RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quarta-feira, Abril 24, 2024

Neste dia…. em 1961, vitória por 2-0 na Taça de Portugal frente ao Atlético, na estreia de Alexandre Baptista a titular

Rodeado de adversários, Geo, remata com perigo.

Em Alvalade, golo de Figueiredo única nota de cor… num jogo descolorido

Por Henrique Parreirão

Ao regressarmos, ontem, de Alvalade, depois de termos assistido ao encontro Sporting-Atlético, trazíamos no pensamento a seguinte pergunta: «Ainda há quem se admire de que o publico se ausente, cada vez mais, dos campos de futebol?…». O desafio de ontem, triste espectáculo de futebol pessimamente jogado, parece ter sido bastante elucidativo para não haver dúvidas na resposta à pergunta formulada… Não se pode deixar de dizer que o Sporting jogou mal – e o Atlético foi, ainda, mais modesto na réplica que procurou dar.

Num Jogo descolorido, pobre de técnica e quase sem interesse algum, a única nota de cor foi o golo de Figueiredo, à sombra do qual o Sporting viveu longo período na situação de vencedor pela margem mínima. Apesar de serem mais empreendedores e insistentes nos lances ofensivos, os «leões» quase não mereciam a vantagem de 1-0, que conservaram do minuto n.º 11 ao n.º 84 da partida.

Sem o menor esforço (excepção feita a Figueiredo) os atacantes do Sporting passearam, ontem, em Alvalade como qualquer cidadão que mete «feriado» em dia de trabalho.

O publico, que ainda vai ao futebol, compra bilhete ou paga as suas quotas, não pode continuar a ser tratado com tanta indiferença por parte daqueles que vivem do seu dinheiro.

Nos clubes de aparente disciplina férrea, normalmente castiga-se ou multa-se em função da derrota… Pelo que fizeram, ontem, alguns jogadores em Alvalade… não haveria razão para alguns serem punidos ou chamados à ordem? Parece também haver duvidas para a resposta aquela pergunta…

A única nota de cor…

Dizíamos que o golo de Figueiredo, no 11.º minuto, constituiu a única nota de cor… no descolorido desafio… Foi, realmente, precioso de execução aquele tento. Lançado pelo centro do terreno, com a bola atirada para a sua frente, Figueiredo chegou a ela primeiro do que todos, e com um hábil toque, fez passar o esférico por cima de Bastos (o guarda-redes que saíra a tentar a intercepção) e introduziu-o nas redes.

Foi a grande jogada do desafio, Talvez a única – pois ao longo da partida pouco ou nada mais se viu de jeito… Cada um a puxar para seu lado… foi a característica dominante na toada e estilo do jogo do Sporting. Por sua vez o Atlético limitou-se a uma aplicação mais atenta na defesa – e a uns contra-ataques, quase sempre estragados por deslocação dos seus dianteiros.

Do embate de duas equipas de jogo muito solto e pouco eficiente – resultou um encontro insípido, monótono e sem interesse. Daqueles em que os espectadores têm razão em proferirem o seguinte lamento «há dias em que uma pessoa não deveria sair de casa»…

Efectivamente, perdermos uma hora e meia (fora o tempo gasto nos transportes) para assistirmos a um bom golo de Figueiredo e a meia dúzia de intervenções, aparatosas e meritórias de Bastos, teremos de concordar que é muito pouco para compensar o sacrifício…

Falta de conjunto – o defeito de sempre

Resume-se sempre no mesmo a apreciação da equipa «leonina». Muitos valores individuais – mas o defeito de sempre: falta de conjunto. Ontem, a acrescentar a isso, houve mais a falta de brio, a negaça descarada de aplicação dos jogadores pagos… a peso de oiro.

Talvez porque os 2-0 do desafio da primeira «mão» não causavam apreensões, alguns jogadores do Sporting resolveram descansar. Estiveram no campo por estar. Quando a bola lhes foi parar aos pés, correram com ela, procuraram driblar este e aquele mundo e… mais nada. Nem conjunto – nem brio. Um futebol jogado a passo de boi… sem interesse nem emoção.

O Atlético, que fez na sua equipa umas mexidas bastante estranhas, não ganhou nada com isso… Faltou-lhe, em relação ao domingo anterior, a unidade do jogo a meio campo, que o trio Fonseca (ontem ausente), Orlando e Vieira Dias, costuma dar à equipa.

No sector defensivo a falta de Gonzalez tornou-se notada, não parecendo também Fernando Ferreira superior a Vítor Lopes no meio do terreno. Se um é mais hábil, o outro é mais rijo. Tem mais autoridade.

Boa arbitragem de Manuel Fortunato. Muito acima do nível do jogo…

Em Avalade, sob arbitragem de Manuel Fortunato (Évora), o Sporting alinhou com: Aníbal Saraiva; Mário Lino, Alexandre Baptista e Morais; Fernando Mendes (Capitão), David júlio; Hugo, Fernando Puglia, Figueiredo, Géo e Seminário.

Golos: Figueiredo (11′) e Fernando Puglia (84′) (Sporting)

Fonte: Jornal Diário de Lisboa

Data: 26/02/1961
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporitng (2-0) Atlético, TP - 1ªEliminatória - 2ªMão

Artigos relacionados

Comments

Leave a Reply

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>