louvar o trio defensivo do Sporting, Lino, Morato e Hilário, cuja capacidade atlética é impressionante.

De resto, todos os outros jogadores do Sporting, excluindo também Aníbal, que pouco teve de fazer, actuaram muito desligados e sem evidência pessoal.

No Atlético tornou-se mais notado o labor dos homens do meio-campo, Fonseca, Orlando e Brandão, resultando daí um futebol mais ligado, a que só faltou – como dizíamos – um pouco de força na linha da frente para ter proveito a valorosa actuação do grupo de Alcântara.

O dr. Décio de Freitas arbitrou bem e não teve problemas.

Fonte: Diário de Lisboa