Toda a Verdade: O Testemunho Censurado do Agente Leandro (Spotter da PSP)
No passado dia 4 de Fevereiro, um testemunho de quase duas horas foi eliminado do mapa mediático. Importava primeiro perceber se existia coerência de tal omissão que não uma censura intencional.
- Era um depoimento-chave nas matérias de conhecimento, visto ter sido referido pelo então OLA, Bruno Jacinto, e por Vasco Santos (director de segurança).
- É especializado na matéria pertinente derivado da função e anos de acompanhamento de adeptos do Sporting.
- Esteve nos confrontos no aeroporto da Madeira, e antes disso, no jogo.
- No dia 26 de Novembro (dia 5 do julgamento) dois elementos da PSP tiveram ampla cobertura mediática, já para não falar de militares da GNR chamados a depor pelo MP durante os primeiros sete dias de Monsanto.
Muitos que acompanham a imprensa nacional e internacional percebem a séria crise do sector neste país. Não tem apenas uma causa – orçamental, ordens editoriais, falta de brio profissional, ou um telefonema que pode destruir um posto de trabalho. Não imaginava no entanto, que se fosse tão longe. É um desrespeito aos leitores, aos espectadores e ao tribunal. Expresso por isso uma profunda desilusão, e avanço um pedido de desculpas sincero, pois mais ninguém o fará, e nem todos temos disponíveis as mesmas ferramentas de informação para contornar (auto)censura e/ou manipulação, neste e noutros casos.
O agente da PSP, Nuno Leandro integra uma unidade especializada, dedicando-se ao acompanhamento e conhecimento minucioso de adeptos e claques, com vista à segurança. É o que se denomina de Spotter. Foi a primeira pessoa verdadeiramente especializada na matéria a depor em tribunal, reconhecido como tal pela juíza (referindo-o), que não duvidou em procurar saber ainda mais sobre os meandros em questão.
Cumpriu essa função no que concerne ao SCP durante sete anos, e é inclusivamente visível nas imagens dos confrontos no aeroporto da Madeira. No jogo que marcou a perda do acesso à Champions League, esteve sempre virado para os adeptos, de costas para o relvado e em posição estratégica, como habitualmente.
A origem: derrota na Madeira e troca de insultos
Ainda com os jogadores no relvado, o agente disse que “no final do jogo (Marítimo-Sporting) houve uma contestação muito grande dos adeptos, pela má prestação da equipa.”
Os jogadores tinham vindo na direção dos adeptos do Sporting presentes na Madeira após uma prestação sentida como estranhamente fraca, o que “ainda os enfureceu mais” mencionando troca de insultos (e não insultos unilaterais). Por estar de costas para o relvado, virado de frente na direção dos adeptos, apenas soube indirectamente que um dos jogadores que os terá insultado teria sido Acuña. Nas imagens, é possível ver esse jogador a gesticular de forma feroz em direção à bancada.
No exterior do estádio, o agente deslocou-se logo para o aeroporto de forma a preparar a chegada dos muitos adeptos, com vista à viagem de regresso.
Encontrou três adeptos no aeroporto, que o agente associou à JL, antes da equipa chegar, sendo um deles Fernando Mendes. Foram claros na resposta após serem interpelados pelo agente, solicitando-lhes contenção: “não iria haver problemas, só queriam falar com Jesus”.
Descreveu visualmente uma conversa que envolvia Fernando Mendes, Acuña, Jesus, e Ricardo Gonçalves, chefe de segurança da academia (diálogo visível nas imagens). A razão dos envolvidos seria a que foi contada por Mendes em interrogatório meses depois, a qual também contou logo no momento ao agente da PSP: “Fernando disse-me que o Acuña tinha insultado a mãe dele“ (falecida um mês antes).
A conversa decorria até ao momento em que chega perto Battaglia, e subitamente gera-se confusão adicional. Nuno Leandro “retirou” Fernando Mendes, enquanto um colega do agente “retirou” Battaglia.
Sobre Battaglia, estando o agente focado em que não se juntassem mais adeptos à exaltação, apenas sabe que “Tiago Silva (adepto) disse-me que a altercação com Battaglia foi por insultos mútuos” e acrescentou que o adepto referiu que “Battaglia o insultou primeiro … alguma coisa houve porque aquilo agitou um bocado”. De mencionar que seria fácil a Tiago dizer apenas que tinha sido insultado, mas tal não fez, enquanto que Battaglia negou assumir qualquer papel que não fosse “apaziguar”, o que não corresponde com alguns testemunhos já feitos, nem com as imagens, nem com a súbita agitação.
Concluiu a descrição do episódio da Madeira, que esteve na origem de tudo como viria a (re) afirmar, contando a sua experiência. No exercício das suas funções, “Tiago e Fernando (Mendes) sempre me respeitaram.” Nenhum registo a assinalar.
A semana antes do jogo da Madeira
Naturalmente, e face à natureza cinematográfica da acusação, adoptada mediaticamente a cem por cento e ausente de jornalismo sério ou de investigação, foi questionado sobre qual era o sentimento dos adeptos na semana que antecedeu o jogo.
Disse que era normal, tranquilo, pois era “uma equipa que estava quase com a situação garantida do segundo objectivo. Aquela deslocação nem foi das maiores, nem indicava riscos”. Concluindo que “tudo despontou pelo resultado do jogo e pela troca de insultos (relvado e aeroporto)”.
Recuando ainda mais no tempo: Post, prescrição de instagrams, e novelas
Questionado a respeito, o agente, com um ponto de vista privilegiado face ao acompanhamento especializado de adeptos e suas movimentações, não deixou a mais pequena dúvida. Disse que “houve ali umas situações entre o Presidente e os jogadores, não me pareceu que afectasse os adeptos em si”.
“O factor foi a perda do jogo na Madeira e o acesso à Liga dos Campeões” disse novamente à juíza.
“O Sporting nessa altura está na final da Taça de Portugal, está para garantir o acesso à Champions, e é nesse jogo da Madeira que tudo acontece”.
O Ministério Público, por vezes quase aos gritos (um registo único e que parece ser habitual), tentou novamente puxar do assunto “reunião na casinha”, algo encerrado após testemunho cabal de Vasco Santos (director de segurança, presente), e até por André Geraldes à sua maneira (presunçosa), insistindo em rumores caídos do céu quando há muito se sabe que aquilo que querem imaginar não existiu. O agente apenas reafirmou, ainda mais taxativo, que na sequência da reunião na casinha e do jogo frente ao Paços de Ferreira, não notou nada entre jogadores e adeptos, o rastilho foi “o jogo da Madeira e a troca de insultos”.
Visita(s) à Academia
O agente referiu que as visitas à academia ou ao centro de estágios “eram perfeitamente normais, todas as equipas e adeptos o fazem. Algumas com mais gravidade do que outras e que não são públicas”.
“Já era de esperar que se deslocassem à academia essa semana” referiu. “Porque diz isso?” Questionou a juíza. Respondeu que a razão era a “má prestação da equipa” na Madeira, mas esperando “dentro da mesma forma que outras vezes”.
Mais uma vez e de forma clara estabeleceu um nexo de causalidade entre o resultado e exibição que ditou o afastamento da Champions e perda do segundo lugar para o rival histórico com a revolta, já tendo sido referido o papel central da troca de insultos.
Bruno Jacinto (Oficial de Ligação aos Adeptos/OLA)
No seu depoimento, Jacinto referiu que não passou informação ao agente Nuno Leandro (que não tinha, segundo disse), e tal foi confirmado. Nessa terça-feira antes do almoço, dia da “invasão”, contactou com Jacinto via whatsapp, e perguntou se era expectável uma deslocação de adeptos à academia, ao que Jacinto respondeu que não (via outros contactos whatsapp sabe-se que jacinto já sabia de algo).
Este contacto deveu-se ao agente ter recebido informação de uma das fontes que tem, informação essa que foi prontamente encaminhada ao Comandante, e enquadra-se na procura de obterem alguma corroboração, seguindo as vias habituais. Nessa informação, foi alertado para movimentações de adeptos para “irem lá quarta-feira”. Segundo alguns patetas sonhadores e maliciosos saídos duma fábula, a administração devia ter “mudado o treino” outra vez face à info em questão (nunca o fez, estando desnecessariamente – pela teoria absurda – provado)
Nunca teve qualquer problema com Bruno Jacinto, tendo palavras positivas e afirmando que “sempre colaborou”.
Ricardo Gonçalves (Chefe de Segurança da Academia)
Já muito foi escrito em detalhe a respeito do então chefe de segurança da academia, posteriormente promovido (administração Varandas), da sua actuação, omissões, até à perda do histórico do telemóvel.
O agente Nuno Leandro contou que falou com Gonçalves no dia 13 de Maio, na noite após o jogo da Madeira, não lhe tendo sido transmitida por ele qualquer preocupação ou alerta de relevo, bem como nenhum pedido relacionado.
Fernando Barata (Mendes) e Nuno Mendes (Mustafá)
Nuno Leandro descreveu a forma como está estruturada a Juve Leo. Com estatutos, hierarquia, funções designadas, associados, merchandising, equiparando a uma empresa.
Fernando era visto como o Presidente por ter liderado durante vários anos. Nuno (Mustafá) era o líder, respeitado, mas que “não podia ter sempre mão em todos” referindo mais de 4 mil adeptos na JL. Descreveu as ações de ambos sempre como cooperantes, sem reparos em particular ao abrigo das funções do agente, e no caso de Nuno Mendes como agindo sempre que solicitado de forma adequada e eficaz.
Casuals/Casuais
Questionado pela juíza a respeito de Casuais/Casuals, aproveitando o conhecimento profundo do agente na matéria, definiu como “uma moda”. “Não utilizam indumentária alusiva ao clube, usam roupas escuras e marcas caras. Não se misturam muito com claques em si, excepto ao assistir a jogos, mas chegam isolados. Provocam desacatos com adeptos rivais”.
À pergunta se esses elementos poderiam eventualmente ser membros das claques, mas com um comportamento mais separitário, o agente confirmou.
Mais tarde viria a acrescentar que “muitos casuals nem são sócios do Sporting nem da Juventude Leonina. De vez em quando até é normal haver guerras entre casuais e a direção da claque (a certa altura, nos jogos, os casuals mudam de sector). Mas depois passa”.
Fantasias e a Realidade
Chegamos assim ao fim deste testemunho importantíssimo em julgamento que quiseram censurar. As teorias novelescas e persecutórias da acusação foram pulverizadas por quem tinha conhecimento de causa, muito mais real do que as fantasias de qualquer procuradora teledirigida por objectivos, e que teria feito muita falta ao Ministério Público neste torpe processo, que até a Polícia Judiciária afastou.
Até à próxima.
Excelente!
O objectivo único, causa e fundamento para a criação do mega processo do “caso Alcochete”, foi a destruição da pessoa e do mito que se formava em torna da figura de Bruno de Carvalho. Para tanto, contaram com todo a totalidade da comunicação social país, que cega, surda e burra, serviu um enormíssimo serviço aos interesses mais perversas da sociedade portuguesa, ao que acresce, a merdaria que pulula pelo espaço mediático, dizendo-se sportinguista, que todavia, está sempre alinhados com os inimigos do Sporting.
Gostaria a que grupo se quer referir o Victor Guilherme quando refere “…a merdaria que pulula pelo espaço mediático, dizendo-se sportinguista, que todavia, está sempre alinhados com os inimigos do Sporting” . Isto porque longe, gostariamos de ter uma ideia de quem ou grupo que está incluido nessa afirmação de “merdaria”
Sócio 9.465. Grato
Excelente!!
Muito bom resumo.
uma novela rasca com ” artistas ” especializados.
fantástico.
Verdadeiro serviço público