RUGIDO VERDE

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Sexta-feira, Abril 19, 2024

César Prates: “Querem laterais? Apesar da idade, estou fresquinho!”

O brasileiro de 34 anos que ajudou a quebrar o jejum de títulos – no Sporting e em quase todos os clubes por onde passou – ainda segue os leões. E, falando de pressão, recorda a entrada de indivíduos armados no balneário da Portuguesa.

Há quase dez anos, veio para o Sporting e alguns meses depois foi campeão. Ainda se recorda da chegada a Alvalade?

Lembro-me de tudo. Estava no Corinthians e gostei do convite. Na primeira conferência disse logo que tinha chegado a hora de o clube ser campeão. E um jornalista – que hoje ainda conseguiria reconhecer – perguntou-me: “Sabe que o Sporting não é campeão há 18 anos?” Respondi de pronto. “Sim, sei. Mas será agora, por onde passei fui sempre campeão.”

E o jejum foi mesmo quebrado…

Claro, eu tinha avisado… [risos]

Quem o recebeu melhor no clube?

Todos! Claro que tinha algumas pessoas mais próximas como André Cruz, que tinha chegado comigo, ou Mpenza. Depois havia Nélson, que era o maior! Tínhamos um plantel superamigo e unido.

E o trabalho com o treinador Inácio?

Foi das pessoas mais importantes que passaram pela minha vida. Conversou comigo, perguntou as características que mais gostava de explorar, tinha carácter. Fui titular num jogo para a Taça, com a U. Leiria, e marquei o golo da vitória. A partir daí, nunca mais saí do onze.

O segredo era esse espírito de grupo?

Só um balneário assim conseguia quebrar um jejum tão grande. Em três épocas e meia no clube, ganhei cinco títulos. Lisboa andava mais feliz. E verde!

Mas a equipa de 2001/02 era melhor…

Havia mais alternativas e jogadores de nível mundial mas a estrutura foi-se mantendo. O João Pinto, que lidava bem com a cobrança, o Jardel, uma máquina de fazer golos, o Sá Pinto, ídolo da torcida…

E Bölöni, que era diferente de Inácio…

Mas a equipa é conduzida pelos jogadores. Bölöni era mais metódico. Foi uma nova experiência, também correu bem. Mas não houve nenhum como Inácio.

A saída do Sporting foi muito dolorosa?

Custou muito… Estávamos a negociar a renovação e apareceu o Galatasaray. Quis mudar de ares. O problema foi quando vim rescindir: entrei no balneário e começámos a chorar. Só aí percebi o que tinha feito… O Sporting é a equipa que mais me marcou, na sala só tenho duas camisolas: a do Sporting e a do Brasil.

Ainda acompanha a equipa agora?

Claro, tenho vistos os jogos. Está a atravessar um mau momento mas isso sempre aconteceu. Vão dar a volta, tenho a certeza. E se ainda estivesse aí, o título era uma coisa garantida! É sempre assim…

Gostava de voltar ao Sporting? Aqui diz–se que a equipa precisa de laterais…

É o meu clube. Querem laterais? Apesar dos 34 anos, estou fresquinho! [risos]

Quais são agora os melhores jogadores?

Orgulho-me de ter visto crescer o Moutinho. E o Liedson, que agora também marca por Portugal. Mesmo não estando lá, sei como funciona o plantel. Eles vão dar a volta. O balneário está forte.

E Paulo Bento? Ainda jogou com ele…

É gente boa. Há contestação, o que é normal quando os resultados não saem. O clube tem de voltar às conquistas, só isso dará valor ao trabalho feito. E merece: é um óptimo condutor de homens.

Já se percebia que ia ser treinador?

Ele, Rui Jorge, Rui Bento, Pedro Barbosa… Percebia-se que todos iam continuar no futebol. Assim como era fácil ver que Ronaldo, Quaresma ou Viana trabalhavam para jogar em grandes campeonatos e serem dos melhores do mundo!

Tem-se falado muito na pressão dos adeptos sobre a equipa. Também sentiu isso?

Nunca de forma exagerada. Os torcedores querem ganhar, é tudo normal…

Mas aí na Portuguesa chegou a ver o balneário invadido por adeptos armados…

Não foi bem assim. Um antigo director e outros entraram no balneário porque estavam insatisfeitos. O Edcarlos [ex-Benfica] dizia que queria sair e criou-se um ambiente complicado. E esse director estava fulo com ele…

Mas viram-se armas lá no meio…

Esse director já teve problemas de sequestros na família, anda sempre armado…

Fonte: Jornal i

Data: 16/01/2009
Local: Jornal i

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