RUGIDO VERDE

O ex-campeão do Sporting admite que o plantel é limitado e não rende como esperado, sobretudo pelas graves lacunas na defesa e no meio-campo.

Abaixo das expectativas, claro… Explicações? O claro abaixamento de forma de jogadores nucleares. Como os resultados não surgem, os jogadores começam a ter medo de errar e mostram medo de ter a bola nos pés. Existe a vertente física, mas acima de tudo o problema do Sporting é psicológico e a parte técnica também sofre com isso.

As última equipas campeãs começaram mal. Há margem para recuperar?

Dois ou três triunfos seguidos podem fazer a diferença, para readquirir a confiança perdida. No meu tempo, havia três candidatos ao título e as vitórias valiam dois pontos, era mais complicado recuperar. Mas vamos ver. Não será fácil, isso é certo – o Sp. Braga, o FC Porto e o Benfica atravessam um bom momento…

A melhoria do rival Benfica está directamente relacionada com o aumento da pressão dos adeptos junto da equipa?

Claro que olhar para o lado e ver o grande rival bem e confiante pesa. Os adeptos caem muito mais em cima em qualquer falha. Depois apodera-se da equipa quase uma sensação de descalabro e deixa de haver o discernimento desejado.

Atribui grande parte da culpa à ansiedade, no campo e nas bancadas…

É uma cadeia que começa mal e depois se arrasta a quase todas as vertentes…

Mas qual é o sector que necessita mais de ser melhorado para a retoma?

A defesa tem apresentado muitas dificuldades para ser coesa: notam-se deficiências na marcação e o único que se tem safado é o Carriço, que tenta disfarçar as carências. Mas o problema é maior e vem do meio-campo, que não marca bem. As segundas bolas nunca vêm parar aos pés dos jogadores do Sporting, o que dificulta a manobra de todo o conjunto. Com isso, sempre que o adversário sai em ataque rápido ou contra-ataque, existe inferioridade numérica… O meio-campo não só não pressiona como parece que ainda ter medo de subir no terreno.

Concorda com a decisão de manter total confiança no trabalho de Paulo Bento?

Concordo plenamente com a visão de José Eduardo Bettencourt – a continuidade de Paulo Bento é a medida certa. O problema não é ele mas sim o plantel limitado que o Sporting tem. E se não há dinheiro para comprar jogadores, ia gastar-se a trazer um novo treinador?

Mas admite que existe algum desgaste?

Claro, é sempre o mesmo a dar a cara, a defender o grupo, a ser castigado… E isso também deve ser alterado de vez.

A recepção ao Penafiel, para a Taça de Portugal, é o jogo ideal para a viragem?

Penafiel, Cascalhense ou outro, têm é de ganhar. E por quatro ou cinco! Mas, para isso, têm de entrar na máxima força e marcar cedo, sob pena de andar outra vez a correr atrás do resultado com a impaciência dos adeptos a aumentar.

Fonte: Jornal i