RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Sábado, Abril 20, 2024

A propósito…

Declaro desde já que não tenho pelo F. C. Porto qualquer tipo de simpatia, excepto quando jogam com o benfica, confesso. Qualquer pessoa da minha idade sabe a forma como foi feita a ascenção do Porto no panorama futebolístico nacional, e em parte até no internacional, embora aí lhes tenha de ser atribuído também o mérito de terem sabido aproveitar a forma como foi feito o crescimento intramuros para chegar onde chegaram lá fora.

Em relação ao Sporting, tanto uns como os outros têm a vantagem de conseguir arregimentar a força das pessoas com influência na sociedade portuguesa em benefício do clube, passam por cima de quem e do que for preciso.

No Sporting nem para evitar apenas que o clube seja prejudicado há um “poderoso” que se mexa. Foi sempre um dos grandes handicaps deste clube. Ainda recentemente tivemos a grande prova disso. Os outros são corruptos mas querem que o clube deles ganhe, os nossos só movem influências em benefício próprio mesmo que isso prejudique gravemente o clube e muitos desses só estão ligados ao clube para isso mesmo, inclusivamente muitas vezes são eles mesmos que roubam o clube.

A “superestrutura” corrupta montada no início dos anos 80 na cidade do Porto por José Maria Pedroto, o verdadeiro mentor do “projecto” que levou o Porto a atingir o poder total no futebol português a partir da segunda metade da década de 80 e sensivelmente durante 20 anos só é desmontada pelo envelhecimento e desaparecimento das principais figuras desse “projecto” que não tiveram substitutos à altura, resta Pinto da Costa com 83 anos.

Pedroto e Teles Roxo desapareceram prematuramente e Adriano Pinto, Pôncio Monteiro e Pinto de Sousa foram desaparecendo, naturalmente, ao longo dos anos.  A criação da liga de clubes e a perda de influência das associações distritais no futebol também tiveram influência nesse desmontar da “superestrutura”, basta relembrar que a Associação de Futebol do Porto, que era a que mais clubes tinha nas competições profissionais, podia escolher o presidente da FPF e nunca o fez, preferiu sempre escolher o presidente do conselho de arbitragem e do conselho de disciplina.

O esquema montado pelo benfica para se apoderar do poder do futebol português tem outras nuances. Mete o poder político e judicial ao barulho, os interesses que estão envolvidos tornam quase impossível desmontar esta “armadilha” no curto prazo.

As expressões “benfiquistão” e “estado lampiânico” fazem todo o sentido. Basta ver o tratamento que é dado pelo poder político e judicial, e complementado pela imprensa portuguesa aos processos em que esse clube se encontra envolvido para nos apercebermos disso.

A promiscuidade em que está envolvida a sociedade portuguesa passa também pela arrogância do adepto típico lampião que é transversal a todas as classes sociais. Para eles o benfica é maior que Portugal e está mesmo entranhada naquelas mentes a ideia de que o benfica tem de ganhar a qualquer custo, porque ganhando o benfica até o país entra em crescimento e vive mais feliz.

Eles acreditam nisto. Nisto tudo, se Sporting e Porto não juntarem forças para este combate, o benfica ganhará tudo todos os anos. Levará muito tempo, se alguma vez isso acontecer, para que o Sporting monte uma estrutura para guindar o clube para um patamar competitivo que consiga combater este estado de coisas.

Nunca os sportinguistas com algum poder se juntarão para fazer isso acontecer. Basta recuar a 2018 e recordar aquilo que foi feito quando tínhamos alguém à frente do clube com capacidade para desmontar a estratégia de benfica e Porto. Foi assassinado pelos seus, coisa que nunca aconteceria nos outros dois, como temos visto ao longo dos últimos 40 anos.

Bruno de Carvalho tinha, e tem, o know how, o conhecimento, o saber, a postura e acima de tudo a vontade e a paixão para dar a volta ao marasmo em que se encontrava o Sporting e elevá-lo aos patamares onde merece e tem condições para estar.

Estava a fazê-lo e estava a contribuir para que os sportinguistas saíssem daquele estado de letargia em que se encontravam há mais de uma década e para onde voltaram há dois anos atrás. A sua capacidade de mobilização dos sócios e adeptos estava a ganhar uma forma de “arrastão” e a fazer acreditar a legião leonina que era possível.

Infelizmente todos sabemos o que aconteceu a seguir. É por isso que o Sporting nunca conseguirá lutar contra os poderes instituídos. Muito menos quando têm dirigentes, como os actuais, que não se importam de se expor ao ridículo de tentar fazer parte do status quo pensando nas migalhas que quem manda, supostamente lhes quer deixar.

O Sporting só atingirá o potencial que tem e a sua grandeza quando quem o dirige pensar que está lá para ganhar, para ser primeiro… Nunca para ser o primeiro dos últimos.

Saudações Leoninas

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