RUGIDO VERDE

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Sábado, Abril 20, 2024

As Amizades Verdes (E Pouco Brancas)

O Sporting Clube de Portugal tornou-se logo a partir da sua génese um factor unificador e agregador de quem partilhava sensibilidade desportiva, competitiva e social.

Em 1906, e após o fracasso no cumprimento dessas premissas por parte do Campo Grande Football Club, clube eternamente recordado como “mais pelos piqueniques e beberetes do que pela prática desportiva”, deu-se a fundação do enorme SCP, galvanizado ainda mais pelo mote “que seja tão grande como os maiores da Europa” e pelo seu eterno lema “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória”.

114 anos depois, devo dizer que da minha parte os sentimentos em relação aos princípios fundadores são ambíguos.

Por um lado tenho a plena certeza de que o desígnio de grandeza foi alcançado – o triunfo nas principais competições desportivas nacionais, triunfos europeus em várias modalidades, medalhas olímpicas, e a nunca enganadora azia de quem tenta constantemente denegrir ou rebaixar os feitos do enorme Sporting. Por outro, é mais que visível a decadência em que o clube mergulhou novamente após a usurpação de poder que decorreu na sua cúpula.

A premissa de o tornar grande foi cumprida, embora a ideia de se ser eternamente grande seja uma tolice imensa. E tudo porque a grandeza é um conceito dinâmico – o que hoje é grande, amanhã pode não o ser. Vide os casos do Nottingham Forest, clube que chegou a sentar-se no topo da Europa no final dos anos 70 e que hoje em dia praticamente não é conhecido por quem tenha menos de 30 anos; ou do próprio Chelsea, relativo desconhecido até à entrada de Roman Abramovich na sua História.

Existe já desde os anos 80 uma ideia muito vincada na “elite” que sempre passeou pelo Sporting, a de que a grandeza é eterna. Que são grandes por direito divino, investidos por Deus à semelhança das realezas. Para essas mentes bacocas e feudais ninguém tem que trabalhar para ser grande.

O mérito não existe a não ser quando é para auto-promoção. São grandes porque são uma casta superior e, por eles, sempre será assim e ai de quem ousar colocar tal desígnio em causa.

Como se tem visto desde então, a grandeza pode ser anulada com o decorrer do tempo, tal como os impérios de outrora também soçobraram por maiores que tivessem sido.

A grandeza no desporto atinge-se pela atitude e pelas vitórias – ora o Sporting dos últimos 30 anos tem sido pouco conhecido tanto por uma como por outras. Até quando é que os “iluminados” irão acreditar nessa grandeza por decreto?… Veremos. Ainda mais com um Braga à porta que tem, desde há uns anos, atitude de sobra – apesar desta ainda não se reflectir numa
superioridade em troféus conquistados.

Obviamente que neste ponto acima me referi exclusivamente ao futebol – modalidade-base de qualquer clube verdadeiramente lucrativo (infelizmente). Escusado será dizer que, no que concerne ao desporto em geral, o Sporting ainda é dos maiores, senão o maior de Portugal.

Os triunfos europeus mais recentes tiveram o condão ingrato de aumentar ainda mais a cisão ideológica dentro da massa adepta do clube. Se é verdade que grande parte deles, ou pelo menos os mais visíveis, foram alcançados já no mandato dos traidores/usurpadores, é inegável que o trabalho e planeamento dessas épocas vieram da direcção injustamente destituída em Junho de 2018.

Escusado será dizer que, após esses triunfos, deu-se a decadência subsequente de quem obviamente não soube manter ou melhorar o legado administrativo que foi transmitido – bem podem queixar-se de heranças pesadas, já não enganam ninguém a não ser os acéfalos da cor deles.

O próprio azedume com que éramos contemplados por parte dos jornaleiros e escribadeiros quando fazíamos mossa nos adversários já foi substituído pela sempre célebre expressão “Portugal precisa de um Sporting forte” – aquela expressão que nos é reservada sempre que os adversários e avençados já não estão minimamente cagados na nossa presença.

Agora somos vistos novamente como aqueles patetas alegres que estrebucham de terem sido muito ricos e bem sucedidos antigamente, apesar de terem perdido tudo no casino nos últimos anos e usarem fatos de marca comidos pelas traças.

Porém, e analisando o panorama actual com a frieza da distância, após ter visto um antigo “director”(?) de comunicação do Sporting aparecer como comentadeiro paineleiro da ComamMerdaTV só me apraz dizer que com amizades destas foi um milagre termos tido Bruno de Carvalho no Sporting durante 5 anos.

Amizades como a do pinipon, a do que vai a casa buscar uma gravata, a do bombeiro pirómano, a da enrugadita do pescoço, a do papa-MRPP, etc, realmente só poderiam condenar ao fracasso a cruzada de uma Direcção verdadeiramente leonina.

Ficaram as lições que decerto foram aprendidas por muitos, e as que foram e continuarão a ser ignoradas por uns que são mais verdes que outros mas apenas em amadurecimento mental e de verticalidade… porque em Sportinguismo… deixarão sempre muito a desejar.

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