Entrevista a Balakov em 1991: «Quando entro em campo só penso na vitória e nada mais.»
Sousa Cintra, presidente do Sporting, foi buscá-lo aos Balcãs e, na altura, bem ao seu jeito, anunciou a contratação de um «cinco estrelas» para ter no banco dos suplentes, pronto a render Gomes ou Cadete. No entanto, Krassimir Balakov, búlgaro, 24 anos de idade, cedo mostrou à evidência que o seu lugar não é no banco mas no onze.
Verdadeiro prodígio de técnica, alia a sua grande velocidade a uma invulgar criatividade na .condução da bola, fornecendo espectáculo à parte e, mais importante do que isso, possuindo argumentos para resolver um jogo.
Nasceu numa cidade do centro da Bulgária chamada Veliko Turnovo, região montanhosa, socalcada e onde abunda a vegetação. Os primeiros pontapés na «chincha» deu-os muito novo, muito por influência de seu pai, um apaixonado do «desporto-rei», e o seu primeiro clube foi o Etar.
Alguns anos volvidos, ei-lo no nosso país, encantando a «torcida» sportinguista, que, como se perceberá, tem consciência de que esta passagem do craque pelo clube de Alvalade e pelo futebol português deverá ser breve. O «calcio» espera-o…
Na Bulgária alternou as funções de médio com as de avançado, mas aqui em Portugal só tem sido médio, a grande aposta de Marinho Peres para O flanco esquerdo dos «leões».
«O mais importante é que a equipa ganhe, tudo o resto é psicológico. Quando entro em campo só penso na vitória e nada mais.» É Balakov quem o diz.
Mas há mais: ele é um especialista na conversão de livres directos e já marcou golos por essa via mais do que uma vez. «Gosto de marcar livres. Quando me preparo para os marcar o meu único pensamento é o de que a bola vai entrar na baliza», refere o jogador.
A língua portuguesa tem sido, para ele, a maior dificuldade. Todavia, nos três meses de permanência no nosso país já conseguiu aprender a «desenrascar-se» na conversação. Pelo sim pelo não, o preparador físico dos «leões», Terziiski, seu compatriota, acompanha-o inúmeras vezes. Assim, com intérprete, é mais fácil…
«Já me sinto totalmente adaptado ao futebol português e ao Sporting. Recebi todo o apoio por parte dos meus colegas e da equipa técnica e isso foi determinante na minha adaptação. Além do mais, gosto muito do país, do clima, das pessoas, da comida…», afirma Balakov.
Finalmente, sobre a sua forma e as suas ambições, o futebolista deixa claro que «não é fácil mostrar todo o meu valor em tão pouco tempo e posso garantir que ainda não mostrei tudo, posso render muito mais».
Se é ele a dizê-lo…
Fonte: Revista «Foot»
Data: 28/04/1991
Local: Revista «Foot» de Abril de 1991
Evento: Entrevista a Balakov
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