Miguel Ângelo: Continuam a Retirar-nos o Amor-Próprio?
Tem-se falado, e já não é a primeira vez nos últimos tempos, de um regresso do futsalista Miguel Ângelo ao Sporting Clube de Portugal. Se vem ou não vem só saberemos com informação oficial, mas para haver tanto “fumo”, é porque é quase certo. Isto leva-me a pensar: “Onde está o amor-próprio?”
A reação dos Sportinguistas a esta hipótese, um pouco por todas as redes sociais, tem sido (quase…) unânime – Miguel Ângelo é persona non grata no Sporting.
Em 2016, depois de representar o Sporting Clube de Portugal por cinco épocas, Miguel Ângelo mudou-se para o eterno rival, dizendo sem quaisquer rodeios que “nem pensou duas vezes”, e que a mudança foi “fácil”. Ora, um atleta que diz isto, sabe que as suas palavras não vão ser encaradas com simpatia por parte dos adeptos do Clube que lhe deu a oportunidade de figurar nos palcos mais altos do futsal, bem como de vencer, entre outros troféus, três campeonatos.
Desde então, Miguel Ângelo é uma figura detestada pela maioria dos adeptos leoninos, que não lhe perdoam a mudança para o rival, as palavras dirigidas (indiretamente) ao Sporting e as atitudes que revelou nos confrontos entre as duas equipas, sendo um elemento provocador tanto dos adeptos, como de jogadores do Sporting (é ver, por exemplo, a agressão a Taynan).
É este o ponto de partida para a elaboração da minha opinião em texto. O regresso de um jogador que, desde que saiu, só mostrou ingratidão e satisfação por não estar deste lado. Não sendo um fora-de-série, repito a pergunta que fiz no primeiro parágrafo: “Onde está o amor-próprio?”
Infelizmente, parece que não existe – não há dignidade. Tem vindo a desaparecer com o tempo, e a vinda de Miguel Ângelo para o Sporting não seria sequer a maior facada que quem dirige o Sporting atualmente daria no amor-próprio do Clube, até agora. Gostava era de, noutros casos, ver também os Sportinguistas manifestarem-se em massa, em defesa do orgulho do Sporting e do desprezo pelos ingratos.
Sobre esta situação já se disse, por exemplo, que terá sido Nuno Dias a pedir Miguel Ângelo. Ora, não vejo como isto possa ser relevante. Realmente, das duas uma: ou o jogador foi pedido pelo treinador, ou foi uma escolha da Direção. A questão é que, em ambos os cenários (pelo menos num clube normal), ambas as partes hão de ter uma palavra a dizer. Ou seja, mesmo que tivesse sido Nuno Dias a pedir o jogador, cabia à Direção do Sporting não aceder a esse desejo, e não contratar um jogador que não respeita o Sporting e que os sócios detestam.
Também já se usou como termo de comparação a altura em que Ricardinho foi apontado como possível reforço para o nosso futsal. Ricardinho, reconhecidamente benfiquista e também ele com um passado de desrespeito ao Sporting (um vídeo com cânticos obscenos), reunia também condições que justificavam que adeptos e sócios leoninos não o quisessem ver a vestir a nossa camisola. A grande diferença aqui está na qualidade do jogador. É que embora Ricardinho não fosse propriamente alguém que os Sportinguistas queriam a vestir a camisola do Sporting, pelas atitudes, tenho a certeza de que muitos estariam dispostos a “engolir o sapo”, porque estávamos a falar de um dos melhores jogadores de sempre da modalidade. De qualquer das maneiras, não veio, logo é um não-assunto.
O caso de Ricardinho difere do de Miguel Ângelo também na medida em que Ricardinho nunca representou o Sporting, por isso nunca cuspiu no prato de onde comeu. Pessoalmente, vejo mais semelhanças entre esta situação e o que se passou com os rescisores (do futebol) em 2018.
Nessa altura, também regressaram ao Clube jogadores que se aproveitaram de um dos maiores momentos de fragilidade na História do Sporting, para rescindirem e enfraquecerem a instituição. Como é sabido, não voltaram por amor ao Sporting, por muito que alguns Sportinguistas tentem fingir que sim – voltaram porque lhes pagaram consideravelmente para tal.
Tenho pena que na altura a reação dos Sportinguistas não tenha sido tão unanimemente negativa. Talvez por o futebol ser uma modalidade mais mediática, e, por conseguinte, ter um público mais abrangente que, como se sabe, foi intoxicado com desinformação e fake news pelos órgãos de comunicação social, com o intuito de ter as massas do lado dos jogadores e contra a Direção da altura. Há muitos Sportinguistas que deixaram que a qualidade futebolística de Bruno Fernandes, por exemplo, os fizesse esquecer que rescindiu com o Clube. Basta olhar para Battaglia, que por não ter um décimo da qualidade, não é visto da mesma maneira pelas massas.
Noutra prova recente da crise de dignidade e amor-próprio que atravessam o Sporting e os Sportinguistas, Gelson Martins, um dos rescisores com que se fez negócio, disse que “Este ano vai ser possível ver o meu Sporting campeão”. Esta declaração suscitou reações divergentes entre os adeptos leoninos, com uma grande parte a realçar a hipocrisia de alguém que diz ser do Sporting ter sido dos primeiros a cuspir no Clube. Por outro lado, a quantidade de likes neste tweet sobre as declarações, por exemplo, fala por si.
Estamos a falar de um jogador que se aproveitou da situação em Alcochete para ganhar uns milhões, rescindir com o Clube, tendo sido informado via SMS do que se ia passar e mentido em tribunal. E ainda há uma considerável fatia de adeptos do Sporting que estão do lado de pessoas deste tipo.
Pessoalmente, nunca perdoei os rescisores, e acho que os dirigentes do Clube (Comissão de Gestão e Direção de Frederico Varandas) rebaixaram a instituição e a desproveram de amor-próprio ao negociar com os que voltaram, bem como ao negociar acordos pelos que saíram e ao ter despedido o advogado especialista neste tipo de caso que tinha sido contratado para defender os interesses do Sporting.
Diga-se que a luta pela erradicação de qualquer réstia de amor-próprio e dignidade no Sporting, por parte desta Direção, não se resume na forma como lidaram com os rescisores do futebol, ou na situação de Miguel Ângelo. Estamos a falar da Direção sob a qual se começaram a descalçar adeptos à entrada do Estádio José Alvalade. É esta a Direção que aceita e promove a censura dos adeptos e suas demonstrações de apoio, retirando faixas de incentivo à equipa de futebol, e deixando de parte os adeptos que se vão deslocando para apoiar a equipa, nas filmagens.
Se quem dirige o Clube nada faz para preservar a dignidade do mesmo, têm de ser os adeptos a intervir. Ou também a nós já nos foi retirado o amor-próprio? Talvez sim, visto que a grande maioria dos sócios, com a boa prestação da equipa de futebol, já não se recorda que ainda não nos deram satisfações sobre nos continuarem a dirigir depois de, em Assembleia Geral, se terem chumbado o orçamento e relatório e contas.
Com o eventual regresso de Miguel Ângelo, quem gere os destinos do Clube volta a mostrar não querer saber do orgulho e do amor-próprio do Sporting. Volta a mostrar que qualquer um pode usar e abusar do Sporting Clube de Portugal, e ainda ser recebido de braços-abertos (seja em campo, ou na tribuna, como William).
A alto e bom som digo que não quero Miguel Ângelo no Sporting, e que me vai agoniar voltar a vê-lo a vestir a listada verde-e-branca. Não terá o meu apoio, pois não apoio ingratos, e serei audível nesta manifestação de desagrado assim que possa voltar a acompanhar o nosso futsal (e todas as outras modalidades) ao vivo, no Pavilhão João Rocha.
Pergunto aos Sportinguistas: ainda temos amor-próprio?
O Varadim e o Alves preparam-se para tirar todos os direitos aos sócios, dizendo que o Sporting não precisa do dinheiro das quotas. Isto foi reforçado por Riciardi, que igualmente diz que os sócios só estorvam a Direcção. O facto é que vai deixar de haver Assembleias Gerais no clube. O Varadim ganhou força na luta com as claques, e agora vai fazer o mesmo aos sócios! Esperem pela pancada.
Pelo que percebi, a questão dos valores tem a ver com a qualidade dos jogadores. O Ricardinho como tem mais qualidade já devia ser aceite por todos. Enfim…
Se os jogadores tiveram falta de respeito pelo clube nunca deviam ser contratados. Ponto. Nem este nem o Ricardinho. Agora fazer a análise conforme queremos arranjar uma narrativa, desvaloriza logo o artigo.
Se leres com atenção, vês que não foi isso que disse. Mencionei duas diferenças na situação de Ricardinho e de Miguel Ângelo, a primeira das quais (como dizes) a qualidade. Não disse que devia ser aceite por todos, disse que por Ricardinho ser dos melhores de sempre, muitos estariam mais dispostos a aceitá-lo a ele que ao mediano Miguel Ângelo.
A segunda diferença, é que Ricardinho é benfiquista, desrespeitou o Sporting, mas nunca jogou no Sporting. Não nos deve nada, tal como eu não devo nada ao benfica. Não disse nada disso de “como tem mais qualidade já devia ser por todos”.
É importante ler e comentar com acerto.
SL
Sim, disseste “ tenho a certeza de que muitos estariam dispostos a “engolir o sapo”, porque estávamos a falar de um dos melhores jogadores de sempre da modalidade.” Pelos vistos sabes o que os outros pensam. O que ficámos sem saber é qual a tua opinião sobre a tentativa de contratar o Ricardinho e se essa tentantiva se inclui no “Se quem dirige o Clube nada faz para preservar a dignidade do mesmo” e “quem gere os destinos do Clube volta a mostrar não querer saber do orgulho e do amor-próprio do Sporting. Volta a mostrar que qualquer um pode usar e abusar do Sporting Clube de Portugal, e ainda ser recebido de braços-abertos” ou se nesse caso já nada disto se coloca. Tenho muito a agradecer a quem tentou o Ricardinho mas critico essa e outras decisões, como também elogio agora quando fazem bem e critico quando não concordo. Agora arranjar narrativas conforme as conveniências, fica com quem as faz.
Não sei o que os outros pensam, mas li por diferentes espaços de Sportinguistas as opiniões. Ainda agora, quando saiu a notícia sobre Miguel Ângelo, nas comparações que houve com Ricardinho, muita gente deu a sua opinião. Toda a gente pode saber o que as outras pessoas pensam, se ler o que as pessoas escrevem. Por exemplo, eu ao ler o que tu escreves, percebo não só o que tu pensas, mas também a intenção com que vieste comentar.
O texto não é sobre o Ricardinho, mas é só disso que falas. Notando que o assunto Ricardinho foi fechado com um “De qualquer das maneiras, não veio, logo é um não-assunto.”
Podes levantar essas questões todas, porque o Ricardinho acabou por não vir, foi apenas usado como um exemplo que nem foi o que indiquei ser mais parecido com a situação de Miguel Ângelo. Claro que isso não é relevante, porque não é disso que tens interesse em falar – aproveitaste para tornar o teu comentário numa comparação fútil entre Direções e numa acusação vazia de narrativas convenientes.
Comecei por pensar que fosse erro de interpretação, mas entretanto deu para perceber que é desonestidade intelectual. Como tal, fim de conversa.
OK. Ficamos assim. Realmente o texto não era sobre o Ricardinho e sobre isso continuas a fugir a dar a tua opinião, o texto era mesmo o arranjar uma narrativa qualquer, neste caso, a incomprensivel eventual contratação do Miguel Ângelo para seguires a tua cartilha. SL
O que pode desvalorizar o artigo é alguém ler na diagonal
Acho que a narrativa está muito bem elaborada, e só gente mal intencionada não consegue, ou não quer, ver isso. O amor-próprio sportinguista acabou quando os bandidos assaltaram o Sporting. Não por culpa nossa, mas pelo desprezo que a seita varandista nutre pelo Sporting e pelos verdadeiros sportinguistas. SL