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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Sporting Clube de Portugal… Ou a analogia perfeita de um país desgraçado

Ser Sportinguista e ser-se português são características revestidas de um estranho paralelismo. Há qualquer coisa de trágico e de “fado” nos caminhos de um e outro. Com História das mais brilhantes façanhas sempre que a arte e o engenho fizeram frente à necessidade de se afirmar perante um mundo sempre em evolução, os tempos mais recentes são um paradigma do abatimento geral e conformismo que infectaram ambas as populações.

Não se interprete mal esta sentença – ambas possuem nas suas fileiras gente com a mais elevada capacidade e valor. Mas, quiçá por lideranças absolutamente medíocres na maior parte da sua vida – especialmente nos últimos 50 anos em que ambas foram sujeitas a um extenso misto de incompetência e de acções danosas, propositadas, em seu prejuízo – estes dois povos habituaram-se à fraqueza, disfarçada aqui e ali por tiques da grandiosidade de outrora. Quando o orgulho de ambos é espicaçado ou melindrado, não é no foco, determinação, atitude e trabalho que se concentra a resposta – é nas discussões inócuas, os chamados “punhos de renda” em que ambos são useiros e vezeiros, e nos argumentos de façanhas históricas cada vez mais empoeiradas que ambos se aplicam.

Quando surgem aqueles indivíduos ou grupos que se assemelham a uma pedrada no charco do seu funcionamento social/civilizacional, rapidamente se desenterram os velhos do Restelo do costume, as múmias obsoletas travestidas de arautos de uma moral e razão superiores mas cujo currículo é de bradar aos céus no que toca a disparates, falhanços e total ou quase completa ausência de episódios felizes ou em favor das populaças.

Gente capaz e racional com propósitos bem definidos e disposição de trilhar caminhos difíceis mas necessários é instantaneamente demonizada, apelidada de megalómana ou bruta, de arrogante ou mal-educada. Inventam-se as mais imaginativas aldrabices e prosas com o único intuito de as descredibilizar. De as chutar para um canto. De as enterrar bem enterradinhas só por terem tido o desplante de desafiar o status quo que os tais arautos iluminados e os seus mecenas insistem em preservar, custe o que custar. E compreende-se o porquê. Ambas as populações geram dinheiro – muito dinheirinho do bom – e portanto têm que ser mantidas domesticadas e paralisadas ao máximo possível, de forma a manter o fluxo do vil metal nas direcções pretendidas. Sempre para o propalado bem comum claro está.

O mal de ambas não se resigna a apenas uma causa. Todavia, creio que há uma base para o tamanho “fado” que assola os destinos de ambas as “nações”. E essa base é a educação. Não apenas a educação no sentido estrito de conhecimento, de informação, de saber, mas também no sentido de saber pensar. De usar a lógica. De ser coerente e obedecer a um padrão de valores e a um código de conduta condizente com os objectivos a que se propõem. Não será de estranhar que duas populações cuja generalidade dos seus indivíduos prefere tecer loas a gente com cadastro ou passados pouco claros acabe por marginalizar pessoas como Bruno de Carvalho, Ana Gomes ou Paulo de Morais.

E enquanto assim for… Continuarão a lamentar-se do “fado”. Sem perceberem que o “fado” são elas mesmas.

por Valentino de Carvalho

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Comments

  1. Green Marquis

    Ao ver BdC ganhei esperanca que um dia aparecesse um “BdC” na politica…. mas depois da destituicão é claro que se fosse o caso seria destruido da mesma forma.

  2. jorge mendes

    um triste e doloroso fado que poucos souberam e não os deixaram, dar outra sonoridade, excepção aos 3 citados ainda vivos e 2 que já não estão JR e Sá Carneiro, temos de facto duas ” nações ” de serviçais e acéfalos e por isso, cada povo tem o país e o clube que merece.