RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sábado, Abril 20, 2024

E SE CORRE MAL…

Acabámos a época com a corda na garganta, pela necessidade de vender antes de 30/06. Primeiro, porque era importante salvar o resultado do exercício que tudo aponta será negativo entre 30 a 40 Milhões de euros. Em segundo e sobretudo, porque era imperioso resolver a falta de liquidez, essencial para cumprir compromissos imediatos como pagar salários e serviços.

As vendas não aconteceram, o resultado do exercício será penoso e extremamente condicionador dos próximos exercícios pois as regras do fair play não foram suspensas para todo o sempre. Por outro lado, o problema de liquidez, na falta de melhor, foi temporariamente resolvido com a antecipação das receitas da UCL, não custa nada é só pagar os juros …

Entramos no novo exercício e como a receita da UCL não dá para tudo e a corda no pescoço vai apertando. assistimos a esta participação maravilhosa no mercado.

É de lamentar que não houve nenhum negócio comunicado à cmvm e aos sócios. Se não estou em erro, apenas o Esgaio teve direito à divulgação dos termos do negócio. Assim, tudo aquilo que sabemos é aquilo que é transmitido pela comunicação social e que todos estamos a aceitar como sendo os valores e as condições corretas.

A avaliação que faço nada tem a ver com as qualidades técnicas dos jogadores, mas somente aquilatar dos termos, da necessidade e da oportunidade dos negócios.

 Vamos então às movimentações no mercado.

 – Quando esperávamos que a opção por Porro fosse ativada de forma a terminar com especulação sobre valores da opção e de eventuais cláusulas de recompra, assistimos à contratação do seu suplente por 5.5M e apenas por 80% do passe. Para além de atirar para o próximo ano a opção de Porro, pagámos e bem por um suplente que dificilmente será um investimento para valorizar e ser vendido, enquanto vai tapando apostas em jovens de maior potencial.

– Empurrámos também para a futura direção o pagamento de 10M por 50% do Vinagre, assim é fácil, fácil.

– Do Virginia, o que dizer, vendemos Max já com experiência de primeira liga e vamos promover o Virginia, cuja opção mais uma vez terá de ser honrada por uma futura direção. Cheira tanto a vender para pagar salários que o melhor é nem desenvolver.

– Ugarte é só mais um que custou 6.5M por 50% do passe e empurra-se novamente com a barriga a possibilidade de adquirir mais algumas peças pela próxima direcção.

– Sarabia… poderia incluir este “negócio” (há quem chame isso ao que sucedeu) na venda do Nuno Mendes mas, o jogador luso, e porque alegadamente foi a principal movimentação do mercado, terá direito a avaliação separada. Todo o mundo detetava lacunas no plantel, defesa central e ponta de lança e somos surpreendidos por esta manobra. Já nem falo no exemplo João Mário, que valorizamos para reforçar o rival, nem no exemplo do Braga que já desenvolveu o negócio das mais valias no direito de vitrine, vou referir apenas que, e acreditando no sucesso do Sarabia, as possibilidades de promover os nossos ativos como Jovane, TT, Nuno Santos e até Tabata ficam mais reduzidas.

– Chegámos por fim a Nuno Mendes. Pagámos em novembro uma choruda comissão apenas para aumentar a cláusula para 70M. Aumentando, e bem, o poder negocial na teoria, mas depois assistimos a este aborto de negócio: recebemos 7M e possivelmente serão pagos mais 40M no próximo ano, que seguramente serão de imediato adiantados, custe o que custar, pois a fome é muita e a vontade de pagar comissões e juros não é menor.

– Assistimos à venda de alguns resquícios da herança e que mesmo assim, foram a principal fonte de receita e à incapacidade de realizar mais valias com excedentários contratados por esta direção que são despachados a custo zero, emprestados e assumindo até o pagamento do salário, pelo menos grande parte dele. E para o ano estão cá de novo a receber a inovadora comissão de manutenção de contrato e esperando que a próxima direção resolva definitivamente o problema.

– Por último, temos a aquisição de uma boa série de jovens, alegadamente a custo zero, e digo alegadamente, pois esta direção é vezeira, em apresentar nos ReC um gasto anual de 4 a 5M de euros relativos à compra de “outros jogadores”. Acreditar que não houve comissões nem prémios de assinatura nestes custos zero é como acreditar no pai natal. Agora se justificam o investimento feito, cujo valor individual nunca conheceremos, é como os melões …

Em resumo, neste mercado hipotecou-se já o próximo, que pode ser já da responsabilidade de outra direção, a qual irá enfrentar o mercado e ainda antes de qualquer compra leva já o compromisso de pagar cerca de 30M desta época, vai ser bonito.

A única coisa boa, visível e palpável que se retira deste mercado é apenas a manutenção do Palhinha, e seguramente apenas acontece porque o telefone do Viana não tocou, as preces do Ruben Amorim foram atendidas.

Não me custa admitir, que desportivamente estamos mais fortes, até pela falta de conhecimento técnico, só podia, atendendo às exigências desta época, mas financeiramente estamos cada vez mais na bancarrota.

Cada vez mais a situação é semelhante ao tempo de Godinho Lopes: vamos ter um exercício com mais de 30M de prejuízo, com dívidas a clubes e comissionistas impensáveis (nem GL se atreveu a tanto) e elevados  compromissos bancários para honrar e, para compor o ramalhete, cada vez com mais passes ou seja mais valias partilhadas. De notar que a moratória concedida pelos bancos, ao abrigo das facilidades Covid, um dia vai terminar, e quando isso acontecer esse dia não vai ser bonito de se ver, um dia …. tic, tac, tic, tac.

Não posso terminar sem realçar o seguinte, até porque é demasiado importante e para mim uma das mais importantes ilações que retiro deste mercado. Depois de desbaratar a herança, de comprometer o futuro com antecipação de todas as receitas possíveis, chegou a fase de resolver os problemas com a manobra das opções de compra. 

Desengane-se quem acha que são apenas compras com prazos de pagamento longos. Não, é mesmo um estratagema bem próprio de clubes com dono e sem obrigação de prestarem contas. Trata-se de uma manobra para não reconhecer contabilisticamente a compra e com isso o crédito de terceiros – uma habilidade para enganar reguladores (UEFA,CMVM,Acionistas,Sócios) apresentando as contas com menos custos e menos dívidas. O compromisso já existe, é real e vai ter influência significativa já no próximo exercício, que até pode nem ser da responsabilidade dos atuais habilidosos, para não lhes chamar outra coisa.

Deixo a pergunta para quem elogia a intervenção neste mercado … E SE CORRE MAL???

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