RUGIDO VERDE

Quem está atento às redes sociais do Sporting Clube de Portugal percebe, pelo título, sobre o que vou dissertar nos parágrafos que se seguem. Achou-se por bem fazer uma espécie de parceria, se é que assim se pode chamar, entre os dois rivais da Segunda Circular, numa campanha de redes sociais com o nome “Só Há Um Clube”.

Em resumo, o foco da campanha é o (já cliché, diga-se) de colocar de lado as rivalidades, numa altura em que valores mais altos se levantam – neste caso, o da luta contra a pandemia que assola a nossa sociedade. Antes que possa dar a entender que não acho que essa luta seja mais importante que a rivalidade clubística, nego já essa hipótese.

A questão aqui é a seguinte: o que é que vai na cabeça desta gente? É isto, “curto e grosso”.

A nossa Liga tem 18 clubes. Se quisermos fazer contas a todas as equipas presentes nos campeonatos profissionais, poder-se-iam contabilizar mais 18 que competem na Segunda Liga. Mas, no Sporting, achou-se engraçado fazer uma campanha apenas e só com o clube em questão.

Num cenário em que a Liga de Clubes criasse uma campanha do género, em que aliasse todos os seus clubes numa mensagem de solidariedade e companheirismo (como se fez aquando dos insultos racistas a Marega, em Guimarães), eu não teria nada a apontar. Um cenário desse tipo seria até de louvar, visto que a própria Liga deve primar por esse tipo de iniciativa que promova a solidariedade e a paz.

Agora, isto, meus amigos? Não. Pelo menos, para mim, não. Isto é uma afronta ao meu Sportinguismo. “Só Há Um Clube”? Sim, para mim só há um Clube, o enorme Sporting Clube de Portugal, pelo qual luto todos os dias da minha vida. Esse é o meu “Um Clube”. E o meu Clube, mais que um rival, atualmente, tem um inimigo.

Para colocar o absurdo disto em perspetiva, basta pensar: o F.C. Porto alguma vez admitiria a possibilidade de fazer campanha igual? Alguém imagina adeptos portistas a bater palmas a uma campanha de redes sociais feita com o benfica? A publicar o vídeo da mesma, com letras azuis e vermelhas? É que eu tenho muitas dificuldades a imaginar isso.

O nome do Sport Lisboa e benfica está enlameado. São casos atrás de casos de corrupção, de manipulação e de falsidade que levam, não só, a que o benfica se engradeça falsamente, como que o Sporting Clube de Portugal não consiga atingir o seu verdadeiro potencial enquanto instituição desportiva. Estes casos chegam em todas as formas e feitios – alguns, já estão enraizados no léxico de quem fala da atualidade desportiva em Portugal: E-Toupeira, Mala Ciao, Vouchers, Operação Lex… casos e casos reveladores da influência (num terrível sentido) do benfica em Portugal.

Só em termos de situações recentes temos, por exemplo, a evidente presença e influência do Benfiquistão no caso de Rui Pinto. Primeiro, foi o juiz Paulo Registo a pedir escusa, entre outras coisas, por ser um adepto fervoroso do benfica. Agora, Helena Leitão, juiza, abdicou também do caso, já que o seu advogado pessoal é assistente do benfica no processo. São os tais infortúnios consecutivos, as infelizes coincidências que insistem em perseguir o nome do nosso rival.

Recentemente, também, temos tido a internacionalização do chiqueiro que se tem passado cá dentro. Jornais internacionais (New York Times, Irish Times, Calciomercato) fazem referência aos casos que a comunicação social portuguesa tenta ao máximo reduzir a insignificantes.

É de loucos a quantidade de resultados, de títulos, até de reputação, que o Sporting já deixou de ganhar à conta das trafulhices do rival. Ainda mais de loucos é haver adeptos leoninos que vão nestas cantigas do respeito. O benfica desrespeita o nosso Clube todos os dias – abram os olhos.

A minha relação com o benfica é de aversão completa. Não se trata de um apelo ao ódio, ou à violência, mas sim de uma constatação. Eu sou Leão, não “gramo” lampionagem. A conversa de respeito pelo rival, no contexto do desporto português, é para ingénuos engolirem, digerirem e repetirem de sorriso na cara por pensarem que fazem parte da solução, e não do problema.

Esta campanha nada mais é que o assumir público de que o Sporting atual tem as calças pelos tornozelos, em relação ao benfica. A Direção do Sporting é submissa e conivente com o regime implantado no país pelo benfica. Ninguém se insurge perante os danos causados ao Sporting pelo regime. Varandas afirmou, em tempos, saber muito sobre o famoso Campeonato de 15/16… E agora? Nem vê-lo.

Em vez da defesa do Clube e dos seus sócios, vemos uma aliança cada vez mais evidente com o (volto a repetir) maior inimigo do Sporting Clube de Portugal. Uma aliança tão reles, que quem defende (ou deveria defender) os nossos interesses se contenta em ser o primo pobre da outra metade da aliança.

Falo constantemente nisto, no síndrome de primo pobre que muitos sportinguistas têm em relação ao rival. Contentam-se com os restos, com o que deixam para nós. Contentam-se com o “faz falta um Sporting forte”, contentam-se com o “nós apoiamos mesmo a perder”. Isso é o que eles querem, minha gente. Ambicionem mais. Ambicionem e façam acontecer, façam surgir de novo o Sporting de que eles não gostam, o Sporting que eles temem, o Sporting que eles fizeram tudo para afundar, com a conivência e ajuda de muitos dos nossos.

Por amor de Deus, fizeram um vídeo nos canais oficiais do Clube, em que se unem ao clube cujos adeptos se vangloriam de assassinar os nossos adeptos. Isto não vos deixa envergonhados? Isto não vos dói no orgulho? Não são Leões? Então rujam como tal, façam-se ouvir e não engulam estas tentativas de unificação com criminosos.

A identidade do Sporting que idealizo esbate-se um pouco mais a cada dia que passa. Nós merecemos (muito) mais e melhor do que quem nos representa atualmente, da Direção, à Comunicação, à maioria dos setores do Clube.

Lutem pelos valores, orgulho e amor-próprio. Pelos vossos, e pelos do Sporting.

“Só Há Um Clube”? Pois é, cada vez mais só há benfica.

Vídeo da campanha “Só Há Um Clube”