RUGIDO VERDE

Manoel voltou marcou golos e acontece até que o Sporting nunca mais perdeu. Pois é evidente que não foi só por Manoel voltar que os «leões» não perderam. Mas a verdade, é que por exemplo no Estoril, Manoel foi o homem do golo da vitória.

– Quando você estava ainda em recuperação, constou que não continuava ao serviço do Sporting. Mas já renovou. O que houve afinal?
– É verdade. Eu pensei em regressar ao Brasil já que havia times que estavam interessados em mim e havia qualquer coisa aqui que não estava a correr como eu pretendia, sem afectar como é lógico o clube.

– Mas afinal ficou!
– Claro! O Presidente do clube teve uma conversa comigo e resolvemos por tudo em ordem e eu fiquei!

– Questão de dinheiro!
– Creio que não. Ao contrário do que se possa julgar, o dinheiro não é tudo para um profissional de futebol pelo menos no meu caso penso assim. Tudo ficou portanto resolvido e eu serei profissional ao serviço do Sporting durante mais três anos.

– Mas houve também clubes portugueses que estavam interessados nos seus serviços!
– Houve sim senhor. Vários dirigentes de outros clubes estiveram em minha casa. Eles apresentaram propostas, eu apresentei contra-propostas. Alguns aceitaram, mas eu nunca decidi sem ter uma última conversa com o presidente do Sporting. Razão porque não se concretizou nenhuma das hipóteses de eu mudar de clube.

– Desde que o Manoel regressou a equipa ainda não perdeu pontos!
– Mas não é pelo facto de eu regressar. Veja que faltam na equipa o Manuel Fernandes, Jordão, Manaca, Fraguito e Baltasar, portanto jogadores chaves do time. Acontece sim que a vitória frente ao Benfica para a taça, veio animar muito, pois precisávamos de um resultado assim para acreditarmos nas nossas possibilidades. Além do mais, a Taça é agora o nosso grande objectivo porque o título de campeão está longe!

– No início do campeonato vocês pensavam no título?
– Claro. Uma equipa como a nossa tem sempre que pensar no primeiro lugar. Mas houve azares, houve muitas contrariedades durante a época. As lesões não nos largaram e isso afectou muito.

– Já está dando o seu melhor?
– Ainda não. Mais uns jogos e talvez encontre a forma que eu desejo.

– Há necessidade do Sporting subir uns lugares no nacional!
– Nada depende só de nós. O Sporting pode ganhar as partidas todas que faltam, mas se os outros não perderem não podemos adiantar muito.

– Findos os três anos que tem para cumprir com o Sporting e porque ainda só tem 25 anos pensa continuar por cá ou regressa ao Brasil?
– Ainda é cedo para definir uma posição quanto ao futuro. Para já cumprir três anos com o Sporting e depois veremos. Mas talvez seja o Brasil o rumo melhor.

– Tem ganho o bastante com o futebol para pensar num futuro calmo?
– Com o que tenho ganho e o que espero ganhar durante estes três anos, penso que para meia vida tudo está mais ou menos certo. Mas o futuro a Deus pertence!

– Há um filho caçula, que veio do Brasil. Não irá daqui um luso-brasileiro?
– Nunca se sabe. Talvez! Isso acontece de um momento para o outro portanto pode ser que a família aumente aqui em Portugal.

– Como espera se porte o Brasil no Mundial da Argentina?
– Difícil meu caro, difícil. O Brasil tem o problema de ter muitos jogadores. Eu nunca queria o cargo de seleccionador brasileiro. Mete política, mete cunhas para entrar um jogador e sair outro. Um trabalhão. Na Argentina tudo vai ser difícil para o Brasil que tem muita gente moça, pois o time é na base de 20-21 anos. Mas o Brasil se não houver os problemas que eu até acredito que vão haver mesmo pois na Argentina tudo será mau para nós, bem podemos repetir a vitória de outros anos.

Manoel esteve uma vez mais nas nossas colunas. Jogador que está sempre à vontade com o jornalista, não esconde as verdades que tem para dizer, como por exemplo sobre o possível ingresso de Pavic, em que disse:
– É preciso um treinador a sério para começar a trabalhar a equipa para a próxima época. O Senhor Rodrigues Dias tem sido um homem extraordinário pelo que tem feito, mas ele mesmo reconhece que não é o treinador do Sporting, mas o treinador adjunto. Pois é bom que tudo se defina.
Pavic eu não conheço e Rodrigues Dias tem feito trabalho honesto. É tudo que posso dizer. Mas em termos de futuro é preciso começar a trabalhar já. É que o Sporting é um clube grande e em que qualquer futebolista se sente honrado por estar como no Porto ou Benfica. É preciso realmente definir a posição do técnico.

Fonte: Revista «Golo»