RUGIDO VERDE

Levantar e levantar de novo, até que os cordeiros se tornem Leões!

Quinta-feira, Abril 25, 2024

Neste dia… em 1950, o Sporting venceu o Belenenses por 6-2, com um hat-trick de Vasques.

Lance na área do Belenenses, vendo-se Jesus Correia e Martins.

A eloquência dos números

Por José Malheiro

Está dito e redito que constitui um regalo para a vista ver jogar a linha de ataque da equipa leonina, quando ela joga bem… Esse prazer foi-nos novamente proporcionado no encontro de ontem com o grupo de Belém. E que os dianteiros dos «leões» brindaram-nos durante todo o primeiro tempo com uma exibição magnifica, de facto digna de aplauso.

Desde que uma linha de ataque jogue com o entendimento, a precisão e a voluntariedade evidenciada pelos dianteiros leoninos, toda a defesa, seja ela qual for, terá forçosamente de der ruir. A não ser que surja qualquer imprevisto, e nisso, felizmente, o jogo da bola é fértil, para dar interesse aos desafios, não sendo esses contratempos, não existirá, dada a diferença de possibilidades que se verificam entre as diversas equipas que disputam este campeonato, interesse por ele.

A expressão dos números assinalados no final do encontro entre «leões» e «belens» é, de facto, significativa e justifica-se em especial pela maneira como actuou, durante todo o primeiro tempo, a linha de ataque do Sporting. Desses cinco endiabrados jogadores, salienta-se para nós, Travassos. Pelo seu domínio de bola, sentido de desmarcação e rapidez de execução, é para a defesa adversária o jogador mais difícil de dominar.

A vivacidade do interior esquerdo do Sporting, aliada à compreensão verificada entre Vasques e Jesus Correia, cujas jogadas de entendimento pela facilidade de execução, parecem fácil de anular, dão ao ataque dos «leões» velocidade que desconcerta.

No jogo de ontem o reduto defensivo dos «belens» ruiu por falta de velocidade dos seus elementos, que não puderam acompanhar as jogadas desconcertantes dos dianteiros do Sporting.

Se o remate de Wilson, ao marcar o primeiro tento, era de facto indefensável, todos os restantes golos foram disparados de maneira que não podem assacarem-se culpas ao guardião da equipa de Belém. Ele apesar de largamente batido, pois por seis vezes teve de ir ao fundo da rede buscar a bola, teve defesas de grande valor, em que demonstrou bom golpe de vista e valentia. Os «azuis» foram, todavia, sempre adversários valorosos. Nunca renunciando à luta, batalhando sempre com entusiasmo e procurando, dentro das suas possibilidades, dar rumo diferente ao jogo. Não o conseguiram por falta de vontade, mas porque a eficiência dos dianteiros do Sporting o não consentiu.

O desejo de contrariar o desenho das jogadas dos avançados leoninos e de «travar» a sua facilidade de execução, fez com que, por vezes, houvesse intervenções um pouco à margem da Lei. Nem sempre diga-se, devidamente assinaladas pela arbitragem. Travassos foi o que mais sentiu o azedume de alguns elementos.

Mário Wilson em luta com Caetano, guarda-redes dos azuis.

O facto do Sporting ter terminado a primeira parte com margem folgada, contribuiu para que, no segundo tempo, os dianteiros leoninos tivessem tido uma actuação mais discreta. E, também, porque o sistema de marcação da defesa belenense foi melhor executado, não oferecendo tanto terreno para os avançados do Sporting trabalharem o esférico a seu belo talante.

A fragilidade dos avançados de Belém favoreceu a actuação da defesa leonina, dando-lhe nítida vantagem nos choques.

No grupo leonino, nem só os avançados merecem elogios, Caldeira vai de jogo para jogo, vincando a sua utilidade. Canário e Veríssimo, são de facto dois grandes auxiliares dos avançados, pela acertada cooperação que lhes prestam.

No grupo de Belém, Feliciano teve utilidade; Rebelo esteve menos útil, devido à velocidade dos adversários e Pinto de Almeida foi irregular demais. O ataque demonstrou pouco entendimento e eficácia. Serafim foi quem obteve os dois golos na marcação de dois livres. Arbitragem deficiente.

Fonte: Jornal Diário de Lisboa

No Estádio: Estádio José Alvalade com arbitragem de Reis Santos (Santarém), o Sporting alinhou:

Sporting: Azevedo; Caldeira, Passos e Juvenal; Canário e Veríssimo; Jesus Correia, Vasques, Mário Wilson, Travassos e João Martins.

Golos: Mário Wilson (3’ e 51’), Vasques ( 7’, 23’ e 44’) e João Martins (29’).

Data: 12/11/1950
Local: Estádio José Alvalade
Evento: Sporting (6-2) Belenenses, CN - 9ª Jornada

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