RUGIDO VERDE

Jamais pensei que um Sportinguista pudesse envergonhar outro Sportinguista. Mas isso tem acontecido tantas vezes nos últimos anos que se torna difícil evitar a seguinte questão: porque tantos ditos Sportinguistas se comportam como lampiões?  

A questão tornou-se particularmente pertinente após a última AG do clube (se é que podemos classificar “aquilo” de AG). Aparentemente, um substancial número de associados “sportinguistas” foi colocar uma cruz de aprovação em algo que desconhecia (ou, ostensivamente, ignorou). Antes e durante a AG não se escutou um único argumento factual e fundamentado que justificasse um voto de aprovação dos R&C’s anteriormente rejeitados.

E no entanto, qual pacóvio em excursão brejeira de garrafão de vinho e sandes de presunto na mão, a maioria foi fazer o frete de ajudar a manter uma direcção no poder, que, ainda por cima, os despreza profundamente. Ou seja, foram beijar a mão a quem lhes distribui sopapos com regularidade.

Existe comportamento mais lampiónico do que fazer algo sem se saber porquê? Adeptos de clube ignorantes, que confundem títulos com finanças, que usam o insulto como argumento para justificar as suas ações, sempre foram identificados como sendo a maior parte dos adeptos lampiões. Percebemos agora que essa estirpe também está bem presente por entre as hostes leoninas.

Ninguém contesta uma maioria que, tendo opiniões divergentes das nossas, se move e atua de forma informada e com convicções profundas.  No entanto, quando uma maioria se move por interesses, ignorância ou iludidos por propaganda sibilina, falham nos mais básicos pilares do Sportinguismo. Comportam-se, afinal, como lampiões.

Por isso, envergonha-me profundamente ter de partilhar o clube com quem o vive de forma leviana e irresponsável. Com quem vende princípios e convicções e os troca por títulos no futebol. Com quem acha que os fins justificam os meios. A meu ver, isso não tem nada a ver com o Sporting.

Um dos motivos porque cresci com orgulho de ser Sportinguista sempre foi a diferença que sentia entre a paixão leonina e a labreguice lampiónica. Se as diferenças se diluem e passam a ser apenas no símbolo e nas cores da camisola, fico-me apenas pela vergonha de um dia-a-dia em que, por entre os meus, me sinto cada vez mais isolado.

E quem está mal…. muda-se.