RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sexta-feira, Março 29, 2024

Neste dia… em 1978, o Sporting suou em Alvalade, para vencer o clube empresa do GD Riopele, por 2-1.

Guarda-redes do Sporting, Botelho, defendeu uma grande penalidade.

Antigamente era fácil

Por João Ferreira

Um jogo noutros tempos tido como fácil para o Sporting, acabou por ser sábado, um «bico-de-obra». Vão mal os «leões»-78. Toda a gente o sabe, e muitas das suas dificuldades (facto a considerar) se devem a lesões e castigos que na presente época «bafejaram», nada mais nada menos que Artur, Laranjeira, Manaca, Inácio, Fraguito, Ailton, Vitor Gomes, Manoel, Baltasar, Manuel Fernandes, Keita e Jordão (vejam só!).

Mas não se pode igualmente esquecer, que ainda a procissão ia no adro, o Sporting marchava perto do «leader», e despediu o treinador. Incrivelmente, não foi substituído. Sim, porque Rodrigues Dias é o preparador físico, embora de há tempos a esta parte venha desempenhando as funções de técnico. E isto, meus senhores, quando por aí estão bons treinadores portugueses no desemprego, que mereciam (e o Sporting também) ser chamados a orientar os leões, pelo menos até ao final da época. Nomes? Aí vão: Caiado, José Augusto, Peres Bandeira, e mais outros.

Bom, mas a nossa função aqui, nestas colunas, é mais propriamente falar do jogo de sábado. Resumidamente, vimos duas equipas completamente diferentes, a do Riopele (ansiosa por obter, pelo menos um ponto) a jogar muito certinha, sem recorrer ao ferrolho ou ao anti-jogo (tácticas tão usadas quando «o mais fraco visita o mais forte»), trocando a bola ao primeiro toque e tentando sempre, aproximar-se da baliza de Botelho, a outra (a do Sporting), tecnicamente muito melhor, mais apetrechada, mastigando o jogo, e, apesar de tudo, evoluindo à mercê dum ou outro momento de inspiração de cada jogador. Mais isso (e assim) que, propriamente, executando um plano de conjunto, um labor colectivo.

Jorge Jesus, no Riopele 77-78.

E tudo feito com uma lentidão impressionante. Por compartimentos: defesa do Sporting, joga descrente e desconfiada; o sector intermediário não existiu; na linha da frente, Baltasar não tem ainda o ritmo do campeonato, Manoel pegou mal, e Manuel Fernandes atravessa um período menos brilhante. Só Meneses e Inácio na retaguarda e Keita a meio campo, ultrapassaram a mediocridade geral. Depois do primeiro golo, que surgiu cerca dos 25 minutos de jogo, esperava-se então que a turma «leonina» espevitasse e sobretudo procurasse construir o resultado que o seu prestígio lhe impunha.

Nada disso, aconteceu: foi o Riopele que melhor jogou a partir desse momento, e seriam ainda os «fabris» que reporiam a igualdade, aos 10 minutos do segundo tempo. Sem nada mais de especial a contar, chegou então o minuto 61º, que iria ditar o resultado final da partida: António Luís, rasteirado por Murça, na grande área leonina, proporcionou à sua equipa uma grande penalidade, muito bem assinalada pelo juiz da partida, Joaquim Gonçalves, homem que veio, do Porto. Um árbitro que até ali tinha feito uma mão cheia de asneiras (por muito que esta afirmação pese ao diretor-geral dos Desportos), sobretudo pelo mau trabalho dos seus auxiliares, mas que retornaria aos vestuários, em bom plano.

Piruta encarregou-se da sua transformação: denunciou o remate e Botelho respondeu com uma óptima defesa, tirando assim aos profissionais do Norte, a hipótese de se colocarem na situação de vencedores. Se tal acontecesse, dificilmente o Sporting teria modificado a situação. Mas o guarda-redes «leonino» defendeu e, a partir dai, sacudidos e despertados da sonolência em que andavam, os donos da casa lançaram-se abertamente à conquista do golo que surgiria nove minutos depois, num lance de insistência de Inácio. O defesa esquerdo dos «leões» foi lá adiante, cruzou com peso, conta e medida para dentro da grande área, onde apareceu a cabeça de Keita, para o passe a Manoel, o qual, ainda de cabeça, atirou para as malhas.

A equipa “empresa” do Riopele 1977/78.

Os adeptos «leoninos» respiraram fundo e o caso não era para menos. Estava feito o resultado final e a vitória do Sporting (onde a sorte se sobrepôs ao mérito), apesar do «forcing» dos locais, nos momentos derradeiros, ter sido superior ao Riopele.

Árbitro: Joaquim Gonçalves (Porto).

Sporting: Botelho, Murça, Laranjeira, Meneses e Inácio; Barão, Manaca (Cerdeira) e Keita; Manoel; Manuel Fernandes e Baltasar (Isaías).

Riopele: Padrão, Orlando, Ederson, Vitorino e Teixeira; Piruta, Luis Pereira, Barros (Neca, e depois Garcês) e Jesus; Fonseca II e António Luis.

Golos: Baltazar (25’) e Manoel (70’) para o Sporting; António Luis (55’) para o Riopele.

Cartão amarelo para Laranjeira, que chutou a bola sem bota na sequência do «Penalty» defendido por Botelho.

Fonte: Diário de Lisboa

Data: 15/04/1978
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (2-1) Riopele, CN - 23 Jornada

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