RUGIDO VERDE

Se Camilo Castelo Branco ainda escrevesse, Jadranka seria a rainha das suas inspiradoras. Jadranka, uma loura de olhos verdes, tem um metro e setenta e cinco de beleza. Não se estranha, por isso, que fosse considerada a mulher mais bonita da Jugoslávia em 1974 e, no mesmo ano, em Londres, lhe atribuíssem o título de a mais fotogénica. Doze anos passaram e Jadranka conserva toda essa beleza estética. Mas, mais do que isso: é uma mulher madura, inteligente, mãe exigente e esposa-crítica-conselheira de Filipovic.

Sobre o feitio do marido…

– Às vezes, sim, especialmente quando está nervoso, mas, nessas circunstâncias, já sei como devo actuar. No fundo, acaba por ser um bom marido.

…E ciumento?

– Bom… digamos que… acaba por ser como todos os homens. Não tenho razões de queixa.

Queixas deve ter para fazer das fãs do seu marido…

– Em Lisboa recebia muitos telefonemas, agora não, porque ainda não descobriram o número do telefone. De qualquer forma, esse assunto já-não me preocupa, no princípio sim.
Agora até já encaro normalmente. Sou quase sempre eu que atende o telefone e quando vejo que é para ele, das duas uma: desligo, se me apercebo que estão com rodeios, ou, então, passo-lhe a chamada. No princípio de estar em Lisboa, tinha: a minha filha três ou quatro meses, cheguei, em algumas circunstâncias, a desligá-lo, pois estava sempre a tocar e a Teodoroa não conseguia dormir.

Para terminar, em Portugal, as suas tendências clubistas apontam para o…

– Sporting. É o clube que mais gosto.

Filipovic entra na jogada:
– És agora do Sporting…

Jadranka contra-ataca:
– Queres ver que não posso ter a minha preferência… Sou do Sporting, já disse.

Filipovic não gostou muito.

Esquecia-se, certamente, que Jadranka é apologista da igualdade de direitos, do livre direito de opção.

Fonte: Revista «Foot» Fevereiro de 1985