Os altos e baixos da dívida do Sporting Clube de Portugal à Sporting SAD
Recentemente Bruno de Carvalho referiu-se, no seu programa “Comentário com Assinatura”, ao crescimento da dívida do clube para com a SAD, e as consequências disso.
De mãos dadas com este tema, está a independência financeira do clube, não só nos moldes atuais (detendo a maioria da SAD), mas principalmente num cenário de perda de maioria da SAD – este muito discutido atualmente e em uníssono por uma ala de pseudonotáveis.
Fui então debruçar-me sobre as contas da SAD, no que toca à evolução da dívida do clube, desde os primórdios até hoje, passando pelo último ano de Godinho Lopes, pelos mandatos de Bruno de Carvalho e até às últimas contas apresentadas pela SAD, já com Frederico Varandas, relativamente ao 3º trimestre de 2019/20.
Vamos então escrutinar isto.
Primeiro que tudo, é preciso relatar que o aumento da dívida do clube à SAD terá sido gradual, durante toda a era do apelidado “Projeto Roquette”.
Nos primeiros anos da SAD, desde o exercício findo em 1999 até 2006, a dívida do clube à SAD não era descriminada. Não é, portanto, possível fazer uma análise. Só tendo acesso ao balancete.
Mas podemos assumir que, no início da SAD, a dívida do clube a esta era de 0 (zero).
Nos anos seguintes de apresentação de contas da SAD, o primeiro valor que consigo verificar é então nas contas da SAD do ano 2006/07, onde a dívida apresentada já ia nos 22,742 milhões de euros.
Uns anos mais tarde, já em 30 de junho de 2012, e após um ano completo de Godinho Lopes na presidência do SCP, a dívida do clube à SAD já ia nos 41,958 milhões de euros, inscrito na rubrica “Outros Activos não correntes”.
Portanto, em apenas 5 anos, a dívida cresceu a “módica” percentagem de 84%.
Sim, é verdade! E não foi só Godinho.
A 30 de junho de 2013, no último ano de Godinho Lopes (este saiu em março de 2013), a dívida aumentou ainda mais 8,5%, para um valor recorde de 45,505 milhões de euros.
E eis que chega Bruno de Carvalho!
Após um ano de presidência, nas contas do exercício findo a 30 de junho de 2014, pela primeira vez o clube não aumentou a dívida. Esta manteve-se em 45,505 milhões de euros.
Um feito só por si extraordinário, que quebrava o aumento estapafúrdio da dívida ano após ano.
Mas Bruno de Carvalho não se ficou por aqui.
Fruto da reestruturação financeira levada a cabo na SAD, o clube também foi incluído nesta operação. Assim, em 30 de junho de 2015, a dívida do clube para com a SAD ficou reduzida a 65 milhares de euros (já não eram milhões). E passa para a rubrica de “Activos correntes”.
Em 30 de junho de 2016 a dívida volta a subir para 369 milhares de euros (mas não são milhões). E a 30 de junho de 2017 desce mais uma vez, agora para um valor de 223 milhares de euros:
Vamos então ao último ano de Bruno de Carvalho.
A 30 de junho de 2018, o clube terminava o exercício a dever 244 milhares de euros (não são milhões) à SAD.
Estupendo, não?
Como recebeu o clube e como o deixou. Muito, mas muito melhor!
Mas eis que a golpada em 2018 vinga, e a estratégia volta a virar-se do avesso.
Está de volta o Roquettismo!
Em apenas 1 ano, para o exercício findo a 30 junho de 2019, voltamos aos milhões.
A dívida do clube à SAD dispara exponencialmente em apenas 12 meses, para um valor de 4,516 milhões de euros.
Fantástico melga!
Mas a coisa não ficou por aqui.
Ainda falta saber as contas do exercício a findar agora a 30 de junho de 2020.
Mas para termos uma ideia que a coisa está muito preta, podemos analisar como está a situação ao final do 3º trimestre:
Sim! É mesmo isso que estão a constatar.
Um crescimento de praticamente 12 milhões em apenas 3 trimestres…
O clube saltou absurdamente para uma dívida de 16,309 milhões de euros. E ainda falta a desculpa do covid-19 para o 4º trimestre.
Não tenho outra expressão que não esta, para descrever o que se passa:
ISTO É UM ASSALTO!
Se reparem em 2017 e 2018 a SAD devia ao clube cerca de 5M, conseguiram em 21 meses estoirar esses 5M e ainda acrescentaram mais 16M de divida.
Gestão de gente de bem e agora já está, já está ….
Exato. Deixei esse tema para uma análise posterior. É escandaloso, e tem de ser obrigatoriamente explicado em AG do clube.