RUGIDO VERDE

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Sexta-feira, Dezembro 05, 2025

Barómetro Audaz I – Agarra que é bandido! Mas quem?

A audácia é definida no Dicionário Priberam como um “impulso que leva a realizar atos difíceis ou perigosos”, ou um “comportamento ou atitude que contraria hábitos, costumes ou hierarquias”. Sinónimo de coragem, intrepidez e ousadia na primeira definição, e de atrevimento e insolência na segunda.

Ora, se não é um Sporting assim, audaz, que queremos, o que é que andamos aqui a fazer?


Numa semana marcada por diversas polémicas, salta a palavra “bandido” à vista. Frederico Varandas usou a palavra para descrever o homólogo portista, respondendo às declarações de Pinto da Costa, que disse que se o presidente do Sporting se dedicasse à medicina, faria um favor ao Clube.

Esta troca de palavras motivou muita conversa na internet leonina. Acho importante destacar algo, que destaquei nas minhas próprias redes sociais também – a veracidade de uma declaração não está diretamente relacionada com a idoneidade de quem a profere.

Ninguém no Universo Leonino nega (penso eu) que o Sporting já sofreu na pele as consequências do modo de agir nada íntegro do presidente do F.C. Porto. Ninguém nega que Pinto da Costa e a ascensão do clube portista no panorama do futebol português estão associados a corrupção, tráfico de influências e tudo o que foi necessário para tornar o F.C. Porto num clube vitorioso a nível continental.

Posto isto, vi muitos adeptos leoninos preocupados com o ataque a Frederico Varandas – ultrajados até. Os acérrimos defensores de Varandas argumentam que as declarações de Pinto da Costa não passam de estratégia para dividir os adeptos do Sporting, que, aparentemente será uma ameaça à ida à Liga dos Campeões por parte do F.C. Porto. Fazem questão de relembrar que não esquecem os anos noventa, e tudo.

Amigos, isto esclarece-se facilmente, para quem quiser ficar esclarecido. Quem concordou com as declarações de Pinto da Costa, também sabe e se lembra disso tudo. Há é aqui duas coisas que falham em perceber: que é legítimo concordar que Varandas faria um favor ao Sporting se se afastasse dele, e que ninguém com relevância no Universo Leonino tem o à-vontade para dizer as coisas desta maneira.

Pinto da Costa e Varandas juntos na tribuna – ABola

É muito conveniente o discurso sobre estabilidade, sobre união e sobre a defesa dos interesses superiores do Sporting Clube de Portugal. É pena que a malta do “Eu sou é do Sporting, não sou de Presidentes”, não se tenha lembrado desse tipo de discurso durante os cinco anos em que o presidente do Sporting Clube de Portugal era atacado por todos os lados, na maioria dos casos com recurso a informação falsa. É conforme convém.

Agora, relativamente à resposta do presidente do Sporting, de facto, um bandido será sempre um bandido. É verdade, Frederico, aperta com ele, que é para ele saber que o presidente do Sporting não brinca em serviço. Mas depois faz o mesmo ao presidente do benfica, que atualmente é O bandido no futebol português. Ah, claro, várias frentes ao mesmo tempo não pode ser – é essa a desculpa, não é? Ou passará mais por algo como “O Sporting nem do caso e-toupeira recorreu, então é ridículo sequer pensar que o presidente do Sporting se virasse contra o presidente do eterno rival”?

No dia em que Varandas entrar ao ataque frente ao maior gangster que habita, atualmente, no futebol português, eu escrevo sobre a surpresa positiva. Até lá, terão de me ouvir dizer que o presidente do Sporting não passa de um boneco, subserviente ao presidente do benfica e que jamais arriscará tal afronta, porque sabe que está no mais alto cargo que alguma vez irá exercer, sem qualquer mérito, sem qualquer pingo de vergonha, e, tal como disse o “bandido”, a ser o maior beneficiário de um dos piores dias da história do Sporting Clube de Portugal.

Gostava ainda de tocar noutro tema quente da semana leonina, também com o seu quê de bandidismo, mas neste caso é mais autoflagelação. Com o mercado fechado em Portugal, o Sporting operou a primeira venda de um jogador contratado por esta Direção, num momento aguardado por todos os adeptos e sócios, que há muito auguravam negócios finalmente soltos da “herança pesada” que tanto tem prejudicado o trabalho da Direção atual.

Luciano Vietto veio parar ao Sporting no negócio da venda de Gelson Martins ao Atlético de Madrid. Já não vale a pena falar sobre como o Sporting não devia, por uma questão de honra e princípio, ter negociado a venda dos rescisores. Rafael Leão é a prova de que o Sporting devia ter ido para tribunal com toda a gente que se aproveitou do Clube para proveito próprio. Mas vamos fingir, por momentos, que a venda de Gelson se deu em condições normais.

Segundo o que é verificável nos Relatórios e Contas referentes a 2018/2019 e 2019/2020, o Sporting recebeu, pelo extremo, um total (arredondado à décima) de 19,5 milhões de euros. No entanto, alguém achou que faria sentido, no mesmo negócio, trazer 50% do passe do argentino Vietto por um total de 7,9 milhões de euros. Esse alguém, eu não sei quem foi, se foi o presidente do Sporting ou se foi alguém com mais poder que ele.

Na altura, expressei o meu descontentamento com o negócio, tanto pela razão acima apresentada (rescisão), como pelo valor escandaloso em que Luciano Vietto foi avaliado. Vietto vinha de uma época na Premier League, ao serviço do Fulham, em que marcou um golo em 22 jogos e estava avaliado no Transfermarkt (vale o que vale) em 7 milhões de euros. O Sporting pagou mais que isso por 50% do passe.

No entanto, houve quem aclamasse este negócio, porque Vietto vinha para ser um elemento diferenciador na Liga Portuguesa – do melhor do campeonato, disse-se. Nos fóruns da internet cheguei a ler que o Vietto vinha para “espalhar chocolate” no corredor central. Bem, depois de apenas quarenta jogos e nove golos achocolatados, o Sporting vendeu o argentino ao Al-Hilal e recebeu… 3,5 milhões de euros. Sem contar com o salário do jogador, analisando apenas os valores de transferência, o Sporting num ano conseguiu perder 4,4 milhões de euros nas transações deste jogador, vendendo o mesmo num período em que não pode contratar ninguém para o seu lugar.

Luciano Vietto marcou na despedida o seu nono golo em quarenta jogos – AFP

A única parte envolvida neste negócio que lucrou foi o Atlético de Madrid. Conhecidas as ligações, quem faz o dinheiro mover, e tudo mais, será possível achar que esta administração defende os interesses financeiros do Sporting Clube de Portugal? Esta foi apenas a primeira venda de um jogador que não teve origem na “herança pesada” – os resultados desportivos e financeiros ficam à vista.

Recupero uma última vez as declarações de Varandas. De facto, um bandido será sempre um bandido. Mas talvez seja importante para os Sportinguistas olhar primeiro para os bandidos que parasitam o seu Clube, antes de relembrar os bandidos dos anos noventa.

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Comments

  1. Carlos Alberto Gonçalves Pereira

    Se há um bandido (que usurpou a presidência do sporting) este chama-se vsrandas que como PdC disse “fará um grande serviço so sporting quando se dedicar à medicina” ,se é que varandas é mesmo médico, o qur eu duvido. Talvez fisioterapeuta?