RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Terça-feira, Outubro 15, 2024

On The Cat Walk

O Sporting está um charme! Pelo menos no futebol, e na Liga interna, o Sporting é motivo de inveja (sim, não se iludam, não é de admiração).

Raios! Está de tal maneira “in” que até se dá ao luxo de ditar tendências de moda.

O seu atual presidente, aquele que fez questão ser empossado a um Domingo, tal a “vontade” de abraçar o sonho que nunca teve de ser presidente, seja uma espécie de presidente-modelo (Não confundir com um modelo de presidente. Este, nunca destoaria num folheto de têxteis do Lidl ou da La Redoute), prestando-se a tal (verdade seja dita, os meios da propaganda continuam fortes nesse sentido, limando-lhe todas as arestas de forma a ser vendido de forma bem aveludada e polida), enfiando o barrete… perdão, que estamos a falar de moda e de estar “in”, não vamos utilizar coisas ultrapassadas… a boina a todos aqueles que tenham uma cabeça boa de enfiar a dita-cuja.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Refinam-se os gostos. Estéticas diferentes. Há quem lhe chame em muitas ocasiões evolução. Até há uns anos atrás, discutia-se a cor e tonalidade dos calções dos nossos atletas (ah, essa heresia de um clube como o Sporting usar calções verdes) quando mal se sentia haver dinheiro suficiente para não trazer as calças na mão (ainda por cima através de uma marca que não tinha “nome” de prestígio na praça mas que tinha aquela cena com que se compram os melões. Que ousadia, que vergonha).

Ou a falta de pundonor do seu líder máximo se passear por casa (sim, por casa, nessa época a SportingTV era o órgão de comunicação e divulgação privilegiado para difundir a marca Sporting, não como agora são os meios da COFINA. Sim, leram bem: CO-FI-NA) com casaco de cabedal. Cedo o pessoal se deixou encantar pelos cantos dos Ubers, maltratando aquele look cab driver.

Hoje não se discute nada (e mesmo quem assim o quisesse, é mandado às urtigas por quem considera que os estatutos estão démodé e não fazem sentido), está tudo uma paz e um sossego que até dá a impressão, aos olhos dos mais incautos, que o futebol português não é aquilo que é e tem sido nos últimos bons 40 anos. Onde nunca aconteceram os quinhentinhos, os Pratas em fuga em pleno relvado, os boicotes de árbitros, os Ronnys manetas, os padres, as missas, os mails, os dolos sem intenção. De repente, parece que a espuma dos dias não traz por baixo de si um oceano cheio de estranhas criaturas que se movimentam na obscuridade das suas profundezas. As sereias cantam, os marujos bailam. A vida é boa… se acharmos que no Sporting só interessa o futebol e a tabela da Liga.

Vivemos tempos tão estranhos, tão fora do normal, que o Sporting apresenta-se em primeiro lugar da Liga, com larga vantagem de avanço sobre o 2º classificado, no início da 2ª volta. Mais que isso, com um presidente de direcção tão “in”, com um presidente da MAG que faria corar como um menino dos escuteiros um Duterte ou um Putin dos nossos dias, tal o apreço que sente pelos direitos dos outros e pelos seus próprios deveres enquanto alguém que representa – na teoria – os sócios deste que ainda é uma associação desportiva. Associação Desportiva… Associação… Dos sócios… Não um clube privado ou uma Quinta do Patino ou um Penha Longa Atlântico Golf Course, cujos muros, que vedam o acesso, vão muito para além dos erguidos por tijolos e argamassa.

Se recuarmos uns 3 a 4 anos, o cenário era bélico. O Sporting estava literalmente no olho do furacão. Mas, desenganem-se. Lá, no olho do furacão, é o local mais seguro para se estar no meio da tempestade. A envolvente próxima a este olho, essa sim, é que é devastadora. Dizia eu, o Sporting estava no olho do furacão.

Anunciava-se para muito breve uma reestruturação financeira que colocaria o Clube ainda mais dono e senhor do seu próprio destino, com uma esmagadora maioria da SAD na sua posse, deixando alguns encostos indesejáveis (mas necessários à época, dadas as dificuldades) a olhar para as mãos, à míngua. Além disso, vinha de realizar o maior e mais estratosférico contrato de patrocínio alguma vez visto no Clube, com valor global de mais de 500 milhões de Euros. Basicamente, tinha garantido uma “participação” (por via não desportiva, entenda-se), na “Champions League dos milhões” na próxima dúzia de anos, digamos assim. Além disto, tinha acabado de inaugurar uma infraestrutura que muito orgulhou os Sportinguistas, tendo visto, no final dessa época, a esmagadora maioria das equipas das modalidades sagrar-se ali campeãs.

Estava em marcha, a todo vapor, a “máquina imparável” rumo ao regresso do Crónico. Estavam ali os alicerces. Parecia um caminho sem retorno, sobretudo para aqueles que se lembravam dos caminhos tortuosos já calcorreados… rumo a uma felicidade que apenas se conhecia episodicamente, num clube que vivia de momentos efémeros e que apenas se prestava a festejar efemérides e momentos gloriosos esporádicos… que ficaram no passado. Puro engano.

Enquanto se construíam os ditos alicerces para robustecer a capacidade do clube crescer, num terreno movediço e instável, havia quem estivesse mais interessado em olhar para as plantas do edifício a discutir se devíamos colocar rodapés ou sancas, completamente a destempo, quando interessava verificar a estabilidade da cofragem das fundações. Ou seja, os “melhores do mundo”, mais uma vez, a fazer o que melhor sabem. Havendo quem estivesse a dar o couro e a escavar arduamente as fundações, lá mesmo no buraco, havia um monte de “engenheiros”, à beira do cabouco, a mandar palpites de como se devia colocar a picareta, o ângulo da mesma, a intensidade da picaretada, etc…

Pedia-se apenas duas coisas: Apoio e Militância (Engraçado, hoje pede-se “união”). A meu ver, só houve a primeira (rematada no final com a sempre nostálgica volta olímpica aos futebolistas, enquanto se brindava outros – um único, claro – com lenços brancos). A segunda deixou tanto a desejar, sobretudo nos “dias do fim” que nem se notou se alguma vez houve. A militância passava muito por ter uma casca mais grossa para conseguir aguentar os ataques externos. Sim, porque nessa altura, havia quem acreditasse que poderia haver apoio interno, a tão solicitada união dos dias de hoje. União em tempos de paz é uma coisa curiosa de se pedir, La Palisse riria, certamente. Não houve. E a pouca que se foi construindo, ruía a cada saraivada de cartilha que saltava cá para fora.

A cartilha dos rivais (de fora e de dentro). A campanha foi tão negra, tão odiosa, tão díspar que acabou por vencer o homem. Sim, um único homem. A ingratidão e a forma como tudo aconteceu, confesso, continuam a ser para mim uma coisa que não tem explicação e que provavelmente será um episódio no meu sportinguismo que nunca será pacificado pois não há justificação plausível para tanta inércia e tanto descaso na hora de dizer presente.

Voltando aos dias de hoje. Cada vez mais a imagem parece ser o que mais vende. O conteúdo é algo que foi ultrapassado pela ideia que se cria ao “consumidor” (Parece cada vez mais obsoleta e sobretudo longínqua a ideia de existirem sócios e cada vez mais presente a de haver clientes… NO CLUBE!). As campanhas de marketing ultrapassaram o valor intrínseco do produto. Venderam um produto manipulado, adulterado de sportinguismo que parece agradar à grande maioria dos melhores do mundo. Venderam aquilo que hoje se chama charmosamente de pós-verdade. Basicamente, uma mentira mas que soa melhor.

Obviamente que tudo isto é potenciado ao extremo com o facto da equipa de futebol estar a fazer a campanha que está a fazer, também muito “ajudada” pelos percalços dos rivais e, por outro lado, pelos aliados improváveis da comunicação social que outrora minavam todo e qualquer passo dado, que, aos dias de hoje não causa qualquer estranheza dada a sua ausência de beligerância. Já se varreu para baixo do tapete da conveniência, os saltos de fé em um holandês pouco duvidoso e em portugueses, digamos, gelatinosos na sua qualidade técnica.

Trocou-se as carecas pensantes pela capilaridade dos caracóis do Amorim. Pelo meio, compras e vendas com um saldo global risível, negócios incompreensíveis, atropelos a direitos aos sócios e uma gestão que nem se permite apresentar justificação aos próprios patrões sem relatórios nem orçamentos. Verdade seja dita, que não lhes é exigida. Apenas parece ser exigência que o Sporting não traga a vergonha nos encontros de café nem às conversas de ocasião com adeptos de outros que outrora eram penosas de se ter.

Hoje, pede-se UNIÃO. Como? Eu explico quando haverá união.

“Sem justiça não há paz. Sem memória não há futuro”

Com um presidente tão “IN” como não se consegue a dita união?

INSUPORTÁVEL, INQUALIFICÁVEL, INDECENTE, INDIGNO, INTERESSEIRO, INCOMPETENTE, INDESCRITÍVEL, INGRATO, INVERTEBRADO, INJUSTO, INDIFERENTE, INSEGURO, INDELICADO, INSENSATO, INTOLERANTE, INDECOROSO, INCONSISTENTE, INSÍPIDO, INOPORTUNO, INSANO, INSALUBRE, INDIGENTE, ININTELIGIVEL, INERTE, INCOERENTE, INCOMODO, INUTIL, INOQUO, INVEJOSO, INFAME, INFERIOR, INSTIGADOR, INELEGIVEL, INSIDIOSO, INSOLENTE, INSOSSO, INAPTO, INSIGNIFICANTE, INTRAGÁVEL, INVISÍVEL, INCULTO, INDECOROSO, INEBRIADO, INCAPAZ, INOPERANTE, INVALIDO, INADEQUADO, INOPINO, INFANTIL, INSULTUOSO, INTRUSIVO, INFUNDADO, INTRAGAVEL, INTUMESCIDO, INANIMADO, INFRUTIFERO, INEBRIADO, INENARRAVEL, INEXISTENTE, INCONSEQUENTE …

Abraço Leonino

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