RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Terça-feira, Outubro 15, 2024

Conspiradores pela “Verdade”

Em tempos de uma pandemia à escala mundial como nunca vivemos ou imaginámos (provocada por um vírus altamente contagioso e de consequências ainda por apurar a fundo nos próximos anos), tenho constatado o surgir de uma série de grupos “negacionistas” sobre algo que salta à vista de todos nós, terá efeitos futuros nefastos aos mais variados níveis, ainda que de momento não sejam mensuráveis. Se, pelo mundo fora, esta corrente tem demonstrado uma vertente mais agressiva nas suas(?) manifestações (basicamente tomadas de assalto por grupos anarquistas a querer fazer valer os seus “valores”), defendendo um pretenso direito à resistência que não se aplica, a meu ver, neste contexto atual, por cá, a situação é muito mais morna, nas acções (valha-nos isso) e na narrativa.

Fico preocupado quando vejo grupos de pessoas, supostamente com formação superior (o que, à partida, pressupõe que sejam pessoas que tem um mínimo de capacidade para formular, estruturar e transmitir pensamentos lógicos e fundamentados), a confundir (será confusão?) uma questão de saúde pública generalizada a nível planetário com o condicionamento ou limitação dos seus “direitos e liberdades garantidos”.

Lavram a céu aberto as teorias conspirativas, questionam-se as intenções dos líderes mundiais mesmo que para tal não se possua o mínimo de capacidades para discutir o assunto, quanto mais questionar com veemência as decisões. O mundo ao contrário.

Há dias, um juiz de Odemira, que faz parte do grupo “juristas pela verdade”, questiona os pretensos atropelos ao estado de direito, inclusive fornecendo minutas “à la garder” aos cidadãos para questionarem contraordenações e para apresentarem queixas-crime contra as forças de segurança, de forma a poder contornar as regras estabelecidas PELO GOVERNO para este estado de emergência. Um grupo de médicos, ditos pela verdade(?), há meses, apelando à desobediência quanto às medidas de distanciamento, confinamento, questionam a utilização das máscaras, etc, etc.

Curiosamente, este juiz, em licença sem vencimento há nove anos da magistratura judicial (exercendo advocacia), apela desta forma a uma espécie de insurreição encapotada de defesa dos direitos. Fundadores dos “médicos pela verdade” a serem suspensos por disseminarem a utilização das máscaras como uma farsa enquanto meio de proteger as pessoas ou mesmo indicando como falsear e manipular resultados de exames PCR de despiste da doença. A meu ver, num caso e noutro, completos atentados à saúde pública e à segurança das pessoas. Tudo para disseminar as suas “ideias”, independentemente das consequências dos seus atos.

Além destes estranhos movimentos de grupos “especialistas”, já vinham a manifestar-se movimentos terraplanistas (wtf?!) que até colocam em causa a ida à lua e que o planeta tem bordas, como se de uma mesa se tratasse. Questionando inclusive que, para lá desses limites, haveria “guardiões” que insistem em manter-nos dentro da cerca, qual gado. Juntando os “Q-Anon” (que terão estado envolvidos naquela cena digna de filme apocalíptico em Washington) e outros conspiracionistas, temos montado um verdadeiro caldinho explosivo.

Aos dias de hoje, a liberdade e a disponibilidade de informação (sobretudo pela internet), que deveriam ser ferramentas para nos permitir ser mais instruídos, informados e potenciados nas nossas capacidades, em mãos e neurónios mais destreinados, tornam-se verdadeiras armas mortíferas da capacidade de raciocínio e discernimento. A capacidade de ser distraídos por estes “agentes” dependerá sempre, e em primeira instância, de cada um de nós. A capacidade de filtrar os constantes bombardeamentos de informação distorcida e condicionada será cada vez mais uma ferramenta para a vida.

As narrativas, difundidas por fontes duvidosas que auxiliam a sua disseminação, devem ser contraditadas de forma veemente e sem contemplações. Com FACTOS. Mas isso traz um consumo de energia extra que nem todos estão disponíveis para aplicar. O BOM SENSO, encarregar-se-á de fazer o restante para nos manter no trilho do equilíbrio que cada vez é mais estreito.

Nos inícios de 2018, um grupo de conspiradores começou a dar a cara depois de alguns anos a trabalhar na sombra (cartazes, flyers, campanhas difamatórias nos meios de CS habituais) e colocou em prática um conjunto de acções que visaram amplificar uma visão deturpada da realidade e endrominar aqueles que, de forma inadvertida ou simplesmente negligente, estavam disponíveis para verem lavrados os seus intentos.

Materializaram pretensas manifestações de indignação gigantescas (uma centena de pessoas? duas?), apregoaram um pretenso consenso quanto às características nefastas do anterior timoneiro, fizeram um cerco mediático a todos os níveis, terminando com um assassinato público de caracter duma pessoa, de forma canalha e cobarde, com meios mediáticos nunca vistos neste país de forma tão despudoradamente às claras. Alcochete fora uma cereja cristalizada para o topo deste bolo. Processo que todos conhecemos e que seria fastidioso relatar novamente.

Atualmente, contamos com a mais que provável conquista dum campeonato sénior de futebol masculino, que, a meu ver, será o potenciador da alienação generalizada de TODOS AQUELES QUE DEVERIAM ESTAR ZELOSAMENTE ATENTOS e que permitirá consumar mais um episódio na gradativa caminhada rumo a destruição da Associação Desportiva que é o Sporting Clube de Portugal que todos conhecemos e ao emergir duma entidade privada que procurará ter apenas a satisfação (€€€) de apenas alguns, também com os seus próprios “clientes”.

Os Conspiradores pela “Verdade”, vulgo, a “casta dos sportinguistas de bem”, preparam-se para dar a estocada final, tornando os sócios em clientes, sem que a esmagadora maioria o venha a perceber em tempo útil. As sereias cantam, os marujos embalados, seguem o rumo como cordeiros para o sacrifício “maior” pois a festa dos “deuses” não pode ser parada.

O conhecimento será a arma. A memória será o futuro.


Texto escrito em parceria com www.brunodecarvalho.com

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Comments

  1. Rui Mestre

    Por um lado devemos contestar (e muito bem) a actual direcção do SCP e as narrativas que a comunicação social há anos constroi em torno deste e de outros escândalos. Devemos estar atentos para a destruição (que só não vê quem não quer) do nosso clube enquanto os cartilheiros debitam sucessivas bacoradas encomendadas que nada têm a ver com a realidade para enganar o povo.

    Mas é muito preocupante que as pessoas não se compenetrem da gravidade de um virus que em 3 vagas infectou 1.74%, matando menos de 0.04% da população mundial. Também pela nossa falta de conhecimentos (ou cérebro) não devemos ousar contestar as bem informadas e inteligentes decisões dos líderes mundiais (apoiadas nos suprasumos das epidemias) apesar de andarmos há mais de um ano a entrar e sair de confinamentos. Não devemos estranhar que a OMS apresse um plano de vacinação que deveria durar no mínimo 5 anos para 6 meses e ignore completamente qualquer resultado de outras profilaxias como a cloroquina ou a invectermina, considerando inconclusivos os resultados decorrentes da sua utilização.

    Como podem reparar, referi apenas factos que me confundem a mente há um bom par de meses, não entrando nas teorias da conspiração. Da mesma forma como não consigo aceitar as narrativas sem sentido em relação à direção anterior ou aos sucessivos escãndalos no futebol nacional que têm passado impunes. A minha formação em ciências exatas ensinou-me a questionar tudo para obter um entendimento cabal dos factos/teorias apresentados; pelo que dogmas ou tabus não fazem parte do meu dicionário!

    Se para o autor deste artigo todas as bizarrias que envolvem esta pandemia são perfeitamente entendíveis e justificáveis, perfeito! Peça a Astra Zéneca com toda a confiança e sem medo dos AVC’s! Mas retire esse tom paternalista com que trata todos aqueles que questionam essa verdade absoluta da imperiosa necessidade de arrasarmos a nossa, economia, morrermos por falta de assistência nos hospitais, dar em loucos por estarmos aprisionados nos nossos lares e, em última análise, destruirmos as nossas vidas por causa de uma pandemia.. ou de uma bem orquestrada campanha de terror!

  2. No Rules, Great Sake

    Quando referi os anarquistas, estava a referir-me a todos aqueles que aproveitam as manifestações publicas para gerar violência nas ruas, tumultos e destruição.
    Fica o esclarecimento.

    1. HULK VERDE

      Fica o esclarecimento. A confusão prende-se com o facto de só essa corrente política, digamos assim, ter sido identificada no texto e responsabilizada pelos “males do mundo” actual. Quando há tantas outras que deviam ter sido identificadas e responsabilizadas, até por terem um impacto muito maior nas causas e consequências dos problemas actuais, e cujos efeitos destrutivos e tumultuosos são muito maiores (guerras, crises económicas, embargos, perseguições, manipulações, etc).
      De qualquer forma, é de agradecer e ressalvar o esclarecimento.

  3. HULK VERDE

    Já agora, uma correcção. Historicamente, e não como erradamente se propagou recentemente através da desinformação da alt-right que pelos vistos já fez bastantes estragos em algumas cabeças pensantes, os anarquistas nada têm a ver com essas correntes de extrema-direita. O fascismo sempre foi inimigo do anarquismo, e vice-versa, são ideologias opostas quanto mais não seja porque o anarquismo opõe-se ao Estado e às corporações, e o Fascismo é estatizante e corporativista, avesso ao sindicalismo e defensor o jugo do patronato e da elite estatal e económico-financeira sobre o povo, o campesinato e o proletariado, daí ser anti-democrática. Por seu lado o anarquismo é avesso ao direito de propriedade privada, e opõe-se à oligarquia e ao imperialismo capitalista. Se até essas noções de ciência política e históricas já foram reescritas por movimentos de reescriya da história e manipulação de massas inspirados no QAnon e outros que tais, não podemos apontar o dedo a ninguém e acusar de terem sido “brainwashed” sem estarmos a ser iguais ou piores. Há muita falta de conhecimento dos conceitos, e isso não é por falta de informação, é por falta de tempo e dedicação a aprofundar esses mesmos conceitos. Não, o QAnon não tem nada a ver com os verdadeiros e originais anarquistas. Os anarquistas combateram precisamente as monarquias (veja-se o regicídio em Portugal), e os impérios industriais e ditaduras fascistas, assim como a opressão dos estados comunistas. Um pouco de noção histórica impede-nos de ir ao sabor das modas e da propaganda dos nossos dias, repetindo como papagaios os disparates que nos põem no prato como verdades absolutas.

  4. Ricardo

    Em que ficámos a saber que Bolsonaro, Trump e Ventura são “anarquistas”…

  5. HULK VERDE

    Se formos a acreditar em tudo o que nos apresentam os ditos meios de comunicação de massas e canais pertecentes a grandes grupos económicos e controlados por lobbys como a Maçonaria, entre outros, uma coisa garanto: vamos ser todos mais limitados e ignorantes. E exemplos de grandes mentiras repetidas muitas vezes nessez mesmos canais, com consequências desastrosas, que vieram a provar-se falsas e altamente nocivas e destruidoras não faltam. Ou o amigo também acreditava nas notícias veiculadas pelas agências governamentais de informações americanad, com os seus tentáculos espalhados por todo o mundo, que havia armas de destruição massiva no Iraque, à disposição do ditador Saddam Hussein? E como essa peta monumental, muitas outras são divulgadas como verdades absolutas só para manipular os que nada questionam e os manter na ignorância. Veja-se o estranho caso do “terrorismo” em Alcochete, e o mandante condenado antes de ir a julgamento. Exemplos não faltam, para quem não andar com os olhos tapados (o 3.° inclusive). E não é a meter tudo no mesmo saco como se fosse tudo igual e a mesma coisa que se destrinça o que é razoável e plausível, quiçá possível e factual, do que é mera divagação, fantasia e desinformação. Uma coisa tenho a certeza, não é com bitaites, generalizações ou clichés que ficamos mais perto da verdade. E ela anda lá fora, à solta.