A Covid-19 e o Sporting
Fez esta semana um ano que entrámos na luta contra a pandemia de Covid-19, os efeitos sobre a economia e, sobretudo, a nossa sociedade têm sido terríveis. Por isso queria começar o texto por expressar os meus pêsames às famílias das pessoas que faleceram da Covid-19 e especialmente à familia da nossa querida e eterna Maria José Valério.
Espero que, graças às vacinas, possamos voltar a uma vida normal o mais depressa possível.
Dito isto, o meu texto não é propriamente sobre a pandemia mas essencialmente sobre os seus efeitos no Sporting, tanto a nível desportivo como político e económico.
A Covid-19 tem sido sempre utilzada por este CD como desculpa passe-partout praticamente por tudo e por nada mas geralmente para esconder a própria incompetência ou a vontade de não dar voz aos sócios.
Quando publicou as contas, este CD indicou que a pandemia e os jogos vedados ao público criaram uma perda de receitas significativa de +/- 7 milhões. Isto explica o estado calamitoso das contas leoninas? Em parte, sim.
Mas a eliminação precoce da Taça UEFA e sobretudo as comissões pornográficas pagas a agentes de jogadores, contribuiu de maneira bem mais significativa para essa situação, com as dívidas a fornecedores (onde estão incluídos agentes desportivos) a quase duplicarem com este CD (e relembro que houveram anticipações de receitas, pagas a preço de ouro, para «sanear» essas dívidas, que afinal não parece ter sido o caso).
E o que dizer das dezenas de jogadores dispensados de borla mas com comissões e indemnizações a serem pagas pelo clube? Pagar para dispensar um jogador como Nani? Este CD inovou com um aumento substancial de salário de certos jogadores, meses antes de os venderem ao desbarato (com comissões bem chorudas) com o pretexto que se vai «poupar» em ordenados. Mas então porquê fazer esse aumento se o clube não o pode suportar? Porque não vender o jogador a seguir pelo preço certo do mercado?
Sim, porque este CD também inovou ao comprar jogadores pelo dobro do seu valor de mercado (por exemplo o caso de Vietto) para depois vender outros pela metade do seu valor de mercado (por exemplo Bas Dost) … e depois a culpa é da Covid-19.
E o que dizer de uma geração inteira de jogadores da formação vendidos a preço de saldo, só para depois poderem vir dizer que há um gap de 5 anos (correspondendo ao mandato de BdC) na formação e que este CD resolveu esse problema ao comprar colchões?
A Covid-19 deu muito jeito a este CD, permitindo acabar com modalidades (embora as promessas eleitorais de Varandas terem ido no sentido oposto), desinvestir em outras, acabar com o projecto olímpico … mas investir forte no basquetebol que Varandas touxe de volta. A máquina de propaganda deste CD aproveita cada fim-de-semana vitorioso para lançar farpas sobre este argumento, eu quero ver no fim da época quantos titulos de campeão ou até titulos europeus vamos ter nas modalidades. É que com o antigo CD foram só 55 e 8 titulos europeus, coisa pouca.
A Covid-19 obrigou o clube a fechar as portas do estádio aos adeptos, com um custo financeiro importante para o clube…mas também uma benção a este CD, que viu assim uma oportunidade perfeita de calar a revolta dos sócios e adeptos. E, também, já ninguém seria obrigado de descalçar-se para entrar no próprio estádio, uma vergonha que nunca foi imposta a membros de claques rivais quando visitam Alvalade.
Rogério Alves, perito em tudo e mais alguma coisa nas TVs, também aproveitou a onda para recusar fazer o seu dever estatutário e convocar AGs exigidas pelos sócios e continuar a violar os estatutos do clube ao seu belo prazer … mas a culpa é do Covid-19.
Mas a ironia maior é que a Covid-19 poderá ser um fator decisivo, a nosso favor, rumo a um título que nos escapa há demasiados anos.
Por culpa da Covid-19, o Benfica não pode enviar convites a toupeiras, árbitros, políticos e presidentes de associações que só se manifestam contra o Grande.
Por culpa da Covid-19 já não podem enviar vouchers, os restaurantes estão fechados.
Por culpa da Covid-19 já não podem organizar “discotecas” ou pagar «fruta fresquinha» a árbitros, assistentes e observadores.
Os resultados estão à vista. Sem o colinho habitual, e tendo de ganhar dentro de campo, tanto Porto como Benfica perdem pontos, e muitos. Engraçado vê-los pressionar e ameaçar árbitros em público e sem que nenhum castigo lhes seja aplicado. Varandas levou dois meses e nem sequer utilizou o termo «roubo».
O Porto leva quase tantos penaltis a favor nesta metade de campeonato como o Sporting campeão 2001/2002 e mesmo assim andam a chorar que são prejudicados.
O Benfica que ficou mais de uma época sem um único penalti contra, está a reclamar penaltis a favor a sancionarem os excelentes mergulhos dos seus jogadores (que saudades devem ter do Jonas Piscineiro).
Os nossos jogadores mais jovens estão habituados a jogar em estádios quase vazios nos escalões de formação ao contrário de jogadores feitos que sentem falta do boost de ego que recebem quando um estádio canta os seus nomes. Marcar golos sem público não tem o mesmo efeito sobre um jogador feito e habituado a esse carinho, comparado a um puto que nunca conheceu isso.
A situação financeira dos rivais também não permite pagar as malas que costumavam pagar, embora ainda haja um antigo jogador da equipa B que possa dar um jeitinho num ou noutro jogo mais complicado.
Saem os actores principais de um campeonato corrupto, entra em campo a máquina de propaganda e os avençados que os clubes rivais souberam meter nas diversas instâncias do mundo do futebol nacional para criarem casos sem fim na tentativa de destabilizar o Sporting no início da recta final.
Entre jogadores falsos positivos que são impedidos de jogar por causa de um comunicado de um director de comunicação, a uma associação de treinadores que se lembrou de apresentar uma acusação formal contra uma práctica ancestral usada por vários clubes, tudo serve para atacar o Sporting.
Este ano, mais do que os anteriores, a vitória será mesmo contra tudo e contra todos, incluindo a incompetência de quem gere o clube e que encontrou no Amorim e no Covid-19 as bóias salva-vidas que precisavam para permanencer no poder e dar de mamar aos amigos. Porque, para este CD onde mama um, mamam todos.
Algumas notas soltas :
- CR7 de volta ao Grande. Este é o sonho de todos os Leões. Facto é que não podemos pagar o salário que o Cristiano aufere e se CR7 realmente quisesse até poderia abdicar do salário como jogador e viver com os seus direitos de imagem e patrocinadores. Acho que CR7 já há muito que tem o seu futuro económico assegurado.
- CR7 de volta ao Grande 2. Aqui vai uma pequena teoria da conspiração: Não podendo pagar o salário de CR7, o CD propõe pagar CR7 com ações da SAD e em vez de pagar um ordenado a Cristiano este será um parceiro estratégico do clube e o maior acionista da Sporting SAD.
Os sócios vão aplaudir tamanha jogada de génio e aceitar a proposta deste CD só para ver CR7 com a verde-e-branca vestida.
Pouco tempo depois CR7 decide acabar a carreira ou voltar para Manchester para acabar lá a carreira e vende as suas ações a Jorge Mendes.
Xeque-mate