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Sábado, Abril 27, 2024

Neste dia… em 2011 – Árbitros fazem greve ao Sporting

Sporting com sonolência, Domingos sem paciência

Houve árbitro, mas faltaram os golos. E o treinador começou a mexer logo na primeira parte. Sem resultados

Beira-Mar e Sporting chegaram a domingo sem saber quem ia apitar o jogo de Aveiro. O árbitro setubalense João Ferreira já tinha pedido escusa do jogo dos “leões” na quinta-feira à noite, um dia antes das declarações do presidente do Sporting, Godinho Lopes, em matéria de arbitragem.

Na sexta-feira o dirigente “leonino” disse existir “falta de respeito” pelo clube em arbitragens no Estádio de Alvalade e classificou aquilo que considerou “erros sistemáticos” como “incompetência” da parte dos árbitros.

Na primeira jornada, no empate em casa frente ao Olhanense (1-1), o Sporting sentiu-se lesado pela arbitragem de Carlos Xistra, árbitro de Castelo Branco que mereceu uma nota “muita insatisfatória” pelo desempenho em Alvalade.

No caso da escusa de João Ferreira, a CA da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) poderia, ao abrigo do ponto 11 do artigo 14 do regulamento de arbitragem, nomear um outro árbitro, mas a solidariedade entre os árbitros, ao recusarem arbitrar o Sporting tornou a situação mais difícil.

A recusa de João Ferreira e a solidariedade dos colegas deixaram a Comissão de Arbitragem de mãos atadas, sem árbitro para nomear. As duas equipas, por outro lado, não se conformaram e arranjaram as suas próprias soluções. Cada uma apresentou uma equipa de arbitragem – o trio proposto pelo Sporting seguiu mesmo de Lisboa na comitiva leonina. E da ausência de árbitros passámos à fartura.

A decisão ficou nas mãos dos delegados da Liga. Sérgio Cruz foi o nome indicado pelos leões, já foi árbitro mas esteve fora do país e de momento não tinha licença para apitar em Portugal. Assim, a opção recaiu em Fernando Martins, sugestão do Beira-Mar, juiz de escalão B da 1.ª categoria distrital da Associação de Futebol de Aveiro.

O episódio atrasou o início do jogo – nada de surpreendente. Dez minutos depois da hora marcada lá apareceu no relvado o trio de arbitragem. Vestido de azul claro, cor da camisola de Rui Rêgo (guarda-redes do Beira-Mar), que ainda foi obrigado a trocar de equipamento. Quando a bola começou a rolar já o atraso ia em 15 minutos.

Depois do jogo com o Nordsjaelland, Domingos garantiu que era um homem de paciência. “Não sou de estar a tirar este ou aquele jogador, a cada de jogo que passa, em função do rendimento que tenha tido.” Mas no onze para Aveiro apareceram três nomes novos: Matías Fernández (no lugar de André Santos), Van Wolfswinkel (Postiga) e Capel (Jeffrén, lesionado). Mais determinação, queria o treinador. Mais apatia, encontrou Domingos.

O primeiro remate do Sporting no jogo surgiu apenas aos 29 minutos, por Yannick Djaló. E saiu ao lado. Logo a seguir o avançado também foi para fora, mas do jogo, com a companhia de Matías. Domingos perdera a Paciência. Entraram Postiga e Izmailov, sem que a atitude da equipa de Alvalade mudasse muito. Sobrava apenas uma substituição, que teve de ser gasta logo ao intervalo. Rodríguez não resistiu a uma lesão muscular e Carriço teve de rendê-lo.

Desta vez sem braçadeira, o capitão apareceu na área do Beira-Mar, aos 47′, para mostrar como se fazia – cabeceou para as mãos de Rui Rêgo. Ficou o aviso. Postiga fez o mesmo já a meio da segunda parte, com mais perigo, mas teve resposta idêntica do guarda-redes.

Os traumas da época passada continuavam a pairar sobre o Sporting. Dominava sem conseguir marcar, atacava sem ser capaz de resolver. Diego Capel fazia o que podia pelo lado esquerdo – foi o melhor jogador leonino em campo – e aos 76 minutos podia mesmo ter marcado. Só que o calcanhar de Pedro Moreira estava lá, em cima da linha, para impedi-lo. Os leões não voltariam a ter outra oportunidade como esta. E o Beira-Mar também não assustou.

Sem as habituais 72 horas de descanso entre jogos, o problema do Sporting acabou por nem ser físico – excepto a lesão de Rodríguez. A diferença continua a estar na cabeça.

Resumo do jogo. Beira Mar (0-0) Sporting.

Fernando Martins, o árbitro de Aveiro: «Tive recepção fantástica»

Beira Mar-Sporting teve trabalhador da indústria sanitária como juiz; Fernando Martins explica que foi ao estádio «para ver o jogo»

Fernando Martins foi um dos protagonistas da jornada. Árbitro de Aveiro, foi o juiz improvisado para dirigir o Beira Mar-Sporting. Não quis falar sobre o encontro, mas admitiu que dormiu «tranquilo» e que teve uma «recepção fantástica» no trabalho.

O árbitro explicou um pouco do processo que levou à escolha para apitar a partida. «Chamaram-me para me apresentar junto do observador da Liga, fui ver o jogo normalmente», disse. «É verdade que havia outro árbitro, mas houve um diálogo de nível elevado e houve acordo em ser eu a dirigir o jogo».

Sérgio Cruz era o outro juiz que estava presente. Esta manhã, em declarações à rádio pública, o árbitro de Setúbal explicou que foi preterido porque «o Beira Mar apresentou uma equipa de arbitragem » e revelou: «Foi alegado que, pelo facto de eu ter deixado a actividade para ir para Angola, não tinha a licença actualizada.»

Apesar de confirmar a presença de outro árbitro, Fernando Martins recusou-se a responder a Sérgio Cruz. «Não faço comentários em relação ao outro colega, foi alguém que decidiu que seria eu, não fui eu que decidi», concluiu sobre o tema.

De qualquer forma, o juiz de Aveiro foi elogiado quer por aveirenses quer por leões. «Não falo sobre o jogo, mas posso dizer que dormi tranquilo, tive uma recepção fantástica no trabalho e já recebi muitos parabéns hoje», referiu o árbitro, de 43 anos, na pausa para almoço.

Na arbitragem há 19 anos, Fernando Idalécio Martins trabalha na indústria sanitária, é responsável pela secção de vidragem. Apita no distrital de Aveiro e, de acordo com o próprio, foi «o primeiro classificado da primeira categoria B» daquela associação. Faz, portanto, parte de um grupo que já não pode subir de divisão.

Data: 21/08/2011
Local: Estádio Municipal de Aveiro
Evento: Beira Mar (0-0) Sporting, CN - 2Jornada

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Comments

  1. HULK VERDE

    Neste país, só um cacique como o Pinto da Costa ou o Luís Filipe VIeira pode falar de árbitros e criticá-los, impedi-los de arbitrar jogos de FCP ou SLB, colocá-los de molho ou forçá-los a retirar-se, provisória ou indefinidamente.
    Aí os senhores da arbitragem piam fininho e encolhem-se.

  2. Rei Leão

    Se fosse agora faziam uma requisição civil ou punham a GNR a arbitrar o jogo. Isto realmente só connosco. Já nos aconteceu duas vezes. Sermos vítimas das arbitragens e dos árbitros e seu corporativismo com a complacência de quem manda.

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