RUGIDO VERDE

Em modo telegráfico, para que melhor captem a dimensão do desastre, ficam as Highlights – 1º Semestre de 2019/20, que verdadeiramente interessam.

Uma pequena introdução, para falar em heranças, pois é muito importante que se lembrem destes números ao longo do restante texto. Em 2014, fruto da difícil herança recebida o CD em funções reduziu a totalidade dos gastos, dos 95M em 2012/13 para 56M em 2013/14. Sim, foi mesmo uma herança difícil, sem anéis nos dedos tiveram de trabalhar soluções e tomar decisões difíceis.

– Começando pelo resultado liquido, positivo de 2.9M, apenas foi possível pelas vendas de anéis, leia-se jogadores, foram 47.957M (Dost, Raphinha, Thierry, Podence) derretido em apenas seis meses para pagar despesa corrente. Sabendo que no 2º semestre as receitas operacionais são menores, está bom de ver que a receita da venda de Bruno Fernandes será derretida em gastos correntes nos próximos seis meses de forma a apresentar em 30/06/2020 um resultado próximo do zero. E agora que basicamente se acabaram os anéis?

– Aos salários, se retirar o efeito das indemnizações pagas no semestre, estão a reduzir e no final do ano serão cerca de 60M, com as indemnizações ficarão bem próximo dos 70M. Ou seja, os salários pagos são ao nível de um verdadeiro candidato ao título e estão muito longe da redução necessária, pelo que o mínimo exigível é que pelo menos estivessem na luta pelo titulo e a valorizar novos anéis;

– Os Fornecimentos e Serviços Externos em subida acelerada e descontrolada, quase 3M a mais que no semestre análogo, basicamente resultam do aumento das deslocações e estadias em jogos e dos trabalhos especializados, aumento considerável e incompreensível num clube com necessidade de reduzir, e muito, os seus gastos estruturais de forma a adequá-los aos seus rendimentos atuais;

– Pequeno aumento das vendas, fruto sobretudo do aumento na rúbrica dos direitos televisivos, boa notícia é que na comparação semestral não há grande queda, verificando-se até ligeiros aumentos nos patrocínios e bilhética;

– Nas amortizações, há uma redução de 2M, e prevejo que seja uma rúbrica que possa reduzir ainda um pouco mais fruto da desvalorização e venda dos jogadores mais valiosos, visível na diminuição do valor do plantel que vale agora menos 17M comparativamente ao valor em junho de 2019;

– O gasto em juros, uma das vantagens que tínhamos face aos rivais, regista um aumento em 6 meses de 2.5M, não é só preocupante: já é uma catástrofe;

– Outro enorme desastre (mas esse já o conhecíamos) são os quase 22% de gastos com a venda de jogadores, ou seja, gasto em comissões;

– Perante isto, não é de admirar que em seis meses as dívidas a fornecedores tenham aumentado 3M, são já mais de 50M que o próximo beneditino terá de pagar (desculpem, mas não resisti à piada, fácil, fácil);

– Uma referência à informação para idiotas que foi destacada pela Administração no ReC, a poupança de 35M como consequência do pagamento de 6M em indemnizações. Nem vou dizer mais nada sobre isto, pois considero um atentado à inteligência dos sócios;

– Outra situação que não canso de referir e que me causa muita preocupação, até pela falta de informação e justificação que existe, é verificar que o clube cada vez deve mais à SAD são já 14.5M. Demonstrativo que o futuro do clube, leia-se ecletismo e competitividade das modalidades, está cada vez mais comprometido e temo que já seja tarde demais para reverter a situação;

– Como a SAD não é a Santa Casa, protegeu-se da situação anterior e está a financiar-se adiantando receitas que, indiretamente, pertencem ao clube (SportingTv) 21.1M. Para bom entendedor, meia palavra basta…

Para finalizar, e um pouco fora do contexto, para lembrar que fevereiro era (digo bem, era) o mês em que habitualmente se fazia a AG para conhecer e aprovar as contas consolidadas e este é já o segundo ano consecutivo  que não se realiza, apesar de ser promessa eleitoral a apresentação e aprovação  atempada das contas consolidadas.

PS: Agora que chegaram ao final do texto volto a pedir que se lembrem do que escrevi logo no início sobre heranças difíceis, percebem o desenho?