Barómetro Audaz XII – O Sporting Grande e o Sporting Pequeno
A audácia é definida no Dicionário Priberam como um “impulso que leva a realizar atos difíceis ou perigosos”, ou um “comportamento ou atitude que contraria hábitos, costumes ou hierarquias”. Sinónimo de coragem, intrepidez e ousadia na primeira definição, e de atrevimento e insolência na segunda.
Ora, se não é um Sporting assim, audaz, que queremos, o que é que andamos aqui a fazer?
Tenho, para mim, ser uma pessoa justa. E, como tal, não me sentiria bem em não dar os parabéns aos jogadores e equipa técnica pela conquista da Taça da Liga. Uma conquista meritosa, conseguida sob condições atmosféricas terríveis e com uma das arbitragens mais miseráveis dos últimos tempos.
A Taça da Liga pode ser a competição menos relevante do calendário competitivo do Sporting Clube de Portugal, mas tem vindo a ser organizada de forma a colocar frente a frente as equipas mais fortes do País (para que seja vista como mais relevante), ou seja, passando a Fase de Grupos, quase sempre o Sporting defrontará pelo menos um dos rivais.
Assim foi, desta vez, com o Porto (abordado no último Barómetro). No entanto, na Final, não defrontámos um rival, visto que o benfica foi eliminado nas Meias-Finais pelo S.C. Braga.
Este clube bracarense é das instituições desportivas mais peculiares que há. Além de ter Sporting no nome, e equipar de vermelho, a sua mascote é um guerreiro, à imagem do que vemos no emblema do seu maior rival.
Isto, por si só, é revelador da falta de identidade existente para os lados de Braga. E não me interpretem mal, não tenho prazer nenhum em “cascar” numa instituição desportiva com tantos anos de existência, eclética e que merece respeito. A questão é que para sermos respeitados, temos de nos dar ao respeito. E o Braga, na figura do seu presidente, do seu treinador e da maior parte dos seus jogadores, não se dá ao respeito dos Sportinguistas.
Fruto da incompetência que tem reinado em Alvalade na última década e meia, salvo um período de cinco anos em que nenhum clube pequeno tinha a ousadia de se pôr em bicos de pés para falar com o Sporting, criou-se uma narrativa de que a agremiação bracarense luta com o Sporting pelo lugar de “terceiro grande”.
A forma de lidar com este tipo de insinuação ridícula por parte dos fracos comentadores desportivos do nosso panorama, e dos ignorantes que repetem pelas redes sociais o que ouvem nas televisões, para se tentarem sentir engraçados e criativos, é desconstruir estas barbaridades de forma a não sobrar a mínima réstia de dúvida de que são isso mesmo… barbaridades.
O primeiro indício de que a ideia de que o Braga luta com o Sporting por um lugar de topo na hierarquia dos grandes clubes nacionais não passa de uma fantasia, é o complexo de inferioridade enorme, demonstrado a cada jogo disputado entre as duas equipas. Há sempre polémica, confusão e é sempre armada uma “peixarada” que não se vê com os dois reais rivais do Sporting Clube de Portugal.
Fora isso, fazendo uma análise histórica rápida, percebemos que o Braga é apenas o 7º clube com mais participações no principal escalão, e o 6º com mais pontos na história da competição.
O S.C. Braga é, também, apenas o 6º clube português mais titulado. Um 6º lugar, que só não é partilhado com o Vitória F.C. se quisermos contar a Taça Intertoto, cujo vencedor, em 2008, era decidido conforme a equipa que chegasse mais longe na Taça UEFA, após qualificação via Taça Intertoto.
Posto isto, o objetivo desta crónica não é denegrir um clube centenário, que merece o espaço e a visibilidade que conquistou no futebol português.
A crónica serve sim, o propósito de pôr certas personalidades no seu lugar, como os comentadores e cronistas cartilheiros (um exemplo, em baixo) que tentam enxovalhar o Sporting, colocando o seu estatuto de “grande” em causa.
Serve para relembrar os adeptos do S.C. Braga que têm de ganhar consciência de que há níveis de grandeza incomparáveis, e que nem é necessário recorrer a Modalidades extrafutebol para o provar.
Serve para relembrar o senhor Presidente do S.C. Braga que devia ser um pouco mais contido em certo tipo de comentários, tanto pela falta de moral que tem para acusar qualquer pessoa seja daquilo que for, como pela falta de noção que demonstra sempre que fala do Sporting Clube de Portugal.
Só tenho pena de, atualmente, o homólogo de António Salvador no Sporting ser igualmente caloteiro e embaraçoso para a instituição que representa.
Ah, e serve também para relembrar todos os treinadores e jogadores ex-Sporting que, inexplicavelmente, parecem ganhar ódio ao meu Clube quando passam a representar os guerreiros do Minho, que se aí estão, por alguma razão é.
Exactamente.