Barómetro Audaz XIV – Unir o Sporting
A audácia é definida no Dicionário Priberam como um “impulso que leva a realizar atos difíceis ou perigosos”, ou um “comportamento ou atitude que contraria hábitos, costumes ou hierarquias”. Sinónimo de coragem, intrepidez e ousadia na primeira definição, e de atrevimento e insolência na segunda.
Ora, se não é um Sporting assim, audaz, que queremos, o que é que andamos aqui a fazer?
“Muito bem @BrunodC72. Que todos sigam o seu exemplo.” As palavras são de Miguel Cal, ex-administrador da SAD do Sporting Clube de Portugal, na sua conta de Twitter.
Entre outras coisas, Bruno de Carvalho referiu que espera que os Sportinguistas compreendam que os títulos vencidos pelo Clube pertencem ao mesmo, e não aos dirigentes que comandam os destinos do Sporting à data das conquistas.
Nada a dizer. É óbvio para toda a gente que os títulos serão sempre do Sporting Clube de Portugal, e que a vontade de todos os adeptos e sócios do Sporting terá de ser sempre a de que o Clube vença todas as competições em que participa, independentemente de quem o dirige.
Claro que num mundo ideal, as pessoas saberiam (até pela experiência) ver um pouco mais alem das prestações da equipa sénior masculina de futebol. Enquanto que a nossa equipa vai fazendo um excelente campeonato, muita coisa terrível se vai passando em redor do Clube.
A cada relatório financeiro que é lançado, vê-se que o Sporting serve de sustento a demasiadas bocas alheias e que nos tornamos progressivamente numa mutação daquilo em que têm tornado o nosso rival – vendemos jogadores, mas vemos apenas uma pequena parte desses valores. Isto é uma problemática que só irá acentuar, tendo em conta a quantidade de jogadores que vão sendo comprados sem totalidades do passe.
Mas pronto, já chegámos a uma altura em que as pessoas definiram a sua posição em relação a isto. Quem se importa, importa-se, e quem só quer saber do Sporting 90 minutos por semana, não mudará.
Voltando às declarações de Miguel Cal, ponto de partida para este texto, digo sem rodeios que se hipocrisia matasse, Cal estaria a brincar com o fogo ao aventurar-se nestas brincadeiras.
Miguel Cal fez parte de uma administração que, desde que assumiu a liderança do Clube, tem optado por uma política de terra queimada que visou especialmente Bruno de Carvalho e a considerável fatia de sócios e adeptos que se mantiveram firmes no apoio à sua Direção.
Os sócios contestatários são insultados, veem a voz ser-lhes retirada, levam com casos e polémicas falsas criadas para descredibilizar a contestação. (Quem se lembra dos vis ataques a Miguel Afonso e à sua filha, ou dos bandidos que gritaram “Alcochete Sempre” nos Açores? Alguém? Na altura fizeram sucesso, estes escândalos.) Isto tudo vindo de uma administração cujo lema de campanha era “Unir o Sporting” – imaginem se não fosse.
Até no universo digital do Sporting, são às dezenas (para não dizer centenas) os perfis falsos, criados constantemente com o propósito de atacar e insultar os sócios descontentes. Perfis obviamente falsos, que seguem padrões de atividade idênticos e são muito fáceis de identificar (talvez um dia escreva um tutorial sobre isso, para totós, de um totó).
Recentemente, passou-se no F.C. Barcelona (uma das poucas instituições desportivas mais tituladas que o Sporting Clube de Portugal) algo semelhante ao que mencionei no parágrafo anterior. Josep Maria Bartomeu, ex-presidente do clube catalão, foi acusado de pagar a uma empresa para esta criar perfis falsos que defendessem os seus interesses nas redes sociais. As acusações foram negadas, e eu não sou ninguém para acusar o Sr. Bartomeu de ser capaz de uma malandrice dessas. O que quero dizer é que até podem não acreditar em bruxas, mas que as há… há.
Vários desses perfis falsos vomitam insinuações sobre os apoiantes de Bruno de Carvalho não quererem o Sporting campeão nacional de futebol, por optarem pelo culto da personalidade antes do culto do Clube. A quem insinua isto relembro que foi durante a presidência de Bruno de Carvalho que:
- Se distribuíram flyers e outdoors quando a equipa se encontrava em primeiro lugar destacado;
- Se planeou fazer cair a direção com várias reuniões de bastidores, cuja influência para dentro de campo ainda está por se apurar.
Tem, também, havido quem use este eventual título de campeão no futebol como arma de arremesso e de comparação entre os mandatos de Frederico Varandas e Bruno de Carvalho. A esses, relembro que se tivessem realmente os interesses do Sporting Clube de Portugal em consideração, saberiam que o Sporting, em 2015/2016 foi o legítimo campeão nacional, privado desse título pelo “polvo vermelho”.
Miguel, se quer que todos sigam o (bom) exemplo de Bruno de Carvalho, comece pelos seus amigos dirigentes, que são quem tem feito menos pela união dos sócios em torno do Clube. Há mais exemplos que deviam seguir, mas podiam começar por este, realmente.
De falso moralismos e hipocrisia está o Sporting cheio. Não precisamos dos seus.