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Terça-feira, Maio 07, 2024

Entrevista a João Sobrinho em 1977: «Não encontro palavras para explicar a atitude do Américo do Valongo!»

Ainda com o hematoma na vista direita, devido à agressão de Américo, jogador do Valongo, João Sobrinho, o internacional do Sporting, falou para a nossa reportagem, em Estremoz, enquanto actuavam as reservas do Sporting e do clube local.

– Como é que o Sobrinho pode explicar a atitude do Américo, pois pelo hematoma que se vê na sua vista direita, a pancada foi francamente forte. Resultou de um choque, foi com o stick, ou como é que isso aconteceu?

– Estou francamente decepcionado com a atitude do Américo. Digo mesmo que não encontro palavras para explicar tão desonesta maneira de actuar, pois ficou provado que se trata apenas de um mau desportista.

– Vamos então falar sobre o Sporting e as hipóteses neste nacional que começou há pouco e também sobre a presença do clube na Taça dos Clubes Campeões Europeus!

– A nível de campeonato nacional, estamos no começo, que até aconteceu da melhor maneira, com uma goleada sobre o Campo de Ourique, que veio da segunda divisão e que foi um tanto ou quanto surpreendida dentro do recinto de Alvalade. Claro que uma equipa que vem da segunda divisão e apanha um Sporting em força, certamente que tinha de sentir muitas dificuldades. A «Máquina» Sporting está francamente a evoluir de jogo para jogo.
Relativamente à Taça dos Clubes Campeões Europeus, reina o maior optimismo possível, e estou convencido que será este ano, que o Sporting trará a Taça e dará a maior alegria, a todos os seus adeptos em especial e aos seus dirigentes. É um título que está a demorar muito em vir para Portugal, mas francamente que espero que o Sporting vai resolver o assunto da melhor maneira. A Taça, virá para Portugal!

– Voltando ainda ao caso do Américo, no jogo frente ao Valongo, você não reagiu?

– Eu vinha em jogada com o Américo. Depois comecei a distanciar-me dele, e num repente, vejo-me estendido no chão sentindo forte dor na vista direita!

– Você reagiu a tão cobarde agressão?

– Não! Eu cai inanimado no chão! Aliás, nunca reagiria a uma agressão, porque sou acima de tudo um homem, também sou um desportista e francamente que atitudes daquelas, não são praticadas por homens e muito menos por desportistas, que estão ali para fazer desporto, representar dignamente o clube que servem, e não, para praticar agressões.

– Mas durante o jogo o ambiente estava a ser propício a que houvesse exaltação dos jogadores?

– Não. Não havia ambiente nenhum escaldante, tanto mais que a eliminatória estava resolvida, com o resultado feito em Lisboa, como sabe foi de onze-três. Por tanto nada justificava aquela atitude. Não sei se o Américo relativamente ao jogo de Alvalade, tem alguma queixa da equipa do Sporting. Da minha parte tenho a certeza que não houve nada de especial e com os meus colegas a mesma coisa. O encontro em Lisboa foi bem jogado, bastante correcto, de parte a parte. Porque o resultado terminou em onze-três, creio que não é motivo de forma alguma, a atitude como a que o Américo tomou em Valongo.

– Uma vez que o lamentável caso, da cobarde agressão do «hoquista?» Américo do Valongo está explicada em pormenor, e fica para «nosso arquivo», pois gostamos imenso do hóquei em patins, para aceitar que nele militem pseudo-hoquistas e péssimos desportistas, vamos falar de novo para o próximo grande momento que o Sporting e o hóquei português esperam viver. Das equipas que o Sporting vai defrontar quais as mais difíceis?

– Já conhecemos as duas equipas, pois foram as que calharam na época anterior. Tanto o Montreux como o Voltegrá, nos calharam de novo e creio que a primeira eliminatória frente aos suíços, será fácil, pois a turma de Montreux não está à altura do Sporting. Relativamente à equipa espanhola do Voltegrá, que é uma das candidatas ao titulo europeu, as coisas são diferentes. O ano passado perdemos por um golo, mas a verdade é que o factor sorte foi todo para os espanhóis. Pois espero que este ano, tudo seja diferente e que o factor sorte esteja agora do nosso lado, porque a sorte num campeonato como este conta muito, e por isso o Voltegrá está ao nosso alcance.

– Temos que o despique, que vai haver entre o Sporting e o Voltegrá, é uma espécie de Portugal-Espanha a nível de selecções!

– Estou certo que sim.

– Neste momento qual o valor da equipa do Voltegrá?

– Eu não sei como é que eles estão neste momento tanto mais que é o Vilanueva que comanda o campeonato espanhol. Talvez o Voltegrá esteja a fazer o campeonato deles, para não estar no cimo da classificação. É difícil saber como vão, pois eles têm o campeonato deles e nós temos o nosso. Direi mesmo que o encontro entre o Sporting e o Voltegrá é praticamente um Portugal-Espanha.

– Como encaram a possibilidade que têm de «trazer» finalmente para Portugal o único título que nos falta no hóquei em patins?

– Falo por mim e pelos meus companheiros, pois estou certo que eles não vão contra isso, pois o que se passa comigo também se passa com o resto dos elementos da equipa. É certo que estamos sobrecarregados com jogos, pois hoje jogamos em Estremoz, Sábado vamos para os Açores, fazer a final da taça contra o Oeiras, depois novamente o campeonato. No entanto, digo-lhe que nós quanto mais jogamos, mais nos apetece jogar e como tal, se o cansaço não vier, se não vier a saturação, estou convencido que na Hora «H» do encontro frente aos espanhóis, o Sporting estará com excelente disposição para o jogo.

– Neste momento, parece ser o Oeiras, outra equipa empenhada num torneio europeu o vosso Principal adversário!

– Pelo que se viu durante o desenrolar do torneio de Abertura, estou certo que sim. É uma equipa muito boa que apareceu remoçada, com muita força e tendo o Salema como «cérebro» torna-se realmente um adversário com que contar. Relativamente à presença do Oeiras na Taça das Taças, creio que o título está absolutamente ao seu alcance, pois é a melhor equipa, e desejo mesmo felicidade nos jogos que faltam realizar, para que a vitória seja portuguesa. Claro que a nível nacional, não podemos esquecer o F.C. Porto, pois também é um conjunto a considerar.

– E para terminar. Moral elevada para o encontro frente ao Voltegrá?

– Eu digo-lhe que sim. Dizer que não seria falsear a verdade. Podem todos os sportinguistas e afinal todos os portugueses estar certos que estamos moralmente preparados para vencer a Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Fonte: Revista «Golo»

Data: 30/03/1977
Local: Revista «Golo»
Evento: Entrevista ao hoquista João Sobrinho

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