No dia de Natal de 1949, Sporting dá a volta ao jogo contra os alentejanos d’O Elvas, nos últimos minutos da partida
Sporting atacando sempre esteve a perder até dez minutos do fim!
Por Tavares da Silva
Foi uma luta épica! O esforço gigantesco dos jogadores e a duvida implantada na partida até ao fim, fizeram viver a todos momentos de extraordinária emoção e ansiedade. Quando caiu o ultimo segundo, vencedores e vencidos estavam exaustos mas o suor também corria do rosto de muitos espectadores… Porque os 22 homens, ou melhor, os dois grupos lutaram desesperadamente e em total dádiva de energias, posto que com sinal contrário, um ao ataque e outro à defesa, acabando mortos de fadiga!
Mas com todas estas dificuldades que o Sporting teve para vencer e continuar a alimentar o fogo sagrado da competição no que respeita ao titulo, não se tenha a ideia, que seria erradíssima, de uma partida nivelada. Nada de isso. O desafio apresentou-se, pelo contrário, desnivelado, ainda que todos hajam cumprido a sua obrigação.
E o jogo tinha necessariamente de ser desequilibrado, porque de um lado (Elvas) havia, decididamente, a ideia de defesa à todo o custo.
Em todos os espíritos havia a seguinte pergunta: Será possível que o Sporting perca dominando tão intensamente? Todos esquecidos, afinal, de que eram os leoninos que, aglomerando-se num sitio plantado de muitos obstáculos, tornavam o triunfo cada vez mais difícil e duvidoso. Foi já na ultima etapa que, continuando todos a lutar com vigor, veio ao de cima a classe espantosa desse Vasques, no cume da sua forma, que melhorou em temperamento e em todo à resto, marcando a primeira bola no sacrifício de todo o seu ser de jogador e fabricando a segunda num dos seus característicos avanços progressivos, inimitáveis e inconfundíveis, batendo todo o team contrário.
Travassos fez passar a bola por uma floresta de jogadores na área das balizas, e aqui está como a sorte beneficiou em cinco minutos um team que sistematicamente tinha prejudicado em oitenta. É o jogo e a lei da Sorte e do Azar! O árbitro, que fez um bom exame, três minutos depois, deu a partida por concluída, sem desconto algum, no momento certo, pois o contrário seria beneficiar aquele grupo que usara a prática de não jogar, e mesmo assim fora batido. Sportingues libertaram-se do pesadelo; elvenses ficaram tristes. Vencedores e vencidos saíram do terreno escorrendo suor.
O desafio começou às 14 e 30, com regular assistência, alinhando os grupos da seguinte forma.
Sporting – Azevedo; Barrosa, Manuel Marques e Passos; Canário e Veríssimo; Jesus Correia, Vasques, Mário Wilson, Travassos e Albano.
Elvas – Marques; Casimiro, Neves e Osvaldo; Gomes e Sousa; Vieira, Massano, Patalino, Teixeira e Manuelito,
Arbitro – Isidro Fragoso (de Santarém).
O golo do Elvas foi marcado, aos 30 minutos do primeiro tempo, por Osvaldo, depois deste driblar Barrosa e ter a baliza à sua disposição. Os pontos do Sporting, conseguidos nos últimos dez minutos, resultaram, o primeiro de um centro de Albano que Vasques recolheu de cabeça rastejante, marcando sem apelo nem agravo, e o segundo, de Travassos, de pontapé, numa confusão em frente das redes, quando faltavam apenas três minutos e a duvida da vitória sportinguista se mantinha em campo mas foi obra, praticamente, do grande Vasques.
Fonte: Diário de Lisboa
Data: 25/12/1949
Local: Estádio do Lumiar (José Alvalade)
Evento: Sporting (2-1) O Elvas, CN - 12 Jornada
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