RUGIDO VERDE

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Terça-feira, Abril 16, 2024

Três Anos Depois, Um Velho Sporting

Caros Consócios,

Escrevo-vos hoje, a algumas horas de um evento cada vez mais raro e dificultado pelos Órgãos Sociais do Sporting Clube de Portugal – uma Assembleia Geral.

É com enorme orgulho que o faço no Rugido Verde, um espaço de Sportinguismo que, independentemente das circunstâncias, nunca deixou de se bater pelos valores sob os quais foi fundado.

Há sensivelmente três anos, quando os atuais Órgãos Sociais assumiram o controlo do Clube, a situação do mesmo era bastante diferente. Vínhamos de um período muito conturbado, para o qual os atuais responsáveis do Clube não se importaram nunca de contribuir.

Num ato eleitoral em que se proibiram candidaturas, não fosse o Diabo tecê-las, acabámos entregues a um falso herói de guerra que, nesse mesmo momento de máxima instabilidade no Sporting Clube de Portugal, mostrou o seu lado mais oportunista, desertando. Mesmo sem ter a maioria dos votantes do seu lado, esta figura cobarde, que até dos sócios tem receio, venceu essas eleições, trazendo consigo, entre outros, uma das figuras mais sinistras da História do Sporting: Rogério Alves.

Deu-se assim o regresso de uma personagem que, embora se pavoneie em todas as estações de televisão falando de todo e qualquer assunto, como se de tudo percebesse, no que toca ao Sporting, parece sempre com pouca vontade de fazer o seu trabalho. Advogado e amigo de demasiadas figuras antagónicas ao bem do Sporting, o verdadeiro Presidente da Direção (disfarçado de Presidente da Mesa da Assembleia Geral) regressou ao Sporting com uma vontade redobrada de dificultar a vida aos associados do Clube, privando-nos dos mais básicos direitos que essa condição nos confere.

A sombra do ceticismo já não paira sobre nós. Três anos depois restam, realmente, poucas dúvidas sobre a missão dos indivíduos que estão ao leme do Sporting. O Clube passou a ser um dos elementos mais ativos do nojento “carrossel” de Jorge Mendes, acumulando dívidas, fazendo favores, negociando sempre sem salvaguardar os próprios interesses financeiros. Parece uma questão de tempo até a situação financeira ficar insustentável, chegando então o ponto do não-retorno.

Tendo isto em conta, o Sporting CP de hoje é um… velho Sporting.

Mesmo numa altura de sucesso desportivo em várias frentes, pairam nuvens antigas sobre o Clube, nomeadamente sobre as finanças e a sustentabilidade a longo-prazo do mesmo. A tempestade da COVID foi usada como desculpa para diversos negócios ruinosos, que pintam o Sporting como um bobo do mercado, que compra caro e vende barato, para gáudio de quem disso se aproveita.

Todo este tempo passado e:

ADN Sporting

Infelizmente, resgatámos princípios e valores que, durante breves anos, tinham deixado de ter lugar no Sporting. Voltámos a dividir, ainda que o mote de quem nos lidera fosse o de “unir”. Voltámos a dificultar a vida aos associados. Voltámos a elitizar um Clube que, por ter a dimensão (inter)nacional que tem, devia ser popular.

Para aqueles que, efetivamente, visionam um Sporting Clube de Portugal à frente do seu tempo, dói muito ver o quão rápido se retrocedeu em tão pouco tempo. Dói ver o seu representante máximo falar de luta contra o sistema em contracorrente, ao mesmo tempo em que o Sporting abdica de recorrer de processos como o “E-Toupeira” e se alia a Jorge Mendes, personagem mais representativa daquilo que é o “sistema”.

Formação

Nem a formação do Clube, área tão acarinhada pela massa adepta do Sporting, apesar de ser a principal fonte de facadas no coração de quem gosta do Clube, escapa à desonestidade e arrogância do nosso presidente.

A nossa formação foi alvo de críticas duras, quando a bola não estava a entrar nas balizas adversárias da equipa sénior. Havia um gap, diziam. Conseguiram, no desespero total de quem só faz asneira, disparar em todas as direções, falando até dos colchões da Academia. Pois bem, os novos colchões devem ter o seu quê de milagrosos. Não só proporcionam melhores noites de sono, como deles brotaram imensos jovens que fizeram parte das mais recentes conquistas do futebol sénior.

Se calhar… não havia nenhum gap. Se calhar, havia (e há) a necessidade de insultar, denegrir e apagar a todo o custo a obra da Direção anterior, que tanto de bom fez pelo Clube.

Mas nem só de colchões se fazem as revoluções. Todos os relvados são novos. Tanto os da Academia Cristiano Ronaldo, à qual o ostentador do naming deu tanta importância como me dá a mim, como o do Estádio José Alvalade. Não satisfeitos com o primeiro tapete verde, desde que me lembro, que não fazia lembrar um batatal em dia de jogo, decidimos, também aqui, voltar atrás no tempo e colocar um relvado que os visitantes de mais alto gabarito insultam antes do jogo.

Marca Sporting

A grande verdade, é que é neste aspeto que mais se tem destacado a atual administração. Não que me surpreenda. Afinal de contas, não é de admirar que a especialidade de indivíduos cheios de rabos de palha seja vender bem a sua marca. Se tudo parecer cor-de-rosa, (quase) ninguém vai desconfiar que, olhando para as coisas como deve ser, se vê muito preto.

É verdade que a nível de redes sociais tem sido desenvolvido um trabalho giro de aproximação entre atletas e adeptos. Pessoalmente, depois de tantas desilusões com jogadores, não me sinto atraído por esse tipo de conteúdo, mas a verdade é que tem adesão, e se tem adesão é porque interessa.

Também é verdade que lançámos um novo formato de Jornal Sporting. Digital. Nunca li nenhum, desde que a versão física foi tornada num autêntico folheto de propaganda, digno de autarcas desesperados em véspera de eleições.

Outra verdade é que estabelecemos uma parceria com a Nike. Uns quantos equipamentos aberrantes depois, fica a dúvida se esta parceria deu a projeção toda que se falava que ia dar ao nosso Clube. Dúvidas minhas com certeza, porque, entretanto, já toda a gente deixou isto passar.

O que não é verdade é que foi criada a Cidade Sporting. Pelo menos agora.

Desenhar meia pista de atletismo e colocar uma tabela de basquetebol não é criar coisa nenhuma. É dar continuidade ao trabalho que já estava a ser desenvolvido nesse sentido, com o Pavilhão João Rocha e tudo o que o envolve. Naturalmente, a atual Direção não pode verbalizar as coisas desta maneira, porque isso envolvia admitir indiretamente que há, efetivamente, obra da Direção anterior que esta ainda não demoliu ou denegriu.

Do melhor Sporting Eclético em 115 anos

Aqui, é a parte em que é impossível continuar com o tom sarcástico que tem levado esta sátira.

É impossível ­brincar com coisas desta seriedade. É impossível ler, sem conter um vómito, Frederico Varandas a dizer que o “novo” Sporting se libertou do status quo, quando vendeu completamente o Clube a todo o tipo de interesses

É impossível não ferver imediatamente a ler a desonestidade com que Frederico Varandas gaba a sua administração por títulos conquistados com equipas cujo trabalho de base foi tão bem feito por quem lá passou antes, sem lhes dar qualquer mérito ao longo do tempo.

É impossível não ter um asco absoluto a pessoas tão mesquinhas e vigaristas.

É impossível não sentir a mais profunda tristeza quando os nossos valores (verdadeiros valores, ao contrário dos apregoados pela triste figura analisada no texto) impedem que se disfrute verdadeiramente de conquistas tão importantes como a do campeonato de futebol, por saber que vendemos a alma ao Diabo.

É impossível apoiar isto. E, mais uma vez, numa das poucas oportunidades que tenho para o demonstrar, irei passar um cartão vermelho a estes Órgãos Sociais. Será, naturalmente, impossível aprovar contas e orçamentos a pessoas que não deram qualquer satisfação aos sócios após verem os mesmos documentos reprovados no ano passado.

Não sou sócio do Sporting Clube de Portugal para fazerem de mim o que querem. Sou sócio para ter voz ativa numa instituição que amo do fundo do coração. Uma instituição que está doente, e que ainda vai a tempo de ser curada, assim a maioria dos sócios se aperceba a tempo de que é liderada por aldrabões.

Três anos depois, um velho Sporting. Aprendam com a História.

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Comments

  1. Apenas não deixei de pagar cotas porque espero ansiosamente pelas Assembleias, enquanto as houver, para votar CONTRA !!!!