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Sexta-feira, Março 29, 2024

Entrevista a Rosa Santos em 2015: «Ainda hoje tenho na cabeça o som do osso da perna do Jordão a partir»

Rosa Santos apitou muitos jogos do campeonato principal do futebol português, mas de todos há um que destaca, o Benfica-Sporting (1-0), de 1977/78, no Estádio da Luz, o jogo do brinco de Vítor Baptista, mas também da perna partida de Jordão.

“Vítor Baptista tinha acabado de fazer um grande golo [amorteceu a bola no peito e sem deixar batê-la no chão desferiu um remate com o pé direito, ainda de fora da grande área, sem hipóteses de defesa para Botelho] e foi abraçado pelos jogadores do Benfica. De repente, vejo-o à procura de algo na grande-área do Sporting, ele e mais jogadores. Andava à procura do brinco. O reatamento da partida atrasou um pouco, mas tive de lhes dizer: ‘Vamos continuar o jogo!’. O brinco acabou por ser encontrado mais tarde através de um detetor de metais. Em relação ao lance com o Jordão, que sofreu uma fratura da tíbia motivada por uma entrada dura do defesa do Benfica Alberto, ainda hoje tenho na minha cabeça o som do osso a partir… Foi horrível”.

Ao longo da sua carreira, Rosa Santos só por uma vez dirigiu uma final da Taça de Portugal, neste caso uma finalíssima. Foi em 1978/79, no Boavista-Sporting (1-0). “Fizeram-me o favor de dar esse jogo. Eram quase sempre os mesmos fregueses a apitar a final da Taça, lá me calhou a finalíssima [a final foi dirigida por Marques Pires]”.

“O meu primeiro jogo? Foi em 1975, um Belenenses-U.Tomar, no Restelo, no dia em que as Forças Armadas fecharam a Ponte 25 de Abril por causa de uma manifestação a favor dos deficientes. O Belenenses ganhou 2-0. Lembro-me que o Godinho, capitão do Belenenses, não gostou de ver um amarelo e protestou muito comigo. Eu era um árbitro jovem, que vinha da Aldeia, mas disse-lhe: ‘ meu amigo, eu sou o árbitro’. Nunca gostei de jogadores caceteiros. Quando não podiam com as pernas, diziam-me ‘corta, corta!’, queriam o jogo mais lento. Mas, para mim, enquanto a bola está em jogo, é para jogar e não para discutir”.

Rosa Santos é um apologista da lei da vantagem, que procurou sempre aplicar nos jogos que dirigiu. “Deixava jogar. Os clubes preferiam que eu apitasse os jogos deles fora porque já sabiam a minha maneira de conduzir as partidas, recorda. Quando era em casa diziam: ‘Ponham-se a pau que ele vem aí hoje’. A lei da vantagem é muito bonita, mas é preciso saber aplicá-la no campo todo”, salienta.

Mas são as duas presenças na fase final do Campeonato da Europa – Alemanha’1988: União Soviética,3-Inglaterra,1, na primeira fase, e Suécia’1992: Suécia,2-Inglaterra,1, também na primeira fase – que recorda com mais orgulho, um marco na sua longa carreira de árbitro. E tem uma história curiosa para contar. Tudo aconteceu no Suécia-Inglaterra, dos quartos-de-final do Suécia’92. “A Inglaterra venceu por 2-1 e no final o Lineker, que fazia o último jogo pela seleção, abeirou-se de mim, disse-me que eu tinha feito um bom trabalho e deu-me a braçadeira de capitão. Não estava à espera. Fiquei muito orgulhoso por ele me ter oferecido a braçadeira. O meu filho tem-na guardada lá em casa. Tenho para ali muitas recordações, há é pouco espaço para tanta coisa”.

Fonte: casos.pt

Data: 21/06/2015
Local: casos.pt

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