RUGIDO VERDE

É uma história que começa como começam muitas outras histórias. Era uma vez um grande, muito grande clube, que após décadas de desvario e desgovernação, num célebre dia encontrou o seu muitas vezes negado rumo. Caminhava  digna e orgulhosamente para cumprir o seu destino de ser tão grande quanto os maiores da Europa, mesmo  lutando com armas desiguais e contra o pântano dos poderes instituídos, batendo-se com pujança memorável e inabalável nas causas.

Mas um dia, e todas as histórias têm o seu “mas”, viu esse caminho interrompido de forma abrupta e concertada por essas forças e por outras que se escondiam dentro. Desde então, a história tornou-se diferente, muito mais negra; utilizando os valores oficiais podemos construir uma linha de tendência do caminho que seguimos e para onde nos vai levar nesta história.

O passivo não pára de aumentar:

As dívidas a fornecedores são mais que muitas:

Aos bancos também se deve cada vez mais:

Os parasitas e agentes não param de engordar:

A falência técnica já não é uma miragem, é uma tendência:

Os adiantamentos de receitas futuras são sempre a solução:

Até as receitas com vendas de atletas já são antecipadas:

Tudo tem um custo e os juros não param de aumentar:

Entre mortos e feridos, mais cedo ou mais tarde alguém vai pagar:

E era uma vez o futuro:

Moral da história: poderia ser a da galinha (do leão, salvo seja) dos ovos de ouro, mas será justo referir a dos leões que guardavam a fortificação, e porque faziam muito ruído e eram muito incómodos às várias pretensões, foram abatidos. Agora, os malfeitores entram na fortificação quando desejam e levam o que querem…é já o seu território. Nesta altura, com o 1º lugar no campeonato e porque a covid e a herança justificam tudo e mais alguma coisa, não resisto a citar Adolfo Luxúria Canibal numa excelente canção dos Mão Morta:

Eu disse “o que é que isso interessa?”

Tu disseste “…nada”

O futuro e a sustentabilidade do clube e da sua (ainda) SAD até pode já estar com um destino fatal traçado, mas o que interessa aos adeptos é que vamos em primeiro e vamos todos festejar! Porventura, uma das últimas celebrações antes da tempestade nos levar definitivamente tudo. Pode ser que com foguetes e uma dança tribal a tempestade se assuste e dê meia volta – parece haver uma fé inabalável nesse desfecho da história.