RUGIDO VERDE

Festival da «velha guarda leonina»

Por Henrique Parreirão

A velha equipa do Sporting continuou, ontem, a encontrar-se. Foi preciso o regresso dalguns elementos, prematuramente considerados veteranos, para o milagre começar a operar-se…

Mais uma vez, contra o Barreirense, esteve na base do êxito do Sporting, a acção da gente da «velha-guarda». Desta vez não foi só Travassos. Foram, também, Vasques e Martins. Os três antigos «violinos», pelo que jogaram ontem em Alvalade, parecem interessados em desmentir os que julgavam que eles não podiam dar mais concertos…

Começou a impor-se a boa manobra do ataque «leonino» em três passes de «mestre» do Zé-Travassos. Bola a correr, não levantada mais de um palmo do terreno, sempre na direcção mais conveniente, indo morrer, no sítio ideal, aos pés do companheiro em melhor posição para se desmarcar.

Vasques, Martins e Travassos na base de um bom triunfo

Com o aparecimento dos golos, até à conta de três na primeira parte, a equipa «leonina» acabou por encontrar-se, sobretudo, nos lances ofensivos, pois não tardou que Vasques e Martins atingissem o plano de Travasses, formando os três a base principal da formação do Sporting, logo secundada por Hugo e França.

O Sporting passou a ser, assim, uma equipa certíssima a caminhar para as balizas do adversário, mais irregular, porém, na situação inversa, ao suportar a réplica sempre animosa do Barreirense.

Sem duvida que o exagerado numero de gente jovem no reduto defensivo dos «leões» pesou na maior incerteza da turma «leonina» quando obrigada a tarefa defensiva. Com a materialização do resultado, porém, até a defesa do Sporting ganhou confiança e a gente: moça dos «leões» acabou em bom plano, com destaque para Hilário,  e com o mais experiente do reduto (Osvaldinho) a acertar.

Apesar de replicar sempre ordenadamente e com boa fibra, a equipa do Barreiro não chegou a criar grandes problemas ao grupo adversário. O apego, a luta-a meio-campo foi constante. Nos lances ofensivos faltou, todavia, agressividade.

As tentativas de ataque dos visitantes não tiveram força, nem intenção colectiva, nos momentos da finalização dos lances. Desenvolveram-se em rasgos individuais de pouca afoiteza com um avançado-centro (José Augusto) sempre muito lutador, mas desacompanhado para atingir o objectivo da recuperação.

O ponto de honra dos visitantes foi obtido quando o Sporting gozava já a tranquilidade dum triunfo expressivo. O marcador funcionava com 5-0, e Godoy (autor do tento) beneficiou do excesso de confiança da defesa contrária para se infiltrar e arrancar o vitorioso remate.

O Sporting, ao contrário do Barreirense, foi muito mais agressivo no ataque. Além dos cinco golos que marcou perdeu muitos outros.

O árbitro sr. Jovino Pinto não foi feliz no seu trabalho. Duas cargas a Martins e Vasques, na área de rigor, passaram em claro quando deviam ser punidas com «livres» indirectos. Noutro lance, assinalou mão a José Augusto, quando o esférico lhe tocou apenas no corpo. Teve outras pequenas falhas, além do erro maior na contagem do 4º golo do Sporting marcado por Martins em posição de «fora de jogo», como já citámos. Ouviu protestos do publico, alguns, porém, sem razão, como por exemplo, quando uma bola rematada por Vasques levou o esférico a bater casualmente na mão de Faneca. Fez bem, nesse caso, em mão assinalar a grande penalidade reclamada pelos adeptos do Sporting.

Fonte: Jornal Diário de Lisboa

Ficha do jogo:

Estádio: José Alvalade. Árbitro: Jovino Pinto (Porto)

Sporting: Octávio de Sá; Mário Lino, Osvaldinho e Hilário; Fernando Mendes e António França; Hugo, Vasques, João Martins, Travassos (cap) e João Morais.

Barreirense: Bráulio; Faneca, Pinto e Abrantes; Arturo e Lança; Freire, Correia, José Augusto, Faia e Godoy.

Golos: Travassos (15′), Vasques (38′), João Martins (41′ e 50′) e Hugo (74′) (Sporting) ; Godoy (84′) (Barreirense)