Sustentabilidade e ecletismo em risco de extinção!?
Dado ser um tema importante e muito preocupante, tentarei utilizar o máximo possível uma simplificação da linguagem, dos números e dos termos económicos e financeiros, que me desculpem os puritanos da economia, mas realmente é importante que todos percebam o risco do caminho que está a ser seguido e da necessidade de rapidamente encontrar uma solução que possa ajudar a inverter o rumo.
Começo por tentar explicar que uma das principais receitas do clube são o Direito de superfície (Estádio e Multidesportivo) que representam cerca de 25%, em valor 5.040M, do total dos rendimentos do clube.
O que muitos sócios ignoram é que este rendimento é um rendimento diferido, cujo fluxo de entrada nos cofres do clube já ocorreu há muitos, muitos anos antes, pelo que a colocação do seu valor nos rendimentos do exercício resulta apenas de uma regra contabilística que determina a distribuição proporcional do rendimento pelos anos do contrato, independentemente do ano em que o mesmo é recebido.
Em sentido contrário, nos gastos do exercício são anualmente registadas as amortizações dos investimentos efetuados em anos anteriores, em média cerca de 2.5M por ano. Também esta situação não ocasiona um fluxo, no caso de saída, pois o investimento regra geral foi pago ou reconhecida uma divida no ano de aquisição. A distribuição do gasto pelo período de vida estimado resulta de uma regra contabilística e fiscal.
Com esta explicação, facilmente poderemos concluir que todos os anos, anteriores e próximos, há um diferencial nas contas do ano de 2.5M, que terá de ser regularizado por um resultado líquido positivo de igual montante e/ou resta o recurso ao endividamento ou ainda a venda de ativos, que no clube já não restam muitos.
Como disse, esta situação não é nova, já acontece há imensos anos e o CD anterior sensatamente sempre resolveu, ao apresentar resultados líquidos positivos que permitiam manter a sustentabilidade do clube, evitando um maior endividamento, como podem ver no quadro seguinte.
Neste quadro podem, também, verificar que na época passada o resultado líquido próximo do zero, atendendo ao explanado, já ocasionou um problema, um buraco, se quiserem, de tesouraria de quase 2.5M.
Atendendo ao orçamento da época em curso, em que a expectativa é um resultado otimista próximo do zero, e digo otimista, porque se nos rendimentos basicamente mantem os valores do ano anterior, reduzindo apenas a receita extraordinária relativa à transferência de CR7, em termos de gastos estima uma redução dos honorários de atletas de 2.3M, isto no ano em que se acrescenta uma nova modalidade, ou seja, mais duas dezenas de atletas, parece demasiado otimista.
Apresentar um resultado nulo já é por si só um problema, que como vimos anteriormente vai causar um “buraco” de 2.5M, ou seja, 5M em 2 anos numa perspetiva otimista.
Este “gap” de tesouraria, que na minha opinião poderá agravar-se dada a previsível queda de quotizações e aumento de gastos com modalidades, justifica em parte o brutal aumento da dívida do clube à SAD (8M em apenas 3 meses), mas não justifica tudo.
O relatório e contas da Sporting SAD não fornece informação, como deveria, que justifique este brutal aumento, mas com a indicação relativa ao novo acordo de reestruturação financeira ficamos a saber que:
Sabendo que o acordo inclui a dívida bancária do Clube, não restam dúvidas e até porque i) a dívida bancária da Sporting SAD não reduziu, ii) os montantes existentes nas contas restritas foram utilizados, iii) a SAD está a regularizar dívida bancária do clube, ficando o clube em dívida para com a SAD.
Seria de aplaudir esta aparente boa vontade e colaboração da SAD para com o clube, caso não tivéssemos conhecimento que a SAD se anda a financiar com valores bem mais elevados que, indiretamente, pertencem ao clube.
Concretamente, a SAD já adiantou e utilizou 21M de receitas da SCPlataformas, SA (SportingTV). Na minha terra, a isto chama-se dar um chouriço a quem nos dá um porco.
Tudo isto assume maior gravidade e relevância quando nos lembramos que a dívida bancária do clube, que está agora e ser paga pela SAD, e sem dúvida alguma mais tarde ou mais cedo será exigida ao clube, poderia estar totalmente regularizada caso o acordo de reestruturação negociado pelo CD destituído não tivesse sido rasgado num verdadeiro ato que reputo de terrorista.
Para que recordem o que estava em causa, relembro a explicação do Dr. Carlos Vieira no artigo que publicou e que muito acertadamente chamou “A Brisa que passou”:
É de extrema importância que os sócios estejam alertados para a importância de questionar a Direção sobre o plano e a estratégia financeira que definiram para o clube, pois é por demais evidente que atualmente estamos perante um precipício e prestes a dar o passo em frente.
Quero acreditar que esse passo ainda não foi dado. No entanto, é conveniente não esquecer que, cito o mesmo artigo do Dr. Carlos Vieira:
E a história volta a repetir-se, assim como a lenga lenga do sportinguista bacanão, despreocupado e gingão. É deixá-los trabalhar na paz do senhor, é deixá-los estar com tranquilidade que por obra do espírito santo as coisas acontecem.
Pois é, esta cultura não só do sportinguista mas do português no geral, é que nos destrói e corrói. Todos querem exigência mas sem trabalho, todos querem reconhecimento sem luta, todos querem sucesso mas não sabem como.
Deixem de comer geladinhos com a testa pois o estado meteorológico é grave. O aviso é vermelho, a patetice essa, parece ser verde frouxo nalgumas mentes em formato de melancia.
Acordem!
no meu caso o budget referente à minha quotização entrego-o de há 6 meses a esta parte à UNICEF
Bem Haja PQP e um Queijo da Serra
Amigos cada vez que me convenço mais que a todo o custo queiram desestabilizar o mandato do Presidente Varandas. Não vos quero tirar razão no que dizem mas deixem as pessoas trabalhar e no fim do seu mandato apresentem uma pessoa com personalidade que seja capaz de resaolver os problemas do Sporting. Boas Festas.
Meu caro, se for incompetente no seu trabalho acha que não vai ser despedido? Ou vão deixá-lo cumprir o seu contrato e dar-lhe palmadinhas nas costas? Não venha com conversa da tanga para aqueles que não querem ver o Sporting a ser gerido de forma danosa e dolosa para o seu futuro. E mais, o seu comentário é quase “dar uma no cravo, outra na ferradura”, como eu descrevi num artigo aqui no site:
https://www.rugidoverde.com/2019/12/13/__trashed-4/
Boa tarde.
Caríssimo, se não consegue ver a historia a repetir-se, que está a ser trilhado o mesmo caminho e num processo mais muito rápido, que desbaratou a herança material e imaterial deixada pelo João Rocha, também não vai conseguir ver que muito possivelmente desta vez nem um maluco poderá salvar o clube.
Amigos cada vez que me convenço mais que a todo o custo queizeram desestabilizar o mandato do Presidente Carvalho. Não vos quero tirar razão no que dizem mas deixassem as pessoas trabalhar e no fim do seu mandato apresentassem uma pessoa com personalidade que fosse capaz de resaolver os problemas do Sporting. Boas Festas.
Tantas perguntas. Mas temos de recordar que a ideia é destruir, não resolver os problemas.
Daqui a uns meses vendem a SAD e para isso o clube tem de estar num estado muito miserável.
Excelente artigo. Infelizmente, muitos sócios, especialmente aqueles com mais antiguidade, estão mais preocupados em comer feno, e não querem saber do ecletismo. Aliás, eu abordei isso no meu último artigo!
Já agora, destaco esta frase, que resume tudo relativamente às trocas e baldrocas entre a SAD e o Clube:
“Concretamente, a SAD já adiantou e utilizou 21M de receitas da SCPlataformas, SA (SportingTV). Na minha terra, a isto chama-se dar um chouriço a quem nos dá um porco.”
o regresso ao campo grande futebol clube……. onde os amigos ilustres poderão jogar golf, derivado de tantos buracos criados.