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Quinta-feira, Março 28, 2024

Análise R&C – 1º Trimestre Sporting SAD – 2019/2020

Por forma a enquadrar a análise deste Relatório & Contas (R&C), é importante referir que se trata do período compreendido entre 1 de Julho de 2019 e 30 de Setembro 2019, o qual foi integralmente da responsabilidade da Administração presidida por Frederico Varandas, contrariamente ao período homólogo do exercício económico anterior (1 de Julho de 2018 a 30 de Setembro de 2018), em que na maior parte do tempo foi da responsabilidade da Administração presidida por José Sousa Cintra, mais concretamente até ao dia 12 de Setembro de 2018.

Conforme se pode verificar neste R&C, apenas um dos Administradores Executivos da SAD é accionista da Sociedade, sendo que nem Frederico Varandas, nem Francisco Salgado Zenha ou Miguel Cal possuem quaisquer acções da mesma sociedade, o que não deixa de ser revelador de falta de compromisso com a mesma.

A Demonstração de Resultados do Trimestre em questão revela que o resultado operacional sem transacções de jogadores foi negativo em 7.152.000 euros, contrariamente ao 1º trimestre de 2018 / 2019, em que o resultado operacional foi positivo, o que se traduz num importante défice de exploração na actividade da Sporting SAD. Mesmo sem as indemnizações no valor de 5.421.000 euros incluídas em gastos com pessoal, o resultado operacional sem transacções de jogadores seria sempre negativo, o que é ainda mais preocupante.

O Resultado Operacional com transacções de jogadores com sinal positivo registado no trimestre deve-se a receitas extraordinárias obtidas com a transferências de jogadores, o que se traduziu claramente num enfraquecimento na capacidade competitiva do plantel de futebol profissional, como se comprova pelos fracos resultados desportivos obtidos no trimestre em questão e no trimestre em curso.

Se analisarmos em detalhe, as transferências que originaram os rendimentos com transacções de jogadores e que permitiram um resultado operacional com transacções de jogadores positivo no trimestre, verificamos que:

  • Saída de inúmeros jogadores do clube, sem qualquer proveito financeiro para a sociedade, havendo inclusive pagamento de indemnizações por incumprimento da totalidade dos contratos de trabalho por parte da Sporting SAD, em resultado de rescisões por mútuo acordo.
  • Acordo por Daniel Podence que não reflecte o valor de mercado do jogador no momento da sua rescisão unilateral, mesmo com a convicção por parte do presidente do Conselho de Administração que a razão legal está do lado da Sporting SAD, conforme formalmente invocada do R&C do trimestre.
  • Transferência de Bas Dost por um valor muito abaixo do seu valor de mercado e mesmo assim com o pagamento de comissão de intermediação de quase 10%, deixando o plantel muito carenciado no que se refere à posição de ponta de lança.
  • Alienação de jovens promessas de elevado potencial por valores irrisórios, considerando a elevada probabilidade de valorização dos mesmos.
  • Comissões de intermediação superiores a 16% nas transferências de Raphinha e Thierry Correia, sendo que, neste último caso, existe ainda o pagamento de um prémio de saída ao jogador no valor de 514.000 euros.

Desta forma, apesar dos Rendimentos apenas com a transacção de jogadores terem ascendido a 46,034 Milhões de euros, e que permitiram obter um resultado operacional com transacções de jogadores de sinal positivo no trimestre, conclui-se que a abordagem ao mercado de verão por parte da Sporting SAD foi desastrosa do ponto desportiva e financeiro, devido à falta de competências de negociação e de conhecimento do mercado por parte da Administração da SAD.

Ainda na Demonstração de Resultados do Trimestre, desperta particular atenção a rubrica Fornecimento e Serviços Externo, onde as rubricas organização, deslocações e estadias de jogos totalizaram em gastos e em apenas num trimestre a surpreendente quantia de 1,547 Milhões de euros, correspondente a dois eventos (jogo particular Liverpool – Sporting, em Nova Yorque, e PSV – Sporting na Holanda, para a Liga Europa).

Relativamente à Demonstração da Situação Financeira, a Sporting SAD continua com capitais próprios negativos e, por consequência, em situação falência técnica no final do 1º trimestre de 2019 / 2020, sendo que merece particular preocupação o desequilíbrio entre o Passivo Corrente e o Activo Corrente com um diferencial negativo de 83,847 Milhões de euros.

Vitor Damas

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