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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Neste dia… em 1957, Sporting goleia Barreirense por 7-1

Guarda-redes barreirense (Bráulio) bloca em segurança perante ameaça de Vadinho (Sporting)

No Estádio de Alvalade o cilindro continua a rolar

Quando uma equipa adquire a confiança nas suas possibilidades como o grupo «leonino» demonstra ter adquirido mesmo que lhe falte, por qualquer razão, uma ou duas pedras, a sua movimentação quase que nem se ressente dessa ausência e a exibição, embora não atinja a craveira habitual, oferece, no entanto, a noção dessas probabilidades.

Foi o que ontem sucedeu com os sportingues, apesar da ausência de Vasques e de Julius. A exibição do grupo «leonino» não foi tão perfeita como nas jornadas anteriores, nem a movimentação da equipa revelou a capacidade construtiva a que já nos habituara. Porém, mesmo sem o fulgor e o brilhantismo costumados, os sportingues jogaram o suficiente para justificar o resultado alcançado, que, apesar de tudo, poderia ter sido muito mais expressivo.

A falta de Julius. tirou ao sector médio, aquela segurança demonstrada nas jornadas anteriores, factor importante e decisivo para os resultados verificados, apesar de Pérides ter procurado, diligentemente, fazer para que a falta dele não se reflectisse na exibição global do grupo. Se a ausência de Julius foi rotada o mesmo se pode dizer de Vasques, porquanto o seu substituto, apesar das suas possibilidades e de ter marcado um golo, não conseguiu fazer esquecer o titular, a quem uma lesão afastou temporariamente dos terrenos de jogo.

O que é indiscutível é que os sportingues venceram com inteiro merecimento, num alarde de possibilidades convincentes, com um resultado que, a despeito de expressivo, poderia, ainda, ter tomado maior proporção, sem que desse facto se diminuísse o valor defensivo do grupo da outra margem do rio.

O Barreirense foi orçado a apresentar no relvado de Alvalade um elenco que não correspondeu às possibilidades demonstradas nas jornadas anteriores. A inclusão do veterano Ricardo Vale e de Corona, dizem-nos das dificuldades que encontrou o Barreirense, para formar um grupo que o representasse contra o Sporting. No entanto, manda a verdade que, se diga, que este grupo teve uma faceta simpática, que foi a de lutar sem desfalecimento até final da partida, procurando contrariar, dentro do que lhe era possível, os desejos dos adversários e isto sem azedume, nem quezílias, jogando o que podiam e sabiam com lealdade. E porque não é habitual, em todos os grupos, este estado de espírito, aqui o ressaltamos devidamente.

Dentro do grupo da outra margem do rio, Bráulio, foi, sem sombra de dúvida, o jogador mais em evidência, com defesas difíceis e blocando com segurança vários disparos, que pareciam atingir o fundo da baliza. Depois de Bráulio, Silvino, teve, igualmente, acção de relevo. Vasques, em «polícia» de Vadinho, procurou cumprir o ingrato e difícil papel que lhe destinaram, mas guardar um jogador, como Vadinho, sempre em movimento, era tarefa superior para as possibilidades do médio visitante. Faia, diligenciou dar execução aos esquemas de jogo da sua turma, mas, nem sempre o conseguiu e José Augusto, andou perdido pela extrema direita, com diminutos pormenores de jogo. Com base em quatro jogadores – Silvino, Faia, José Augusto e Vasques – não contando, é claro, com o guarda-redes, muito conseguiu o Barreirense, perante a demolidora linha de ataque «leonina».

Dentro do padrão de jogo que os sportingues executam, num entendimento que atinge quase a perfeição e no qual os dianteiros não têm posição certa, no terreno, deslocando-se continuamente, numa desmarcação que leva a desorientação a qualquer defesa, por esta não encontrar a posição desejada no terreno, não admira que a turma «leonina», apesar de se ter exibido mais discretamente do que nas jornadas anteriores, tivesse conseguido um resultado tão volumoso. Os avançados do Sporting, apareceram dentro da zona de remate, em jogadas rápidas, em entregas de bola, difíceis de anular, devido à certeza do passe, que leva o esférico para os chamados espaços vazios. E como Vadinho, Travassos, Hugo e os restantes dianteiros, actuam sempre com “os olhos postos na baliza”, qualquer incerteza da defesa adversa é logo aproveitada sem demora para o marcador funcionar com facilidade.

O Sporting estreou neste desafio um novo elemento vindo do Brasil e do qual se faziam grandes encómios. Ivson. assim se chama o jogador, não nos deu neste desafio indicações seguras sobre as suas possibilidades. Pareceu-nos pouco rápido e deve ter estranhado o sentido de manobra dos seus companheiros. Possui, de facto, um bom remate mas pouco mais pôde demonstrar, que desse à crítica apontamentos certos. Obteve um golo, manobrando bem o esférico, na mudança de pé e rematando em força. Mas, não conseguiu e era-lhe bastante difícil, fazer esquecer o titular do lugar. No entanto, é possível que, noutros desafios, possa vir a dar uma indicação mais segura.

José Malheiro in Diário de Lisboa

Ficha do Jogo:

Estádio: José Alvalade

Árbitro: Braga Barros (Leiria)

Sporting: Carlos Gomes; Caldeira, Galaz, Joaquim Pacheco, Pérides, Osvaldinho, Hugo, Ivson, Vadinho, Travassos (cap) e João Martins.

Treinador: Henrique Hernandez

Barreirense: Bráulio; Faneca, Silvino, Abrantes, Ricardo Vale, Lança, Corona, Onoro, José Augusto, Faia, Vasques.

Golos: Vadinho 20′, 82′ e 83′, Ivson 26′, Martins 37′ e 61′ e Hugo 43′ (Sporting) ; José Augusto 24′ (Barreirense)

Data: 24/11/1957
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (7-1) Barreirense, CN - 12ªJornada

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