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Quarta-feira, Maio 01, 2024

Neste dia… em 1956, Sporting goleia Lusitano de Évora por (6-0) no regresso à equipa de Travassos e Martins

Travassos e Martins reapareceram… e o Sporting venceu por 6-0

Por Tavares da Silva

Este encontro da Tapadinha, onde – parece-nos – se deu a reconciliação total do futebol de campeonato com o suposto ultrapassado WM, teve, se atentarmos no resultado, uma curiosa expressão numérica, traduzível (dizemos nós) pela seguinte formula: um, quatro e mais um.

Por certo, o período anterior contém duas afirmações distintas. Uma, referente ao enlace do mesmo esquema de jogo; outra, traduzindo a escala da sua figuração ou marca. Deste modo, separando os quesitos, respondamos-lhes à vez, ainda que, como é natural, de uma resposta possa nascer a argumentação da outra.

O encontro da Tapadinha, teve, julgamos, no plano geral do futebol que se tem desenvolvido nesta prova, um lugar especial. A ele cumpriu quebrar, de todo, com os liames imaginários de certas neo tácticas que têm querido dar ao jogo-da-bola um aspecto estratégico de corrente imaginativa. Ali, marcada ou furtivamente – não nos cumpre acertar na deliberação dos técnicos – deu-se um, regresso total dos esquemas de passagem episódica ao definido WM, concepção que alguns. aliás; já têm como senil ou ultrapassada.

E, para que se registe, tanto o Lusitano como o Sporting, logo de entrada e de princípio ao fim, escalonaram as suas unidades na rede de 3 defesas e 3 atacantes, médios nas pontas do M e interiores nas bases do W, o que, constitui, por assim dizer a ressurreição do termo de «quadrado mágico», ou malha de manobra do meio campo.

Desta disposição dizemos, resultou todo o jogo desenvolvido e nasceu o resultado verificado. De mais, é certo, a tendência do WM em se fazer valer do nível de jogo dos quatro peões do quadrado, encontrou, pelo lado «leonino», melhores unidades que no seu «vis-à-vis» e, por consequência, maior ligação de lance com as pedras directamente lançadas no jogo de ataque. Lembremo-nos que Walter, empurrando sempre, ainda que sem precisão de detalhe, é um bom elemento de ligação, mostrando mesmo um certo gosto pelo remate; que Juca é hábil e generoso no lugar que desempenha – como apontamento, registe-se a circunstancia de Juca não haver perdido um lance sequer de bola alta, transformando, desde logo, o golpe em jogo válido que indica progressão -, que Vasques, regressando ao seu jeito próprio, voltou a encher o campo com os seus «raids» de galgo; que Travassos – dê-se a indicação do passe que, feito em profundidade, deu o quinto golo de Miltinho – é, no nosso futebol, o padrão do jogador universal e assim teremos encontrada a chave do resultado da Tapadinha.

Resta perguntar: por que razão o Lusitano, aliás, nesta prova, tão fértil em heterodoxias, se deu inteiramente ao esquema traçado pelo adversário?

Julgamos responder, com precisão, indicando que foi a força manifestada pelo Sporting que provocou o enlace. Era questão de procurar equilibrar as forcas e, de algum modo, aceitar de igual para igual, o jogo cujo resultado, pelo medo ao perigo dos «últimos» ainda mais interessava o Lusitano.

De resto, o próprio desenvolvimento da partida, cuja primeira parte terminou com um escasso 1-0, abriu nos eborenses a perspectiva do bom caminho, dando-lhes a noção que era, por aquele lado, que o jogo estava mais equilibrado. deixando o resto à sorte e ao azar.

E, chega-se à formula de um, quatro e mais um, como explicação do resultado. É verdade que a meia dúzia de golos da equipa «leonina» foi conseguida de modo a marcar o tempo de espaços definidos.

Na primeira parte; Rocha, aliás, de um modo fortuito (um remate de Pacheco surge, por acaso transformado numa bela passagem) obtém o primeiro golo do encontro – um…

Em segunda, já no segundo tempo e no espaço de dez minutos (dos 22 aos 31), o Sporting obtém, mercê directa do seu ascendente de manobra: golos marcados: por Vasques, Martins e Miltinho, um de cabeça e outro em remate rasteiro, forte e belo de efeito – quatro.

Mais tarde, já no declinar da partida, num lance de «penalty», só concretizado à segunda recarga. Vasques fechou a conta, com mais um…

Fonte: Diário de Lisboa

Ficha do jogo

Estádio: da Tapadinha
Árbitro: Abel da Costa (Porto)

Sporting: Carlos Gomes; Galileu, Manuel Passos (cap.), Joaquim Pacheco, Valter Brandão, Juca, Rocha, Vasques, Miltinho, Travassos e João Martins.

Treinador: Alejandro Scopelli

Lusitano de Évora: Vital; Polido, Falé, Paixão, José da Costa, Vicente Camilo, Batalha, Marciano, Caraça, Vieira e José Pedro.

Treinador: Severiano Correia

Golos: Rocha 17′, Vasques 67′ e 85′, Martins 69′ e Miltinho 71′ e 76′ (Sporting)

Data: 11/03/1956
Local: Estádio da Tapadinha, Lisboa
Evento: Sporting (6-0) Lusitano de Évora, CN - 22ª Jornada

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