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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Entrada em falso na Europa, numa estreia em grande estilo de Pedro Mendes.

PSV Eindhoven 3 – 2 Sporting

Depois de um resultado penalizador no Bessa, no passado domingo, a equipa agora orientada por Leonel Pontes tinha um desafio muito complicado na casa do PSV Eindhoven, o primeiro classificado da Eredivisie, em igualdade pontual com o Ajax.

O treinador Madeirense optou por fazer algumas alterações no sistema tático e na equipa inicial. Apostando num sistema de 4-4-2 com dois médios interiores, o lançamento de Miguel Luís assumia a intenção de privilegiar uma equipa com mais controlo e posse de bola. Por sua vez, Vietto faria parelha com o homem mais adiantado Bolasie, que havia dado indicações bastante positivas no Bessa.

O Sporting entrou seguro nesta primeira partida do grupo D da Liga Europa. Com um bloco bastante subido, o PSV esteve sempre bastante limitado nas transições defesa-ataque nos primeiros minutos. Ao mesmo tempo, as saídas para o ataque da equipa leonina faziam-se através de lançamentos rápidos para Bolasie ou Vietto. Sem criar bastantes ocasiões de perigo, sentia-se que o Sporting estava por cima da partida.
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Um pouco contra a corrente do jogo, à passagem dos 20 minutos, o Sporting sofre o primeiro golo. Após uma perdida de bola no ataque, rápido contra-ataque com lançamento longo para o avançado Malen, que a partir do corredor esquerdo flete para dentro e remata em arco para o fundo das redes, com a bola ainda a ressaltar no central Neto antes de chegar à baliza. Estava feito o primeiro para os holandeses, com assinatura do jovem avançado de 20 anos.

O Sporting tentou reequilibrar o jogo, mas o pior estaria para acontecer 5 minutos depois. Uma jogada simples com uma triangulação fantástica entre Malen, Ihattaren e Bruma, termina com este último a cruzar a bola para um auto-golo de Coates. Mais um momento desastrado para o central uruguaio do Sporting, provavelmente na sua pior fase desde que chegou a Portugal.

Depois do segundo golo, o Sporting tentava voltar a pegar no jogo, mas tal não se afigurava fácil perante um PSV extremamente dinâmico e eficaz no ataque. O Sporting exagerava, nesta altura, nos cruzamentos, mas sem uma referência de ataque, estas tentativas tornaram-se praticamente inconsequentes.

Aos 37 minutos, numa boa combinação no lado esquerdo do ataque do Sporting, Acuña faz um passe cruzado a lançar Bolasie que é derrubado na área por Jorrit Hendrix. O arbitro eslovaco Kružliak nem hesitou na marcação da grande penalidade. Bruno Fernandes assumiu a marcação e, num remate forte e bem colocado, reduz o jogo para 2-1. Estava relançado o jogo num penalty que pareceu caído do céu pouco antes do intervalo.

A segunda parte não poderia ter começado da pior forma para o Sporting. Numa altura em que se esperava uma entrada forte com o objetivo de atacar o empate, o Sporting sofre o terceiro golo aos 48 minutos. Na sequência de um canto do lado esquerdo, Baumgartl finaliza de pé direito bem no centro da área, perante a passividade do seu marcador direto Miguel Luís.

A equipa voltava a ter uma desvantagem de dois golos. Porém tentou sempre lutar contra as adversidades. Pouco depois do terceiro golo dos holandeses, aos 53 minutos, jogada de muito perigo para o Sporting. Após troca de bola entre os jogadores do Sporting, a mesma chega a Acuña que com um cruzamento bem medido coloca a bola na cabeça de Bruno Fernandes que por pouco não consegue bisar na partida, com o esférico ainda a bater no poste da baliza de Zoet.

O PSV não ficou satisfeito com esta vantagem e nunca deixou de tentar sair para o ataque. Aos 56 minutos, consegue chegar com muito perigo à baliza de Renan com um remate de meia distância de Malen para defesa apertada do guarda-redes brasileiro.

O Sporting criava sempre perigo através de iniciativas do seu capitão. Aos 57 minutos, através de um livre direto, Bruno Fernandes está muito perto de reduzir mais uma vez, com uma defesa apertada do guarda-redes do PSV.

O Sporting nunca desistiu e tentou sempre chegar à baliza do PSV e não conseguindo penetrar na defesa holandesa, insistiu bastante nos remates de longe. Aos 70 minutos, após uma transição rápida de Wendel, o médio brasileiro passa a Jovane Cabral (que substituiu pouco antes Vietto) que rematou à entrada da área à figura do guarda-redes. Logo a seguir, Bruno Fernandes apostou na mesma receita, com um remate do meio da rua a surpreender Zoet que pareceu em claras dificuldades para suster esta bola.

Não havendo duas sem três, aos 75 minutos novo remate de longe de Bruno Fernandes  (sempre ele). Numa jogada de insistência do ataque do Sporting, Bolasie combina com o médio português que tira um adversário do caminho e faz um remate frontal de pé esquerdo a 30 metros, com mais uma defesa atenta de Zoet. Na sequência da defesa, a bola sobra para Miguel Luís que não consegue finalizar. Pedia-se uma melhor definição neste lance por parte do médio centro formado da Academia de Alcochete.

O Sporting tentava tudo nesta altura da partida e o PSV parecia estar encostado às cordas. Aos 76 minutos, no seguimento de um canto, Coates assiste de cabeça o médio Jovane que finaliza forte mas com a bola a ir à figura do guarda-redes da equipa holandesa.

Aos 81 minutos, grande golo do recém-entrado Pedro Mendes! Numa eficaz receção de costas para a defesa, rodou sobre o central Baumgartl e fez um remate poderoso à entrada da área. Golaço do jovem leão que se estreia da melhor maneira. Já merecia o golo o Sporting!

Os últimos 10 minutos prometiam. O Sporting, no entanto, tentou sempre fazer as coisas mais com o coração do que com a cabeça. A jogada de maior perigo durante este período pertenceu ao PSV já na compensação, com um remate cruzado da autoria de Gapko para defesa de Renan Ribeiro.

Embora com boas indicações a espaços, a equipa do Sporting continua a evidenciar muitas fragilidades principalmente a nível defensivo. Prolonga-se assim o mau momento da equipa leonina com a terceira derrota em jogos oficiais esta época, quando ainda estamos no mês de Setembro.

Análises individuais:

Renan Ribeiro (Nota 5) – Sem ter sofrido golos por culpas diretas suas, parece estar abaixo das exigências para uma equipa como o Sporting. Frequentemente reage e chega tarde aos lances ou muitas vezes vemo-lo largar a bola, mesmo em remates aparentemente acessíveis. Ter estaleca para os penalties não chega.

Acuña (Nota 6) – Esteve em plano positivo sem deslumbrar. A nível defensivo cumpriu e a nível ofensivo nota para dois momentos, o passe que deu origem à grande penalidade conquistada por Bolasie e um cruzamento para a cabeça de Bruno Fernandes que por muito pouco não deu golo.

Coates (Nota 3) – Tem andado numa grande maré de azar. Depois de jogos anteriores menos conseguidos, hoje volta a ter uma tarde/noite negativa com um auto-golo que deu o 2-0 à equipa holandesa. Antes disso, fica marcado no primeiro golo, ao ser ultrapassado por Malen no início da jogada. É fundamental na estabilidade defensiva e por isso tem de melhorar rapidamente.

Neto (Nota 5) – Neto não esteve em grande plano. Esteve no primeiro golo do PSV com o remate a ressaltar no seu corpo, ainda que não tenha culpas diretas no lance. Teve também algumas dificuldades em impor o seu físico contra os avançados da equipa holandesa.

Rosier (Nota 6) – Vê-se que ainda não tem ritmo para aguentar os 90 minutos de uma forma consistente. Ainda assim mostrou competência a defender e tentou sempre explorar oportunidades de subir e ajudar no ataque.

Doumbia (Nota 4) – Mais uma vez atuou como médio mais recuado, o que não parece ser o ideal para as suas características. A quantidade de duelos individuais que perde é confrangedor. Também não acrescenta como primeiro municiador do ataque, arriscando muito pouco no capítulo do passe.

Wendel (Nota 6) – Um dos grandes problemas do Sporting é Wendel não entender que, no futebol, os momentos individuais com bola resumem-se a 4 ou 5 minutos por jogo. Nestes, Wendel é uma mais valia. No resto do jogo passa ao lado, não ajudando Doumbia nas missões defensivas nem o ataque na pressão alta. Tem potencial para muito mais.

Bruno Fernandes (Nota 7) – Está a um nível muito superior ao resto da equipa e, inevitavelmente, acabou por ser o melhor em jogo. Além do penalty bem convertido, nunca desistiu de procurar o segundo golo, estando bastante perto de concretizá-lo umas 3 ou 4 vezes.

Miguel Luís (Nota 4) – Não agarrou a oportunidade. Teve poucas ações relevantes a meio campo e ficou marcado em dois momentos, o primeiro quando falhou a marcação no terceiro golo do PSV e o segundo momento quando falhou de forma clamorosa o 3-2 para o Sporting, na recarga a um remate de Bruno Fernandes.

Vietto (Nota 4) – O regresso à equipa não correu de acordo com o desejado. Fez parelha com Bolasie no ataque, mas pouco acrescentou à equipa. Esteve bastante apagado e não conseguiu arranjar linhas de passe ou aparecer em zonas de finalização.

Yannick Bolasie (Nota 6) – Depois de uma boa estreia, não deu bom seguimento às indicações que tinha dado. Embora esforçado perdeu algumas bolas, como a que dá origem ao primeiro golo do PSV. Nota positiva para o penalty ganho, que permitiu ao Sporting reduzir para 2-1, antes do final da primeira parte.

Jovane Cabral (Nota 6) – Entrou com vontade no jogo e deu boas indicações a Leonel Pontes para os próximos jogos. Esteve em destaque com os seus remates aos 71 e aos 77 minutos.

Pedro Mendes (Nota 7) – Entrou aos 80 minutos e aos 81 minutos marca um golaço! Que melhor estreia se pode pedir? Já era bastante evidente que tinha qualidade para estar na equipa sénior e este golo veio acrescentar argumentos nesse sentido. Não se percebe a ausência de inscrição no campeonato.

Rafael Camacho (Sem avaliação) – Entrou em cima da compensação numa altura em que se impunham ataques rápidos. Não teve tempo para fazer a diferença.

Leonel Pontes (Nota 5) – Segundo jogo ao comando da equipa sénior, segundo jogo sem ganhar. Apesar das boas indicações dadas a espaços, a equipa parece não estar a evoluir de maneira suficientemente rápida, como todos desejaríamos. Parece insistir em alguns erros de casting como Doumbia, jogador que não dá segurança nem qualidade ao meio campo do Sporting. O calendário não pára e segunda-feira terá que “meter a carne toda no assador” para ganhar ao primeiro classificado da Liga NOS.

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Comments

  1. HULK VERDE

    Bom, quanto às avaliações individuais penso que ambos os centrais estiveram a um nível insuficiente, portanto atribuiria 4 a ambos. O Neto esteve mal na abordagem no 1.º golo, tem responsabilidade directa no lance, Coates indirecta. No 2.º golo o corte do uruguaio foi infeliz, mas a jogada foi de um lado ao outro do campo num ápice com toda a equipa a ver jogar e o único e último que a poderia interceptar foi ele, sendo que era um golo certo pois o avançado estava logo atrás.
    Relativamente ao Bruno Fernandes, dava um 6, produziu bastante mas no que fez também se incluem algumas más decisões e erros não forçados perfeitamente desnecessários e alguns comprometedores.
    Concordo na avaliação do desempenho dos restantes jogadores.
    Quanto à crónica, também me parece correcta, mas não creio que o Sporting tenha entrado bem no jogo de forma tão expressiva e consequente. Foi um ascendente inicial de posse e circulação de bola, mas pouco consistente e esclarecido, que se esboroou com as falhas na transição defensiva e de equilíbrio colectivo.
    Não foi um jogo muito surpreendente dada a conjuntura deste início de época, que se antevê complicada e espinhosa.