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Quinta-feira, Abril 18, 2024

A Pandemia é Croquette

Há males que vêm mesmo por mal, como esta terrível pandemia que tem afectado a população mundial a todos os níveis, e acabou por ser a principal razão pela qual os terrivelmente incompetentes Órgãos Sociais do Sporting se mantêm em funções até agora.

É esta a minha opinião, e vou tentar explicar o porquê de pensar assim em meia dúzia de parágrafos, se para isso tiver arte.

Estes Órgãos Sociais, que em momento algum representaram a maioria dos associados do clube, foram eleitos e entraram em funções depois de um dos momentos mais conturbados da vida do Sporting, senão o mais conturbado mesmo.

Pondo, para já, de parte a forma como o clube foi empurrado para esse acto eleitoral, chegaram estes senhores com a “promessa” de elevar o Sporting a um patamar nunca antes atingido. Chegaram de peito cheio e nunca se coibiram de recorrer mesmo ao auto-elogio. Chegou o presidente para quem o futebol era fácil, o vice que era uma sumidade nas finanças e mais uma série deles, todos muito bons. Entretanto alguns já fugiram, acobertados pelo dono dos estatutos do clube e por um presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar que não exerce a função para que foi eleito, tal como o seu colega da MAG.

No entanto, e como a verdade acaba sempre por vir à tona, depressa se constatou que tudo não passava de “fogo de vista”. Por entre actos de gestão ruinosos, tanto desportivos como financeiros, e tentando cobardemente arranjar desculpas com heranças pesadas, buracos financeiros (desmentidos pelos próprios) e “batuques”, depressa se viu que a incompetência era a principal “virtude” destes Órgãos Sociais.

Pior ainda que a gestão desportiva e financeira, trouxeram uma forma de gerir e de lidar com o principal activo do clube, os seus sócios e adeptos, a todos os títulos inovadora e repulsiva, de fazer inveja a qualquer ditador de um desses países com regimes totalitários.

Ora, como é óbvio e como qualquer Sportinguista, seja sócio ou adepto, que acompanhe a vida do clube sabe, esta política de terra queimada, de achincalhamento dos sócios, de ostracização das claques acompanhada de uma gestão incompetente teve como consequência, e não sei se também como objectivo, a completa radicalização de posições entre grande parte dos sócios e adeptos e os Órgãos Sociais do clube.

Posto isto, geraram-se enormes focos de contestação aos Órgãos Sociais, bem audíveis em diversas ocasiões nos jogos no estádio José Alvalade, bem como no pavilhão João Rocha. Contestação essa sempre aos Órgãos Sociais e nunca às equipas e atletas do Sporting, como muitos tentaram fazer passar.

Aos resultados da equipa de futebol (época com mais derrotas da história), e ao progressivo desinvestimento nas nossas modalidades (contrastante com o investimento feito pelo anterior Conselho Directivo), juntava-se uma gestão financeira que causava grande apreensão.

Foi então que essa contestação levou mesmo a que grupos de sócios requeressem uma Assembleia Geral com vista à destituição dos Órgãos Sociais, recusada como todos sabemos, e à realização de manifestações de protesto contra os Órgãos Sociais liderados por Frederico Varandas, Rogério Alves e Baltazar Pinto com a participação de sócios em número tão significativo como jamais se vira em tantos anos de clube.

E é chegados aqui a este ponto, durante os primeiros meses de 2020, que a contestação atinge o seu auge. Perante o definhar da vitalidade do clube e a manifesta incapacidade dos Órgãos Sociais, os sócios fizeram de tal forma ouvir a sua voz durante essas manifestações de protesto que tudo indicava que, a bem ou a mal, a sua voz teria forçosamente de ser ouvida em sede própria.

Nesta altura, foi contratado um treinador sem curso e sem currículo por uma quantia astronómica a um clube que disputava o objectivo de um lugar europeu com o Sporting. É neste momento que aparece a pandemia e somos obrigados a confinar. É suspendida toda a actividade desportiva em Portugal durante alguns meses. Apesar da contestação não diminuir, também não pode ser posta em prática. A pandemia serve nessa altura para os Órgãos Sociais do Sporting quase como o gongo para o boxeur encostado às cordas.

Estou convencido de que se as competições não têm parado nessa altura, os resultados negativos teriam continuado e a Direcção do clube não teria resistido à contestação.

Mais tarde, regressou o futebol, mas regressou sem público. Os resultados continuaram pobres e culminaram num quarto lugar no Campeonato e com o objectivo do apuramento directo para a Fase de Grupos da liga Europa falhado. Foi o primeiro grande objectivo falhado pelo treinador contratado por milhões, especialmente para o efeito.

Mas a pandemia trouxe restrições ao ajuntamento de pessoas e o zeloso PMAG a seu bel-prazer aproveitou todos os subterfúgios legais e ilegais para não reunir os sócios em Assembleia, apesar de todos os outros clubes o terem feito. Na única ocasião em que foi obrigado a realizar uma Assembleia, os sócios demonstraram aquilo que pensam da actuação dos Órgãos Sociais ao reprovarem massivamente o Relatório e Contas e o Orçamentos apresentado. Os Órgãos Sociais fizeram tábua rasa dessa reprovação e continuam a (des)governar sem prestar contas a ninguém.

Rogério Alves, sobre o Orçamento e R&C chumbados, já em tempo de pandemia.

Depois disso, mais uma vez, um grupo de sócios pede a marcação de uma Assembleia Geral com vista à destituição do Conselho Directivo e da MAG. E mais uma vez esse pedido é recusado porque o PMAG decide não cumprir os estatutos e entende ser juiz em causa própria, o que para quem exerce advocacia na sua vida civil é realmente vergonhoso. A prestação meritória da equipa principal de futebol na Liga Portuguesa e a conquista recente da Taça da Liga têm servido de bandeira para esta Direcção, parecendo querer fazer esquecer que ficámos fora das competições europeias e já estamos arredados da Taça de Portugal.

Ao mesmo tempo, o “abandono” a que foi votada a competitividade das várias modalidades, menos uma, e até o abandono total de algumas e até do projecto olímpico vão sendo contestadas, mas estamos confinados. Não nos podemos juntar – a pandemia não deixa. O clube está a caminhar para um abismo maior do que aquele que foi encontrado por Bruno de Carvalho em 2013.

Os relatórios de contas que vão saindo são tenebrosos. Estamos entregues aos agentes e aos interesses que tanto combatemos durante cinco anos. Mas não nos podemos juntar – a pandemia não deixa.

Estou convencido de que se os sócios tivessem possibilidade de se juntar, fisicamente, as coisas seriam diferentes. Estou convencido que com tanto mal que tem feito às Modalidades, se os sócios pudessem estar presentes no Pavilhão João Rocha o doutor não tinha o desplante de ir para lá pôr os “calcantes” em cima da cadeira e fazer aquela pose descontraída – mas a pandemia não deixa.

Estou convencido de que as faltas de respeito que têm havido para com os sócios e as claques, com público no estádio, já tinham sido motivo para o doutor ter de sair da tribuna pela porta do cavalo – mas a pandemia não deixa.

Portanto, e para não me alongar mais, acho que muito daquilo que tem acontecido no Sporting desde que surgiu a pandemia só aconteceu porque os sócios não se podem juntar. O nível de contestação a que já tínhamos chegado em Março de 2020 era de tal dimensão, que nesta altura os Órgãos Sociais já tinham caído.

É por isso que eu estou convencido que estes Órgãos Sociais foram salvos pela pandemia. A pandemia é croquette!

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