RUGIDO VERDE

VENTOS DE MUDANÇA NO TORNEIO DE SAN SEBASTIAN

O Sporting passeou a sua classe no Estádio Municipal Atocha, em San Sebastian, frente à turma mexicana da Universidade do México – Pumas e à Real Sociedad, a nova equipa de Oceano e Carlos Xavier. Marinho Peres aproveitou a oportunidade para testar, com êxito, o sistema dos três centrais, mas a grande estrela do Torneio nasceu no Leste e dá pelo nome de Balakov.

LOGO após o primeiro jogo do II Torneio Internacional da Real Sociedad, que colocou frente a frente a equipa local e os mexicanos do Pumas, onde alinha o nosso bem conhecido Negrete, ficámos com a ideia de que o Sporting, se jogasse ao seu melhor nível, não teria muitas dificuldades em trazer para Lisboa o troféu em disputa. E foi isso que aconteceu. Um passeio de classe que encantou os bascos, que nunca deixaram de aplaudir e incentivar a equipa portuguesa, dando provas de grande desportivismo, numa cidade onde a violência coabita com a «fiesta».

17 Agosto de 1991: Sporting – 4 x Pumas (México) – 0

Ivkovic; Jorginho, Leal, Venâncio (Peixe 77′), Amaral, Luisinho, Douglas, Iordanov, Balakov, Filipe (Paulo Torres 77′), Cadete (Nelson 67′)

Golos: Balakov (27’ e 59’), Cadete (44’) e Iordanov (52’).

No primeiro jogo frente ao Pumas, os «leões» realizaram, talvez, a sua melhor exibição da pré-temporada. Praticando um futebol a toda a largura do terreno, com os médios em constantes mudanças de posição, o que desde muito cedo baralhou a marcação dos centro-campistas contrários, os comandados de Marinho Peres tiveram oportunidades para conseguir um resultado histórico, não fosse a noite desinspirada de lordanov, Cadete e Balakov – curiosamente os autores dos golos -, que à sua conta esbanjaram elevado número de situações de golo.

A grande novidade neste encontro prendeu-se com a utilização do sistema defensivo com três centrais – Luisinho, Jorginho e Venâncio -, há muito desejado pelo técnico brasileiro. Mas se nesta partida o sistema resultou em pleno, o mesmo não se poderá dizer no jogo com a Real Sociedad, realizado um dia depois.

Frente à nova equipa de Oceano e Carlos Xavier, que não alinhou por se encontrar lesionado, o Sporting encontrou muitas dificuldades para segurar o esférico na zona central do terreno, passando por algumas situações de apuro junto da sua área. No reatamento Marinho Peres deixou no balneário Cadete, entrando para o seu lugar Nélson. A equipa ganhou então mais segurança defensiva, tendo, sem dificuldade, conquistado o domínio do «miolo» e foi nesta segunda parte que Balakov, na marcação de um livre de forma exemplar, fez o único golo do jogo que deu a vitória no Torneio.

FRENTE À REAL SOCIEDAD

OS «LEÕES» UM A UM (ENCANTOS BÚLGAROS)

IVKOVIC – Sempre muito seguro, revelo estar em grande forma. A sua posição privilegiada no terreno permite-lhe uma visão global do jogo, facto que o leva a estar constantemente a transmitir indicações aos seus companheiros.

JORGINHO – Esteve bem no jogo com os mexicanos, não concedendo espaços de manobra aos seus adversários directos, umas vezes Luís Garcia outras Patino. Um dos melhores elementos frente aos espanhóis.

LEAL – A jogar mais como um médio, combinou muito bem com Filipe e Balakov, Os jogadores da intermediária que actuam mais sobre o lado esquerdo.

VENÂNCIO – Duas excelentes exibições em Espanha. Mais entrosado com Jorginho, o capitão leonino jogou mais sobre o lado direito da defensiva, nunca deixando de subir no terreno em apoio do ataque.

LUISINHO – Bem a defender, bem no apoio ofensivo. A jogar como líbero ou como «trinco», o brasileiro deixou bem presente no relvado de Atocha a sua real categoria.

DOUGLAS – O «patrão» da equipa. Comandou o jogo, atacou, defendeu, sempre com a mesma eficiência.

FIGO – Subiu sempre de produção com o passar dos minutos. Junto à linha no lado direito ou pelo centro do terreno, Figo trouxe a esta equipa agressividade.

IORDANOV – Muito perdulário frente aos mexicanos, o avançado búlgaro deu uma vez mais, mostras das suas qualidades de ponta-de-lança.

BALAKOV – Encantou San Sebastian. Tecnicamente perfeito, colocou a cabeça em água aos adversários que lhe apareceram pela frente. Excelente na marcação de livres directos.

FILIPE – Uma prestação mais em prol do conjunto. Vai a todas, sempre com a mesma entrega. A sua excelente técnica individual permite-lhe resolver situações delicadas de um para um.

CADETE – Uma boa exibição frente aos mexicanos, apesar de ter desperdiça do muitas oportunidades. Acusou o esforço frente aos espanhóis, nunca se entendendo com a marcação adversária.

NÉLSON – A sua entrada trouxe sempre outra segurança à equipa. Combinou muito bem com Figo, permitindo-lhe mais liberdade de movimentos.

PEIXE – Poucos minutos no relvado. mas ainda assim a mostrar que é, sem dúvida, um elemento a ter em conta neste «novo» Sporting.

PAULO TORRES, GUENTCHEV E AMARAL – Estiveram pouco mais de dez minutos em campo.

Fonte: Revista Foot