Neste dia… em 1980: Vitorino Bastos – 20 perguntas e 20 respostas
1 – Qual foi o seu ídolo, como jogador, quando era ainda jovem?
– Foi o guarda-redes Carlos Gomes, um tipo que como homem me diziam ser maluco mas que a defender as balizas era de facto excepcional.
2 – Quais são as vantagens da profissão de futebolista?
– Norma geral as de termos remunerações compensadoras, a de conseguirmos ao longo da vida estabelecer amizades valiosas que perduram vida fora e, acima de tudo, de viajar por países que só quem tem grandes fortunas consegue.
3 – E as desvantagens?
– A grande, mas mesmo grande desvantagem, é não termos uma Caixa de Previdência, que tão necessária é em certas circunstâncias, como se tem reconhecido muitas vezes em que se apela, já não digo para a caridade pública, mas em que o jogador tem de socorrer-se de festas de homenagem. E, se estas não fossem possíveis? E se o jogador em causa não é daqueles cujos nomes andam todos os dias nos jornais ou pouca gente conhece?
Trata-se de um problema que só nós jogadores podemos resolver, problema esse acerca do qual Gervásio já se pronunciou devidamente e que espero venha a ser decidido em breve, por nós próprios, que pagamos imposto profissional, Fundo de Desemprego e Imposto Complementar, mas não temos a nossa Caixa de Previdência.
4 – Já alguma vez se drogou?
– Só se foi sem eu o saber, pois conscientemente nunca fui nisso. Houve quem o tentasse (em Portugal), por acaso um treinador, mas teve a resposta que merecia, pois não o consenti, dado que considero isso um autêntico crime.
5 – Que pensa de quem o faz?
– É desumano fazê-lo sem que o jogador o saiba e passa a ser autêntico crime, para dois, quando o jogador o consente e para quem origina a situação.
6 – Se não jogasse no Sporting onde gostaria de jogar?
– Em Portugal só no Sporting, no resto qualquer outro país me servia fazendo a opção para aquele onde tivesse maiores benefícios financeiros, como profissional que sou.
7 – Qual o melhor treinador que conheceu?
– Vários. Em Espanha foi o francês Muller e cá, Juca e o professor Rodrigues Dias.
8 – Qual o avançado que mais o preocupou?
– Sem dúvida que foi Eusébio. Quando joguei contra ele ainda era jovem, tinha os meus vinte anos, era portanto muito ingénuo, mas o caso é que quando o defrontava quase endoidecia com as suas fintas, o seu saber. Era de facto um jogador sensacional.
9 – Qual considera a profissão mais perigosa do mundo?
– Aviador, pescador, mineiro, são profissões perigosas, onde os riscos se sucedem, mas a verdade é que tudo quanto seja trabalhar envolve riscos.
10 – Gosta ou embirra com os estágios?
– Desde que não sejam prolongados admito-os.
11 – Qual o prato que prefere?
– Bacalhau à Brás (quando o há, evidentemente…)
12 – Qual o episódio que mais o impressionou na sua vida?
– Qualquer episódio triste me magoa, como ver por exemplo uma criança a chorar, ou quando acontece algo que implica com a minha sensibilidade, como por exemplo o recente sismo nos Açores.
13 – Qual o seu maior desgosto até hoje?
– Quando agredi um árbitro em Espanha.
14 – Qual a sua maior alegria?
– Quando recentemente em Março fui pai de um adorável garoto.
15 – Pensa que um dia com o progresso constante que se regista, será possível o homem tornar-se imortal, ou pelo menos atingir a idade de matusalém?
– Não acredito nisso e, vendo bem os maiores progressos que têm sido feitos nos últimos anos tem visado especialmente destruir o Mundo.
16 – Como passa as horas livres?
– Em convivência com a família.
17 – Gosta do álcool ou de fumar?
– Gosto, mas moderadamente.
18 – Quais são os seus maiores defeitos e quais as maiores virtudes?
– A grande virtude que tenho é reconhecer que tenho defeitos, que por vezes sou demasiado impulsivo e em situações que considero injustas, é difícil dominar-me, o que já me tem causado alguns amargos de boca, mas a grande virtude é reconhecer que sou bem formado e quando erro, prontamente reconheço que o fiz e por isso, tratar de imediato tentar emendar a situação.
19 – Que pensa de uma mulher ciumenta?
– Que se o é, a razão baseia-se no amor que tem pelo homem que origina tal sentimento.
20 – Depois do futebol qual a modalidade que mais aprecia?
– Aprendi em Espanha a gostar dela. Trata-se do Water-Polo, que é apaixonante.
Ficha do jogador:
Nome: Vitorino Antunes de Bastos Nascimento – 4 de Julho de 1950
Naturalidade: Lisboa (S. Sebastião da Pedreira)
Nome dos pais: Manuel Bastos e Palmira Bastos
Estado Civil: Casado com Maria Pilar. Tem um filho o Vítor Bastos Cruz, nascido em Zaragoza a 3 de Março deste ano.
Clubes: Em 1964 ingressou nos Juvenis do Sporting, onde o seu primeiro treinador foi Juca, mantendo-se três épocas nessa categoria para depois ser Júnior durante um ano, Em 1969 subiu à 1a. categoria e em 1970 foi cedido ao Farense. Regressou em 1971 ao Sporting onde ficou até 1975 ano em que foi para Zaragoza, voltando em definitivo, aos “leões” em 1978.
Lugar: Defesa-central
Títulos: Campeão nacional Juvenil e três vezes campeão regional nessa mesma categoria. Como Sénior obteve duas vitórias nos regionais de Reservas tendo ganho ainda um Campeonato Nacional e duas “Taças” de Portugal. Internacionalizações: Seis como júnior e duas pela selecção B, (França e Dinamarca).
Fonte: Ídolos do Desporto
Data: 06/07/1980
Local: Ídolos do Desporto
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